sábado, 13 de abril de 2019



13 DE ABRIL DE 2019

+ ECONOMIA

BOLSONARO PISCOU NO PRIMEIRO IMPASSE

No mercado financeiro, o comportamento errático e as declarações desastradas de Jair Bolsonaro sobre a reforma da Previdência, fizeram surgir o apelido Dilma de calças. Na sexta-feira, depois da confirmação de que veio do chefe do Executivo a decisão de frear o reajuste de 5,7% nos preços do óleo diesel anunciado pela Petrobras, a alcunha voltou à cena. Na primeira oportunidade crucial entre o passado intervencionista e a recente conversão ao liberalismo econômico, os antecedentes de Bolsonaro pesaram mais.

O resultado foi queda de 8,5% no preço das ações ordinárias da estatal. O mercado entendeu que se trata de reprise da política de fixação de preços do governo Dilma Rousseff. Não bastasse interferir na Petrobras, Bolsonaro decidiu mandar ao Congresso projeto que anistia dívidas de empresas do agronegócio com o Funrural. No ano passado, o custo era estimado em R$ 30 bilhões. Advocacia-Geral da União (AGU) e Receita Federal apontam risco de crime de responsabilidade na medida.

O vice-presidente Hamilton Mourão, tentou tranquilizar mercado e empresários, assegurando que foi uma intervenção "pontual", diante do risco de atiçar uma greve nos caminhoneiros que começava a ser cogitada. É um impasse, mas Bolsonaro piscou no primeiro enfrentamento. Embora a política de repasses automáticos seja discutível em um país como o Brasil - nos Estados Unidos, funciona assim, mas os demais preços não flutuam tanto -, a decisão provoca ruídos na recente aliança entre o presidente e os liberais. O empresário Winston Ling, que aproximou o presidente do ministro da Economia, Paulo Guedes, manifestou-se nas redes sociais, considerando o movimento "desastroso".

Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, fez pós-doutorado na Universidade de Chicago, onde intervenções como essa são consideradas tabu. Há suspense sobre como vai se comportar diante do episódio. O congelamento de preços e o tabelamento do frete depois da greve de maio provocaram a saída do então presidente da estatal, Pedro Parente.

o mal-estar do mercado ante a intervenção na petrobras não afetou apenas as ações da petroleira. também despencaram papéis de duas outras estatais na bolsa, Eletrobras (4,97%) e banco do Brasil (3,17%). somadas a perdas de duas estatais estaduais, cemig e sabesp, houve redução de cerca de R$ 40 bilhões em valor de mercado (valor das ações multiplicado pelo número).

UM UFO NO CENTRO

Esqueça a referência que o Plaza São Rafael representou por décadas em Porto Alegre. O hotel passa por uma transformação que inclui novos negócios. Uma associação entre os donos do hotel, um fundo de investimento internacional e Walker Massa, primeiro empreendedor de coworking em Porto Alegre, faz um UFO pousar no centro da Capital.

É o nome do novo projeto de Walker, que inclui destinação corporativa. Nos dois prédios ocupados pelo Plaza, um está dedicado a empresas e áreas de residência compartilhada. Dois andares estão ocupados. Faltam cinco. O prédio de 16 andares vai se tornar hotel butique para negócios, com 213 apartamentos decorados por artistas locais.

- Temos esse piloto em Porto Alegre, que vamos replicar. Temos oito capitais na linha da ampliação - diz Massa.

Ele admite que, depois do excesso de oferta de hospedagegm provocado pela Copa do Mundo no Brasil, em 2014, seguido pela crise, hotéis precisam encontrar novas vocações. O UFO do Park Shopping Canoas, que ganhou prêmio de melhor projeto de design em Amsterdã é a referência visual.

A abundância de projetos de coworking - no Brasil, havia 12 em 2010, até 2014 eram 1,2 mil, segundo o censo do Coworking Brasil - é uma realidade reconhecida por Massa.

O empreendedor pondera que, se o modelo "tradicional" pode enfrentar ociosidade, os conectados a projetos com propósito e destinação segmentada atrairão ocupantes.

- Coworking não é mais um espaço, é uma metodologia - sustenta.

A mudança envolve investimento ao redor de R$ 20 milhões, dividido entre os três empreendedores - hotel, Walker e fundo - , mais os próprios ocupantes de espaços no local. Já estão instalados por lá Escola Livre de Arquitetura (ELA), OSF Global, ZIS PoA e a Associação de Microcervejeiros. Um andar inteiro é da Unirede, que monitora dados de grandes empresas gaúchas. O lobby do hotel vai se transformar em área para pequenas lojas, desde que "façam sentido" para o projeto, reforça Massa.

MARTA SFREDO

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