Acusado de matar colombiano vai a júri
Oito anos após a morte do estudante colombiano Eduardo de la Hoz, durante briga de condomínio em Porto Alegre, o autor dos disparos, o bombeiro Tiago Lamadril Borges, será julgado na segunda-feira, na 2ª Vara do Júri do Foro Central da Capital.
À época vizinho de Eduardo, o soldado é acusado de homicídio qualificado. Acompanhei a história como repórter desde o episódio trágico, em 2017. Escrevi à época uma reportagem especial, intitulada "A vida e a morte de Eduardo", publicada em várias páginas de ZH, detalhando como uma discussão de condomínio terminou em desastre. O motivo da briga: o desaparecimento de uma bicicleta.
Natural de Barranquilla, norte da Colômbia, Eduardo fazia mestrado em História na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), desde 2015.
O crime foi em 16 de fevereiro de 2017, quando o jovem de 29 anos questionou o subsíndico do prédio onde morava, na Avenida Cristóvão Colombo, sobre o sumiço de sua bicicleta na garagem. Após a discussão, outro morador do prédio, o soldado Borges, teria confundido o colombiano com um ladrão e, armado, deu ordem de prisão. Segundo a versão da defesa do bombeiro, Eduardo não teria atendido. Borges disparou dois tiros que atingiram o jovem. Eduardo ficou internado sete meses (dois deles em coma), até morrer, em 24 de setembro.
Desde então, a família busca Justiça. A mãe de Eduardo, a advogada e assistente social María del Carmen León, acompanha o caso em Barranquilla, onde mora. Gostaria de estar no júri, mas foi orientada a priorizar a saúde - ela precisou de acompanhamento psiquiátrico após a morte do filho.
Eduardo era um jovem historiador que foi vítima de xenofobia e racismo no Brasil - diz ela à coluna.
Em junho, ela pretende vir a Porto Alegre para receber o diploma de mestre do filho, que estava prestes a concluir a pós-graduação e iniciar doutorado na Suécia. O irmão de Eduardo, Hector de la Hoz, que mora em Florianópolis, estará no Fórum.
A vida nunca voltou ao normal. O tempo parece ter parado naquele momento. Natais, viradas de ano, carnavais, aniversários, nada voltou ao normal - conta Héctor.
A família é representada pelo Ministério Público (MP-RS). Procurada, a defesa do réu, a cargo da advogada Tais Martins Lopes, disse que só irá se manifestar após a decisão do júri. O soldado Borges responde ao processo em liberdade. _
Cooperativa terá equipamento que identifica 30 tipos de plástico
A Cooperativa de Trabalho e Reciclagem Campo da Tuca (Coopertuca) será a primeira do RS a participar de projeto inovador de triagem de resíduos. A iniciativa permitirá o uso de um espectrômetro portátil - equipamento que identifica até 30 tipos diferentes de plástico.
O dispositivo integra o programa "Cooperativas Mais Tecnológicas", da BASF, para aprimorar a triagem de plásticos para reciclagem. _
Entrevista - Romeu Zema - Governador de Minas Gerais
"Acho que Bolsonaro não teve nada a ver com isso"
Entre os nomes que se apresentam como possíveis candidatos à Presidência nas eleições de 2026 está o do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Ele conversou com exclusividade com a coluna na sexta-feira, antes do painel Qual o futuro do Brasil?, que compartilhou com o governador Eduardo Leite no Fórum da Liberdade, na Capital.
Para 2026, há vários nomes de possíveis candidatos. Como é que o senhor avalia o atual cenário?
Acho que da diversidade se extraem boas coisas. Em uma democracia, quanto mais diversos os candidatos, melhor. Temos de escutar todos. Cada linha tem a sua contribuição a dar. Vejo como muito positivo. Agora, o Brasil precisa de gestão. Somos um país que, na minha opinião, nunca deveria ser o que tem mais ministérios no mundo. Não é quantidade que leva. É você trabalhar duro que faz isso. E aqui, no Brasil, parece que estamos confundindo o Estado grande com o Estado bom.
? O senhor acredita que é possível reverter a inelegibilidade do ex-presidente Bolsonaro?
Acredito que sim. Vejo que as acusações contra ele muitas vezes não procedem. Espero que seja revertido.
? Um dia depois do STF tornar Bolsonaro réu, o senhor publicou mensagem de apoio ao ex-presidente. Ele teve relação com os atos do 8 de janeiro?
Ele inclusive não estava no Brasil. Acho pouco provável. Aquilo ali foi uma manifestação, como já tivemos centenas no Brasil, de caráter popular e incorreta. Sou totalmente contrário a qualquer manifestação que deprede, que cause vandalismo. Manifestação, para mim, tem de ser ordeira. Vai para praça, grite, faça o que achar adequado, mas sem afetar patrimônio e o direito de ir e vir das pessoas. Acho que ele (Bolsonaro) não teve nada a ver com isso. Os atos do 8 de Janeiro foram uma ameaça à democracia?
Foram um ato de vandalismo. Nunca vi qualquer tentativa de golpe de Estado no mundo onde idosos participaram, mulheres desarmadas, como dia 8 de Janeiro. Pessoas que estavam lá insatisfeitas fizeram errado, precisam ser condenadas, pagar as penas, as multas, mas não pena de 14 anos.
Como o senhor avalia a atuação do STF no caso?
Parcialidade total. Um julgamento político. O que aconteceu com manifestantes que já entraram em ministério, do MST, em anos anteriores? Tem alguém detido? É um tratamento totalmente desigual e, nesse último caso, desproporcional. Todo ato de vandalismo precisa ser punido, mas não com pena de 14 anos.
Se Bolsonaro conseguisse reverter o processo de inelegibilidade e pedisse apoio ao senhor. Abriria mão da candidatura para apoiá-lo ou aceitaria convite para ser vice?
Tem de ficar muito claro aqui: tenho um projeto para o Brasil, e não um projeto para o Romeu Zema. O que quero é um país bom, um país que se desenvolva, que acabe com a corrupção no que for possível. Esse é o Brasil que sonho. E o presidente Bolsonaro é, mesmo que não gostem dele, o maior líder da direita. E ele, sendo um candidato, teria, sim, o meu apoio. Quero um Brasil melhor, independentemente de cargo. Me considero mais empreendedor do que político. Tenho muito o que contribuir se eu passar para o outro lado do balcão ainda.
O que o senhor acha do projeto de anistia dos manifestantes do 8 Janeiro?
Deveríamos ter no Brasil Justiça imparcial. Parece que, como não temos, precisamos apelar para alguma coisa que se chama anistia. Mas aquelas pessoas que depredaram o patrimônio público, na minha opinião, devem seguir a lei ao pé da letra. Devem pagar pelo que fizeram. Agora, falar que estão contra a democracia, aí é interpretação e não do que está na lei. Houve depredação de patrimônio público. Pague por isso, de acordo com a lei. Agora, falar que é golpe de Estado, que uma mãe de dois filhos, cabeleireira, está conspirando contra a democracia, parece um grande exagero. _