sábado, 5 de abril de 2025


Atualizada em 04/04/2025 - 14h07min
Martha Medeiros

O que o povo não sabe é que sou craque em me nutrir bem – só que sou uma gourmet de ideias. Passo o dia beliscando música, textos, entrevistas, conversas, postagens, humor

Fiz da minha casa uma delicatessen cultural.

Gilmar Fraga / Agencia RBS

Costumo ser a última a aderir a novidades. Entre minhas amigas, fui a última a ter smartphone, a última a entrar no WhatsApp, a última a ter um perfil no Instagram, o que não é surpresa para elas. No século passado, fui a última a ter videocassete, a última a ter um CD player, e já que estamos falando da pré-história, fui a última de nós a transar também.

Onde quero chegar? Comprei uma Air Fryer! Obrigada, obrigada. Os algoritmos também estão em festa. Não param de me enviar receitas de salmão, de frango, tudo para que eu me liberte das frituras e vire uma mulher moderna e saudável – já era hora.

O que o povo não sabe é que sou craque em me nutrir bem – só que sou uma gourmet de ideias. Prefiro pensar a me empanturrar de batata frita. Passo o dia beliscando música, textos, entrevistas, conversas, postagens, humor. Fiz da minha casa uma delicatessen cultural.

Trabalho em home office desde quando era um privilégio de poucos. Hoje, somos uma multidão sem ter um patrão vigiando a produtividade por trás de nossos ombros. A tradicional escapada para o cafezinho (pausa restauradora dos prisioneiros de escritórios) deu lugar a escapadas a todo minuto, sem vigilância. Daí que eu insiro vários “cafezinhos” entre as obrigações da agenda. 

Releio trechos de livros, assisto a entrevistas do Roda Viva e do Sem Censura, acompanho os comentários do Pedro Cardoso no Insta, pesquiso músicas novas para minha playlist, troco áudios quilométricos com os amigos que moram longe, confiro a programação do ICL 

Notícias, faço palavras cruzadas enquanto pego sol na sacada, sigo psicanalistas, jornalistas, poetas, filósofos e comediantes nas redes (já que não consigo evitar meu próprio sequestro, ao menos escolho bem os algozes), faço exercícios na sala com pesos, elásticos e caneleiras, me distraio com fotos de moda de rua, leio mais um pouco, saio para caminhar escutando as músicas que recém adicionei, consulto meu saldo no aplicativo do banco e descubro que sim, vai dar para viajar em junho. E volto para o trabalho correndo, porque ser feliz tem um preço.

Dispersiva, sim, mas bem alimentada. Não dedico meu tempo aos sabotadores da verdade – vou ao teatro e ao cinema quando quero ficção. Dieta balanceada é aquela composta de nutrientes valiosos: arte de qualidade, informação de boa procedência e uma pitada de ousadia, que para caretice tenho apetite zero.

Adquiri uma Air Fryer porque minha cozinha não mudou quase nada desde 1988 e tenho uma reputação a zelar. Mas não consumo qualquer babado só para me sentir atualizada. Ainda prefiro textos longos, amigos reais e políticos que desapontam, mas não são insanos. Serei a última a aderir à morte da minha cuca. 


Passeio sem volta

As estradas, que deveriam servir para aproximar existências, só têm interrompido sonhos. O novo palco do terror é o Acesso Rota do Sol, na altura do km3, no Vale do Taquari.

Sete alunos do Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) morreram, dos 35 ocupantes de um ônibus de excursão, que se dirigia ao Cactário Horst, o maior cactário da América Latina, em Imigrante (RS), a 140 quilômetros de Porto Alegre.

As vítimas - seis mulheres e um homem - ainda não foram identificadas. O veículo capotou em uma ribanceira, às 11h15min de sexta-feira. Numa curva, teria perdido os freios, saindo da pista pelo lado esquerdo. O ônibus andou cerca de cem metros fora da faixa.

Vinte e seis pessoas estão feridas, com fraturas múltiplas.. Havia estudantes e professores do curso de Paisagismo, além do motorista.

Venho chamando atenção para o estado lamentável das nossas vias, agravado depois das enchentes. Quem passa pela Rota do Sol já sabe dos riscos. Aliás, a estrada nem poderia ter esse nome, mais próxima de um Vale das Sombras e da Morte - esburacada, precária, sem as devidas muradas de segurança. Mesmo não sendo a pivô desse acidente, basta um problema técnico e não há escapatória. Em outro trecho, em Itati, no fim de janeiro, cinco pessoas morreram, incluindo um menino de nove anos, após colisão entre caminhão do Corpo de Bombeiros e um carro.

Santa Maria revive as feridas do luto da boate Kiss (2013) e de dois professores universitários assassinados em assalto em Mato Castelhano (RS), em julho de 2024. São perdas consecutivas envolvendo a UFSM, a principal universidade da cidade.

O Rio Grande do Sul testemunha a repetição de uma tragédia em rodovia. Há seis meses, também sete adolescentes, atletas do clube Remar para o Futuro, de Pelotas (RS), sofreram um acidente fatal na BR-376, em Guaratuba, no Paraná, que causou ainda o óbito do coordenador técnico, Oguener Tissot, e do motorista.

Se, no Paraná, uma carreta sem freios atingiu a traseira da van que transportava a equipe esportiva no retorno ao Estado depois de competição em São Paulo, agora a falta de freios no ônibus resultou no desastre em Imigrante.

O que era para ser uma dia memorável, aquela viagem anual para quebrar a rotina da sala de aula, uma atividade prática em contato com a natureza, uma celebração com os orientadores, uma expedição científica entre as imensas estufas com 2 mil espécies de plantas divididas entre cactos e suculentas, tornou-se um passeio macabro e sem volta para vocações curiosas e ávidas pelo conhecimento.

Ficam os espinhos infeccionando o coração das famílias, desamparadas com a precocidade do adeus.

Não tem como suportar a inversão do ciclo da vida e enterrar os próprios filhos. É o deserto do futuro. _

CARPINEJAR
 05 de Abril de 2025
APÓS LEI MARCIAL

APÓS LEI MARCIAL

Impeachment é confirmado, e Coreia terá nova eleição

O tribunal constitucional da Coreia do Sul confirmou na sexta-feira o impeachment do presidente Yoon Suk-yeol, quatro meses após ele mergulhar o país em uma crise ao declarar lei marcial.

Os juízes concluíram que não havia necessidade de lei marcial. A norma suspendia atividades políticas e liberdades civis e levou militares às ruas da capital, Seul, que chegaram a invadir o parlamento.

Um dos advogados do ex-presidente chamou a decisão de "completamente incompreensível" e "puramente política".

A decisão abre caminho para novas eleições presidenciais, que devem ser realizadas em até 60 dias. Até lá, o país seguirá governado interinamente pelo primeiro-ministro Han Duck-soo, que também foi alvo de impeachment, mas o processo foi anulado pela Justiça.

- Farei o máximo para administrar a próxima eleição presidencial de acordo com a constituição e a lei, garantindo uma transição tranquila - disse Han.

Opositor é favorito

Pesquisas apontam que Lee Jae-myung, líder do Partido Democrata, principal legenda liberal de oposição, é o favorito para se tornar o próximo presidente do país. _



05 de Abril de 2025
MARCELO RECH

Trump, o antiglobalização

Não deixa de ser uma cruel ironia que os manifestantes de esquerda que bradavam contra a globalização nos anos 1990 tenham encontrado em Donald Trump o algoz da ordem econômica mundial vigente até a quarta-feira passada.

Para lembrar. A globalização é um fenômeno que remonta à era das grandes navegações, mas foi a partir do fim da União Soviética, em 1991, e do surgimento da internet que as economias se tornaram interdependentes, com produções descentralizadas, e aceleraram os acordos de livre-comércio, como a União Europeia, o Mercosul e o Nafta.

Sem norte desde a ruína do Muro de Berlim e a conversão da China em ditadura capitalista, boa parte da esquerda ocidental abraçou o discurso contra a globalização - e, por consequência, contra o capitalismo representado pelo livre trânsito de mercadorias. Os ativistas antiglobalização, recorde-se, clamavam contra multinacionais que plantavam fábricas no mundo subdesenvolvido em busca de reduções de custo e acusavam "Exploração, espoliação!".

É igualzinho ao que Trump vociferou esta semana no Jardim das Rosas, na Casa Branca, embora, pela visão trumpista, o explorado seja o ingênuo povo dos EUA. Ironia das ironias, Trump levou à cerimônia um sindicalista de Detroit para defender sua muralha contra o livre-comércio. Sinal dos tempos, o ataque a organismos internacionais e blocos econômicos, como a UE, se tornou parte da agenda da extrema direita mundial.

Uma vertente da antiglobalização se instalou em Porto Alegre nos anos 2000, nos Fóruns Sociais Mundiais, com o mote de "um outro mundo é possível". Os fóruns tinham uma agenda difusa, quando não confusa, mas o que se viu esta semana, duas décadas depois, é que coube a Trump criar um outro mundo na esteira de sua fúria antiglobalista e contra os organismos multilaterais, ainda que com o sinal trocado daquela esquerda.

Um dos seus alvos é o mesmo dos manifestantes de dezembro de 1999, quando milhares de irados esquerdistas promoveram a chamada Guerra de Seattle, onde se realizava a conferência da Organização Mundial do Comércio. A OMC é hoje o altar para se depositar os protestos contra as tarifas nos EUA - o governo Lula, por exemplo, pensa em recorrer ao organismo. Trump, porém, cumpriu o sonho daquela esquerda e esvaziou a influência da OMC, por sinal.

Nos anos 1990, os manifestantes denunciavam a exploração de "povos oprimidos", em boa medida pelos acordos comerciais que favoreciam as chamadas cadeias integradas da produção. Duas décadas depois de a globalização ter retirado centenas de milhões da mais absoluta miséria, os povos de Índia, Vietnã e Indonésia estão entre os mais atingidos pelas tarifas de Trump. Tudo o que eles desejariam agora era mais globalização e menos ironias históricas. _

MARCELO RECH

05 de Abril de 2025
ANDRESSA XAVIER

Estádios lotados

Imagine a preocupação de uma mãe e de um pai esperando por mais de um ano um especialista para atender o filho que tem sintomas de algo que eles não fazem ideia do que seja. Eles só querem um diagnóstico para saber como lidar e tratar. Agora pense na pessoa que precisa de um oftalmologista e vai ter que ficar meses aguardando uma simples consulta. A mulher que notou que tem algo errado no seu corpo, mas não consegue investigar sem o encaminhamento ideal. O idoso com dor constante no quadril. A capital gaúcha tem 200 mil casos como esses, com muitos detalhes e especificidades que não consigo trazer aqui.

A fila do SUS em Porto Alegre, como mostrou a reportagem da Lisielle Zanchettin nessa semana, é de 206.267 consultas. Se fosse uma fila presencial, encheria duas vezes o Beira-Rio e mais duas vezes a Arena ao mesmo tempo, mas sem torcedores, e sim pessoas sentindo dores e aflições. Como se fosse pouco, ainda há 167 mil exames represados. É como se quase toda a população da cidade de Alvorada saísse de casa e formasse uma fila. Há um temor sempre pairando no ar de que, quando esses pacientes forem enfim chamados, já tenham morrido. Medo que tem fundamento, já que há casos de espera de cinco anos. Cinco anos!

Se a fila fosse física, com as pessoas amontoadas esperando em linha, talvez nos fizesse ficar mais chocados, mas como a gente não vê ela é abstrata, é distante. A não ser que seja alguém da nossa família ou do círculo de amizades sofrendo nessa espera, seguimos a vida normalmente. Sabemos todos que a responsabilidade não é somente do município, mas do Estado e do governo federal. Os três precisam atuar juntos e investir para que os pacientes não esperem por meses ou anos um atendimento de 15 minutos.

Não vejo luz no fim desse túnel a curto prazo. Sinto a saúde como um problema sem solução, mesmo estando à beira do colapso. Um emaranhado do qual não conseguimos sair. Uma lama que prende os pés e não nos deixa caminhar.

O que a população precisa como resposta é quando o tema será tratado com a agilidade que merece. Essas filas são cruéis e expõem uma realidade bem nossa, que precisa ser enfrentada.

No fim das contas, as pessoas só precisam de um prazo mais curto e de um atendimento de qualidade. Parece simples e é um direito básico, mas estamos sempre atolados de problemas e burocracia que nos impedem de resolver. Já ouvi inúmeros candidatos a tudo prometendo "melhorar a saúde". Assim mesmo, de forma vaga, sem projeto, sem plano, sem prazo. Até lá vamos mofando nas filas, esperando leitos, esperando atendimento, esperando consultas, esperando viver até chegar a nossa vez. _

ANDRESSA XAVIER

05 de Abril de 2025
OPINIÃO RBS

Tarifaço, contenção de danos e oportunidades

A escalada da guerra comercial desencadeada pelo tarifaço promovido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, põe a economia global na rota de uma crise cuja gravidade está distante de ser bem compreendida e dimensionada. São poucas as certezas. Uma delas é a de que, em conflitos do gênero, não há ganhadores, embora possam existir países que saiam menos machucados da contenda. Outra é a de que a ordem internacional está sendo redesenhada.

Diante dos riscos à frente, mas também da dificuldade de prever desdobramentos, os mercados acionários derretem pelo mundo, o petróleo despenca e o dólar tem oscilações bruscas para cima e para baixo. No radar está a possibilidade de uma combinação não usual de inflação pressionada junto a uma recessão. 

Após Trump anunciar a taxação de importações de 185 nações ou territórios, a China, segunda maior economia do planeta, retaliou e impôs tarifas de 34% a todos os bens norte-americanos. A resposta agrava a instabilidade e os temores de aprofundamento dos efeitos deletérios da guerra comercial, como a paralisação de investimentos produtivos, a interrupção de cadeias, com reflexos nos custos, e um freio brusco na economia global.

O Brasil ficou na lista dos menos atingidos, com uma taxa de 10%. Imediatamente surgiram estimativas de que o país poderia acabar beneficiado, abocanhando parte do mercado norte-americano hoje ocupado por nações que terão tarifas bem maiores. Até pode ser, mas ao mesmo tempo existe a possibilidade - com precedentes - de o excedente de produção de grandes exportadores da Ásia ser desovado em outros mercados. O Brasil, pelo porte, tende a ser um destino preferencial. Paira uma ameaça, portanto, sobre setores industriais do país.

Resta ao Brasil, em um papel a ser protagonizado pela diplomacia profissional, trabalhar para reduzir danos. Convém persistir no caminho da negociação bilateral com a Casa Branca, para reforçar que não passa pelo país o problema do déficit comercial dos EUA. Os norte-americanos são superavitários nas trocas comerciais com o país. 

O Congresso aprovou durante a semana a chamada Lei da Reciprocidade, que dá instrumentos de retaliação. Seu uso ou qualquer revide aos EUA, no entanto, devem ser muito bem pensados para que, ao fim, não prejudiquem ainda mais a economia nacional. Taxar produtos norte-americanos pode significar importar inflação. São estudadas alternativas na área da propriedade intelectual e de quebra de patentes.

Mas crises também são oportunidades. Diante da postura protecionista e isolacionista dos EUA, faria bem o Brasil se fosse na direção contrária, de maior abertura. Deve-se redobrar a aposta no acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Atingido por Trump, o bloco do outro lado do Atlântico tende a ambicionar mais o tratado. 

Em recente passagem de comitiva governamental brasileira pelo Japão, voltou-se a falar sobre uma aliança entre os sul-americanos e o país asiático. Mais nações passarão a ter novos incentivos para buscar alternativas à nova postura norte-americana. É hora de se esforçar para reduzir estragos imediatos e planejar nossos passos para proveitos futuros. 



05 de Abril de 2025
ACERTO DAS TUAS CONTAS - Giane Guerra

No chão da fábrica

Há muito tempo, a automação das fábricas busca, além de reduzir custo, claro, enfrentar o problema da falta de mão de obra. Agora, a inteligência artificial também tem esse objetivo, aprendendo com os humanos e potencializando o que eles fazem, para reduzir o tempo que leva uma atividade e ampliando sua repetição. Além disso, aqui na feira de Hannover, na Alemanha, está se pedindo para facilitar a migração de estrangeiros qualificados para trabalharem na indústria. Para quem está planejando carreira, vale ficar atento a estas oportunidades, buscando emprego e qualificação onde se precisa.

Preparação de mão de obra é missão da nova diretora-geral do Senai/Sesi-RS, Susana Kakuta, que integrou a missão a Hannover. Entre as iniciativas do Brasil citadas por ela, a mais interessante - dado o momento econômico e político mundial - é um projeto para buscar para indústrias gaúchas trabalhadores deportados dos Estados Unidos de volta ao Brasil. Um piloto deve ser lançado em uma empresa de Erechim.

Outro programa no qual ela aposta é no Soldado Cidadão, já em execução, capacitando para uma profissão jovens que estão no Exército. Também na missão empresarial, o gerente-geral do Sesi/Senai-RS, Márcio Basotti, está em busca de ideias no projeto com salas de aula em carretas de caminhões para levar o ensino profissional a cidades de todo o interior gaúcho.

Há oportunidade de ensino e emprego sobrando, vamos arregaçar as mangas?

Um desafio gigante da indústria é tornar-se atrativa para as novas gerações. Neste sentido, a coluna exalta o SESI Lab, espaço de ciência, tecnologia e arte bem na área central de Brasília. Nele, crianças (e adultos que as acompanham até quando as pernas aguentam) passam horas brincando em dezenas de atividades ligadas à física, matemática, química e tudo mais que envolve o processo industrial. É cativante e - perdoem o lugar comum - ensina brincando. _

* A coluna viajou a Hannover a convite da Fiergs.

Projeto em espera

Expectativa era de que o projeto de R$ 105 milhões do Senai-RS com a Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) trouxesse algo como o Sesi Lab de Brasília para Porto Alegre, além de ser espaço de formação de pesquisadores e parcerias tecnológicas. O projeto, porém, está parado na definição de terreno.

A área que era para o Teatro da Ospa deixaria a obra cara, diz o presidente da Fiergs, Claudio Bier. O prefeito Sebastião Melo ofereceu área no Largo da Epatur, mas também não é considerada adequada. _

Ensino no agro

Falando em qualificação, um polo do agronegócio, o norte gaúcho, terá um centro de educação da WebSilos em Soledade para formar profissionais - da operação à diretoria - para trabalharem em silos e armazéns de grãos. Os salários no setor vão de R$ 2,5 mil a R$ 8 mil no Rio Grande do Sul, que, aliás, tem perdido mão de obra para o Mato Grosso, onde a remuneração vai de R$ 4,5 mil a R$ 18 mil.

- Está mais complicado armazenar grãos, modificados geneticamente para ter mais óleo. Manejo, limpeza e cuidado são diferentes. Equipe qualificada tem menos acidentes, perdas de grãos e estrago em equipamento - diz o CEO Eduardo Monteiro. _

Espaço dos orgânicos nas prateleiras

Nos mercados, lojas, farmácias e no menu dos restaurantes, os alimentos orgânicos têm prateleiras, espaços e selos especiais com a identificação "Bio". Até mesmo o cardápio de cervejas sinaliza aquelas bebidas que foram produzidas sem agrotóxico. Na Alemanha, há supermercados que vendem apenas orgânicos. A maior rede, por exemplo, tem 400 lojas. Em Nuremberg, a feira Biofach tem apenas expositores de comida orgânica e são mais de 2 mil. _

Metrô pontual

Hannover, no norte da Alemanha, é uma cidade com menos da metade dos moradores de Porto Alegre, mas tem várias linhas de metrô de superfície e subterrâneo. O que mais apaixona a coluna é a frequência e a pontualidade dos horários. Em tempo, os fios de energia são subterrâneos, sem aqueles emaranhados nos postes aos quais tentam nos acostumar.

Gasolina e diesel

Temor de a economia cair na guerra comercial derruba o petróleo. Mas Petrobras mexe em preço de gasolina e diesel só quando a cotação acalma, evitando oscilação.

ACERTO DAS TUAS CONTAS


05 de Abril de 2025
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

Acusado de matar colombiano vai a júri

Oito anos após a morte do estudante colombiano Eduardo de la Hoz, durante briga de condomínio em Porto Alegre, o autor dos disparos, o bombeiro Tiago Lamadril Borges, será julgado na segunda-feira, na 2ª Vara do Júri do Foro Central da Capital.

À época vizinho de Eduardo, o soldado é acusado de homicídio qualificado. Acompanhei a história como repórter desde o episódio trágico, em 2017. Escrevi à época uma reportagem especial, intitulada "A vida e a morte de Eduardo", publicada em várias páginas de ZH, detalhando como uma discussão de condomínio terminou em desastre. O motivo da briga: o desaparecimento de uma bicicleta.

Natural de Barranquilla, norte da Colômbia, Eduardo fazia mestrado em História na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), desde 2015.

O crime foi em 16 de fevereiro de 2017, quando o jovem de 29 anos questionou o subsíndico do prédio onde morava, na Avenida Cristóvão Colombo, sobre o sumiço de sua bicicleta na garagem. Após a discussão, outro morador do prédio, o soldado Borges, teria confundido o colombiano com um ladrão e, armado, deu ordem de prisão. Segundo a versão da defesa do bombeiro, Eduardo não teria atendido. Borges disparou dois tiros que atingiram o jovem. Eduardo ficou internado sete meses (dois deles em coma), até morrer, em 24 de setembro.

Desde então, a família busca Justiça. A mãe de Eduardo, a advogada e assistente social María del Carmen León, acompanha o caso em Barranquilla, onde mora. Gostaria de estar no júri, mas foi orientada a priorizar a saúde - ela precisou de acompanhamento psiquiátrico após a morte do filho.

Eduardo era um jovem historiador que foi vítima de xenofobia e racismo no Brasil - diz ela à coluna.

Em junho, ela pretende vir a Porto Alegre para receber o diploma de mestre do filho, que estava prestes a concluir a pós-graduação e iniciar doutorado na Suécia. O irmão de Eduardo, Hector de la Hoz, que mora em Florianópolis, estará no Fórum.

A vida nunca voltou ao normal. O tempo parece ter parado naquele momento. Natais, viradas de ano, carnavais, aniversários, nada voltou ao normal - conta Héctor.

A família é representada pelo Ministério Público (MP-RS). Procurada, a defesa do réu, a cargo da advogada Tais Martins Lopes, disse que só irá se manifestar após a decisão do júri. O soldado Borges responde ao processo em liberdade. _

Cooperativa terá equipamento que identifica 30 tipos de plástico

A Cooperativa de Trabalho e Reciclagem Campo da Tuca (Coopertuca) será a primeira do RS a participar de projeto inovador de triagem de resíduos. A iniciativa permitirá o uso de um espectrômetro portátil - equipamento que identifica até 30 tipos diferentes de plástico.

O dispositivo integra o programa "Cooperativas Mais Tecnológicas", da BASF, para aprimorar a triagem de plásticos para reciclagem. _

Entrevista - Romeu Zema - Governador de Minas Gerais

"Acho que Bolsonaro não teve nada a ver com isso"

Entre os nomes que se apresentam como possíveis candidatos à Presidência nas eleições de 2026 está o do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Ele conversou com exclusividade com a coluna na sexta-feira, antes do painel Qual o futuro do Brasil?, que compartilhou com o governador Eduardo Leite no Fórum da Liberdade, na Capital.

Para 2026, há vários nomes de possíveis candidatos. Como é que o senhor avalia o atual cenário?

Acho que da diversidade se extraem boas coisas. Em uma democracia, quanto mais diversos os candidatos, melhor. Temos de escutar todos. Cada linha tem a sua contribuição a dar. Vejo como muito positivo. Agora, o Brasil precisa de gestão. Somos um país que, na minha opinião, nunca deveria ser o que tem mais ministérios no mundo. Não é quantidade que leva. É você trabalhar duro que faz isso. E aqui, no Brasil, parece que estamos confundindo o Estado grande com o Estado bom.

? O senhor acredita que é possível reverter a inelegibilidade do ex-presidente Bolsonaro?

Acredito que sim. Vejo que as acusações contra ele muitas vezes não procedem. Espero que seja revertido.

? Um dia depois do STF tornar Bolsonaro réu, o senhor publicou mensagem de apoio ao ex-presidente. Ele teve relação com os atos do 8 de janeiro?

Ele inclusive não estava no Brasil. Acho pouco provável. Aquilo ali foi uma manifestação, como já tivemos centenas no Brasil, de caráter popular e incorreta. Sou totalmente contrário a qualquer manifestação que deprede, que cause vandalismo. Manifestação, para mim, tem de ser ordeira. Vai para praça, grite, faça o que achar adequado, mas sem afetar patrimônio e o direito de ir e vir das pessoas. Acho que ele (Bolsonaro) não teve nada a ver com isso. Os atos do 8 de Janeiro foram uma ameaça à democracia?

Foram um ato de vandalismo. Nunca vi qualquer tentativa de golpe de Estado no mundo onde idosos participaram, mulheres desarmadas, como dia 8 de Janeiro. Pessoas que estavam lá insatisfeitas fizeram errado, precisam ser condenadas, pagar as penas, as multas, mas não pena de 14 anos.

Como o senhor avalia a atuação do STF no caso?

Parcialidade total. Um julgamento político. O que aconteceu com manifestantes que já entraram em ministério, do MST, em anos anteriores? Tem alguém detido? É um tratamento totalmente desigual e, nesse último caso, desproporcional. Todo ato de vandalismo precisa ser punido, mas não com pena de 14 anos.

Se Bolsonaro conseguisse reverter o processo de inelegibilidade e pedisse apoio ao senhor. Abriria mão da candidatura para apoiá-lo ou aceitaria convite para ser vice?

Tem de ficar muito claro aqui: tenho um projeto para o Brasil, e não um projeto para o Romeu Zema. O que quero é um país bom, um país que se desenvolva, que acabe com a corrupção no que for possível. Esse é o Brasil que sonho. E o presidente Bolsonaro é, mesmo que não gostem dele, o maior líder da direita. E ele, sendo um candidato, teria, sim, o meu apoio. Quero um Brasil melhor, independentemente de cargo. Me considero mais empreendedor do que político. Tenho muito o que contribuir se eu passar para o outro lado do balcão ainda.

O que o senhor acha do projeto de anistia dos manifestantes do 8 Janeiro?

Deveríamos ter no Brasil Justiça imparcial. Parece que, como não temos, precisamos apelar para alguma coisa que se chama anistia. Mas aquelas pessoas que depredaram o patrimônio público, na minha opinião, devem seguir a lei ao pé da letra. Devem pagar pelo que fizeram. Agora, falar que estão contra a democracia, aí é interpretação e não do que está na lei. Houve depredação de patrimônio público. Pague por isso, de acordo com a lei. Agora, falar que é golpe de Estado, que uma mãe de dois filhos, cabeleireira, está conspirando contra a democracia, parece um grande exagero. _

INFORME ESPECIAL

Postagem em destaque

Atualizada em 04/04/2025 - 14h07min Martha Medeiros O que o povo não sabe é que sou craque em me nutrir bem – só que sou uma gourmet de idei...

Postagens mais visitadas