sexta-feira, 31 de outubro de 2014






ÓTIMA SEXTA-FEIRA ANJO!!

Sejamos como a primavera
que renasce cada dia mais bela…
Exatamente porque nunca são
as mesmas flores.
Clarice Lispector



BOM DIA E ÓTIMA  SEXTA-FEIRA!



Nesta doce magia que se chama vida, viva seus sonhos
de forma mágica;acredite na sua capacidade de
torná-los reais e faça acontecer!

Beij0s




ABENÇOADO FINAL DE SEMANA ANJO!

Com o tempo vem a maturidade...
E aquilo que era necessidade, 
vai se ajeitando, 
tomando o devido espaço
dentro da gente...
Algumas coisas ganham valores 
e se eternizam...
Enquanto outras 
se perdem caminho afora.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014











É...

E se o coração sente tudo ao extremo,
seja qual for o sentimento,
Há de ter razões.

Porque a vida pede transparência,
a maturidade não permite enganos
e um sorriso de gente assim,
(apanhada da vida),
se encanta até com a tristeza.

Coisa de quem entende o quão tudo é
passageiro percebe?
A gente vive, a gente aprende,chora,
erra, conserta,mas não desiste.

A gente disfarça, dá um jeitinho,
continua feliz e amando...
(Mesmo amargurando saudades).
E tudo Segue em frente como deve ser.
É isso.

Tenha Uma Ótima quinta-feira Anjo!!!
Beijos Com Carinho



quarta-feira, 29 de outubro de 2014


29 de outubro de 2014 | N° 17967
MARTHA MEDEIROS

A tal correria dos dias

O que é luxo para você? Já houve quem respondesse: uma bolsa Prada, um vinho Romanée-Conti, a suíte do Hotel Hermitage em Montecarlo. Aí ostentar passou a ser brega, e as respostas mudaram: levar meus filhos à escola, almoçar em casa todos os dias, encontrar os amigos uma vez por semana. Tocante, mas familiar demais. Até que se optou por algo mais contemporâneo: luxo é ter tempo. É o que 10 entre 10 entrevistados respondem hoje.

Quem ousaria discordar? Luxo, de fato, é ter tempo. Ainda mais nestes dias turbulentos, em que se corre de um lado para o outro vivendo contra o relógio. Estão todos megaocupados, não estão?

É o que se diz. Você tem que renovar a carteira de habilitação, tem que cortar o cabelo, tem que visitar um cliente, tem que levar a bicicleta para o conserto, ir à farmácia, ao dentista, à aula de pilates, à terapia, esperar o eletricista, levar o cão para passear, mandar um sedex e ainda utilizar oito das 24 horas do dia trabalhando. Aliás, seu dia ainda tem 24 horas? Parabéns. Eu devo ter bobeado, pois afanaram umas cinco horas do meu.

Resultado: você não tem mais tempo para nada. E isso é uma constatação tão irrefutável, tão crível, tão corriqueira, que os outros não questionam, aliviando você da culpa que sente por estar sempre alegando falta de tempo quando, muitas vezes, a falta é de interesse.

Dar uma carona para sua tia tagarela até a rodoviária numa sexta-feira chuvosa às sete da noite? Você adoraria, mas está entrando numa reunião.

O filho do seu vizinho vai estrear como DJ de um bar no outro lado da cidade? Você adoraria, mas está entrando numa reunião.

Churrasco do pessoal da empresa no domingo, num sítio a 170 quilômetros de distância, sem sinal de internet, tendo que levar a própria bebida? Você adoraria, mas está entrando numa reunião. De condomínio, sério!

Marcaram reunião de condomínio para quarta-feira? Você adoraria, mas às quartas sempre fica doente.

Adiaram para quinta? Você acaba de baixar hospital.

Você não tem tempo para nada que não queira fazer, e ninguém o acusa de antipático porque estão todos na mesma situação, sem “tempo” para aquilo que antes nã tinha escapatóia, mas que atualmente tem, graças à abençada agenda lotada. Luxo mesmo é viver numa era tã esquizoide, que te concede a desculpa perfeita para estar em outro lugar.

Mas de mim você não escapa. No próximo sábado, dia 1º à 16h, autografarei as antologias Paixão Crônica, Felicidade Crônica e Liberdade Crônica na Feira do Livro de Porto Alegre. Nem pense em alegar falta de tempo. Arranje uma desculpa mais original ou então vá. Estou contando com você.


terça-feira, 28 de outubro de 2014


28 de outubro de 2014 | N° 17966
FABRÍCIO CARPINEJAR

Anão de jardim é o protetor do casamento

Ela me perguntou, séria e angustiada, o que tinha errado na relação. Acabara de se separar depois de cinco anos de relacionamento.

Eu pensei, pensei, pensei até que afirmei que sabia o motivo.

– O quê? – ela me perguntou, muito ansiosa.

– Lembra quando você ficou em dúvida na floricultura entre comprar um anão de jardim e um flamingo para seu pátio?

– Lembro. – Você levou o flamingo, o flamingo voa! Foi uma escolha errada.

– Está de brincadeira! Não, não estava brincando. Os casais que compram um anão de jardim dificilmente se separam.

Terão uma resistência em desfazer a família, em provocar o divórcio, em se desligar um do outro. Realizam uma homenagem à casa da avó, aos tempos imemoriais, em que se casava uma vez para sempre. São apegados ao que é construído, adquirido ao longo da convivência, em preservar o patrimônio afetivo.

Assim como há placa advertindo da presença de cachorro perigoso no portão, o anão é um aviso da longevidade e do pacto amoroso. Os infiéis e adúlteros devem manter distância e passar longe.

Seus moradores são caseiros, dedicados, persistentes. Ao encontrar espaço para o anão, dispõem de terreno para cultivar a solidão de cada um e acolher filhos e netos.

O anão sacramenta o sonho de morar num lugar tranquilo para envelhecer com alguém, tomar chimarrão na varanda e regar as flores ao final do dia.

Comprar um anão de jardim é pôr uma pedra no futuro. É acreditar na proteção dos santos, na superstição, na fé das plantas, nos contos de fada dos irmãos Grimm.

A esposa será a Branca de Neve, o marido será o príncipe, eis a crença secreta de quem põe um anão no jardim, mesmo sob o disfarce da zombaria ou do ceticismo. É reavivar a vitória do beijo apaixonado sobre o sono da maçã envenenada.

Não é fundamental possuir toda a trupe, formada por Mestre, Dengoso, Atchim, Feliz, Dunga, Soneca e Zangado. Um de seus integrantes já assegura o benefício romântico.

Se Santo Antônio salva os encalhados, os anões recuperam os casados. O anão é fiador emocional de uma linhagem longa, da descendência farta, da superação das diferenças.

É como contar com um guarda noturno vitalício nos canteiros, um serviço de vigilância durante 24 horas. Não há nenhuma estatística que prove minha crença, é fruto da observação.

Nenhum casal que conheço desfez sua união após adquirir um anão de jardim. Nos casamentos mais longos que já testemunhei, casualmente seus moradores tinham as pequenas estátuas na entrada dos seus endereços.

Sady e Heidi viveram 60 anos num casarão verde no centro de São Leopoldo, ornado de anões e bromélias. Frederico e Natália completaram bodas de ouro numa construção forrada de heras no bairro Chácara das Pedras, em Porto Alegre, escoltados por três anões de jardim e oliveiras.

Só não ponha o anão de jardim dentro de casa, que traz o efeito contrário e ele provoca o divórcio e o barraco.


segunda-feira, 27 de outubro de 2014














VINICIUS MOTA

Contenha-se, presidente

SÃO PAULO - O Brasil desta década, em vários aspectos, é quase outra nação se for comparado ao do início dos anos 2000. Cada US$ 100 do PIB de 2002 se tornaram US$ 190.

Para cada R$ 100 que o governo federal gastava na época, desembolsa R$ 200 agora. Para cada 100 pessoas empregadas, hoje há 130.

Se fosse um país, o mercado de trabalho brasileiro, de quase 100 milhões de indivíduos, seria maior que qualquer nação da Europa. O crédito explodiu, o consumo foi catapultado, a atividade empresarial foi catalisada e o empreendedorismo floresceu. Multiplicou-se o acesso à informação.

Estão matriculados na faculdade 180 brasileiros para cada 100 há dez anos. O ensino básico atinge picos de universalização, e melhora o desempenho no principal teste mundial de conhecimento, apesar de os alunos ainda mostrarem domínio sofrível dos principais conteúdos.

Foram às urnas neste pleito 120 eleitores para cada 100 que compareceram ao escrutínio de 2002, expansão de 20 milhões de almas.

O Brasil mudou de escala. Deu um salto quântico para outra realidade, embora esteja ainda muito distante do portal do desenvolvimento, humano e econômico.

Deve ser difícil para o PT e a presidente reeleita, Dilma Rousseff, reconhecer que a maior parte do crédito pelo notável avanço é da sociedade, e não do governo. A riqueza que levou a esse salto surgiu da labuta diária de homens e mulheres, e as determinantes de sua partilha foram cimentadas na constituição da democracia ao longo de 30 anos.

Que a vitória apertadíssima deste domingo e as condições agrestes de governo que se apresentam sirvam de alerta para a necessidade de contenção no exercício da Presidência. O presidente da República no Brasil pode muito, mas não pode tudo. A presidente Dilma, dado o contexto econômico e político em que se reelegeu, poderá menos.


vinimota@uol.com.br
ELEIÇÕES 2014 - VINICIUS TORRES FREIRE - COLUNISTA DA FOLHA

Pressão na economia

Reeleita, Dilma tem o desafio de vencer descrédito de investidores para ampliar investimento em meio a um cenário internacional ainda nebuloso

A presidente reeleita, Dilma Rousseff, não deu indicação explícita de como vai conduzir a economia. Por meio das críticas extremas que fez a seus adversários durante a campanha, pareceu indicar de modo implícito que não pretende fazer mudança alguma. Mas a pressão por novidades parte mesmo do entorno da presidente.

A pressão parte de Lula. De economistas próximos do petismo ou ex-integrantes de governos petistas. A presidente terá dificuldade de nomear uma equipe econômica com credibilidade e que aceite continuar o programa dilmiano nos mesmos termos de 2011-2014. O que resultará da resistência de Dilma e dessas pressões é mistério até para quem trabalhou na equipe econômica do primeiro mandato.

A presidente muito se queixou dos efeitos da crise mundial sobre a economia em seu governo. As melhorias previstas para os próximos anos não favorecerão o Brasil no estado em que está. Sem mudanças domésticas, haverá o risco de correção abrupta.

As mudanças de curto prazo, aquelas necessárias só para estabilizar a economia em crescimento de baixo a moderado, envolvem a contenção provisória da alta do consumo. O instrumento será alguma combinação de redução de gasto público, aumento de impostos e alta de juros.

O peso do "ajuste" pode ser distribuído de modo socialmente mais ou menos justo. Mas implica contenção do consumo, de salários. Não é preciso talhar gastos de programas sociais. Mas, por um tempo, eles terão de crescer mais devagar ou quase nada.

CRISE MUNDIAL

A economia global deve andar mais rápido nos próximos cinco anos. Ainda assim, há risco de a transição para dias melhores ser acidentada. E o crescimento estará longe do ritmo anterior à crise de 2008; o balanço dos motores da economia mundial será diferente, pois os grandes "emergentes" crescerão mais devagar, como a China.

O andar da carruagem global não determina o ritmo do Brasil, embora o influencie. A influência será tanto mais nociva quanto mais a economia permanecer "frágil". Ainda que ventos não sejam muito contrários, sem mudança o país terá dificuldade de sair da quase-estagnação.

A fim de se fortalecer, o país terá de passar por uma transição, voluntária e organizada, ou turbulenta imposta pelo "mercado". "Mercado" significa apenas os credores do governo e do país.

O crescimento menos rápido de "emergentes" tende a reduzir os preços de nossas exportações (de ferro, comida etc.). Caso o crescimento americano se firme e Europa e Japão não desandem, haverá mudança na política monetária internacional. Ou seja, haverá menos capital barato sobrando no mundo.

A baixa relativa do preço das mercadorias que vendemos e o crédito mais escasso tendem a evidenciar mais um sintoma de nossos problemas: excesso de consumo.

O Brasil consome mais que produz. Compra no exterior esses bens e serviços que faltam. Isto é, tem deficit em conta-corrente. Para financiá-lo, precisa de empréstimos e/ou investimentos do exterior, "em dólar". Dentro de certos limites e se a economia cresce bem, o deficit é financiável de modo tranquilo.

Em meados de 2005, o Brasil tinha um raro superavit em conta-corrente, de 1,9% do PIB. Em setembro passado, o deficit chegou a 3,7% do PIB. Uma brutal inversão de 5,6% do PIB.

FRAGILIZAÇÃO

O país ainda financia com certa tranquilidade o deficit, que, em outros tempos, prenunciaria crise (seca de crédito, desvalorização da moeda, recessão, visita ao FMI). Não foi assim agora porque a economia tem estado mais arrumada: dívida pública ainda controlada, grandes reservas internacionais (dinheiro no caixa "em dólar").

Mas a economia se desarranjou aos poucos nos últimos cinco anos. Passou a crescer quase nada (quem não cresce não tem como pagar dívidas).

O país não cresce porque a produtividade não aumenta, porque há pouco investimento e porque o país agrega agora menos gente a sua força de trabalho. O investimento privado caiu; o governo gastou mais, mas não investiu mais em "obras". O consumo cresceu ainda bem, embora em velocidade decrescente; a produção estagnou.

Em parte, o crescimento do consumo foi bancado por excesso de gasto do governo (mais dívida, via gasto direto ou redução de impostos) e por meio de crédito artificialmente barato dos grandes públicos. Tais excessos se evidenciam em deficit externo e inflação persistente.

O novo cenário mundial pode dificultar o financiamento do deficit externo. O Brasil enfrentará tal situação com menos instrumentos de reação: se não pode baixar juros (dada a inflação), o governo não tem como gastar mais. De resto, o governo sofre de descrédito por maquiar os números das contas públicas, fazer pouco-caso de reformas e intervir de modo contraproducente na economia.


Em caso de descrédito agudo, o "ajuste" será imposto pela indisposição dos credores de financiar tais desequilíbrios: a moeda vai se desvalorizar, a inflação será mais pressionada, o juro subirá, os salários reais cairão. A alternativa ao ajuste voluntário é permanecer na quase-estagnação (crescer até 2% ao ano), à espera de uma arrumação de casa imposta de fora, caótica e perigosa.
ELIO GASPARI

Um mandato inédito

Em 2002, na versão 1.0, Romanée-Conti; em 2014, na 2.0, a suíte do Copa, com direito a mordomo

Os eleitores deram ao PT um mandato inédito na história nacional. Um mesmo partido ficará no poder nacional por 16 anos sucessivos. A doutora Dilma reelegeu-se num cenário de dificuldades econômicas e políticas igualmente inéditas. Lula recebeu de Fernando Henrique Cardoso um país onde se restabelecera o valor da moeda. Ela recebe dela mesma uma economia travada. Tendo percebido o tamanho da encrenca, em setembro anunciou a substituição do ministro Guido Mantega. Por quem, não disse. Para quê, muito menos.

A dificuldade política será maior. As petrorroubalheiras devolveram o PT ao pesadelo do mensalão. Em 2005 o comissariado blindou-se e desde então fabrica teorias mistificadoras, como a do caixa dois, ou propostas diversionistas como a da necessidade de uma reforma política. Pode-se precisar de todas as reformas do mundo, mas o que resolve mesmo é a remessa dos ladrões para a cadeia. O Supremo Tribunal Federal deu esse passo, formando a bancada da Papuda. Foi a presença de Marcos Valério na prisão que levou o "amigo Paulinho" a preferir a colaboração à omertà mafiosa.

Dilma teve uma atitude dissonante em relação às condenações do mensalão. Protegeu-se sob o manto do respeito constitucional às decisões do Judiciário. No debate da TV Globo, quando Aécio Neves perguntou-lhe se achou "adequada" e pena imposta ao comissário José Dirceu, tergiversou. Poderia ter seguido na mesma linha: a decisão da Justiça não deve ser discutida. Emitiu um péssimo sinal para quem sabe que as petrorroubalheiras tomarão conta da agenda política por muito tempo.

Será muito difícil, e sobretudo arriscado, tentar jogar o que vem por aí para baixo do tapete. Ou a doutora parte para a faxina, cortando na carne, ou seu governo vai se transformar num amestrador de pulgas, de crise em crise, de vazamento em vazamento, até desembocar nas inevitáveis condenações.

O comissariado acreditou na mágica e tolerou o contubérnio do PT com o PP paranaense do deputado José Janene. A proteção dada aos mensaleiros amparou o doutor e ele patrocinou a indicação do "amigo Paulinho" para uma diretoria da Petrobras. Ligando-se ao operador Alberto Youssef, herdeiro dos contatos de Janene depois que ele morreu, juntaram-se aos petropetistas e a grandes empresas. O resultado está aí.

Em 2002, depois do debate da TV Globo, Lula foi para um restaurante do Rio e comemorou seu desempenho tomando de uma garrafa de vinho Romanée-Conti que custava R$ 9.600. A conta ficou para Duda Mendonça, o marqueteiro da ocasião. Quem achou a cena esquisita pareceu um elitista que não queria dar a um ex-metalúrgico emergente o direito de tomar vinho caro. Duda confessou que fazia suas mágicas com o ervanário do mensalão.

Passaram-se doze anos e os repórteres Cleo Guimarães e Marco Grillo mostraram que, na semana passada, Lula esteve em São Gonçalo, onde disse que "a elite brasileira não queria que pobre estudasse". Seguiu da Baixada Fluminense para a avenida Atlântica e hospedou-se no Copacabana Palace, subindo para a suíte 601, de 300 metros quadrados, com direito a mordomo. Outros sete apartamentos estavam reservados para sua comitiva.


sábado, 25 de outubro de 2014


Boa Noite meu Anjo!! 

É...E todos os dias, por mais amargos que sejam, eu digo:
Amanhã fico triste, hoje não!

Caio Fernando Abreu


Um ótimo Final de semana!!
Beijos no seu

 ACHO QUE A FELICIDADE É
UMA ESPECIE DE SUSTO
QUANDO VC VÊ , JÁ ACONTECEU .
ELA É JUSTAMENTE UMA
CONSTRUÇÃO PEQUENA DE
TODOS OS
DIAS" 
...

( Pe. FABIO DE MELO )

ÓTIMO FINAL DE SEMANA!




Amei


Nesse jogo eu , perdi. Mas na verdade nós dois perdemos.



Eu porque te amava, você porque perdeu quem mais te amava

Mas, na verdade você perdeu mais do que eu,
porque eu poderei amar outras pessoas como amei você
mas você nunca será amado
como eu te AMEI!!! 

-¬ Amor ¬-

26 de outubro de 2014 | N° 17964
MARTHA MEDEIROS

A nova juventude

O que não falta é frase satirizando a primeira etapa da vida. Exemplo: A juventude é um defeito facilmente superável com a idade. Outro: A juventude é uma coisa maravilhosa, pena desperdiçá-la em jovens. Quem ultrapassou essa fase dourada hoje olha para ela com certo desprezo. Não de todo equivocado: a maturidade, de fato, se não é nosso período mais fértil, certamente é o mais sabido. Algum benefício tinha que trazer essa tal passagem do tempo.

No entanto, em vez de fazer coro com a soberba habitual dos maduros, vale dar uma espiada mais generosa para a garotada. Afora os neorretardados que proliferam nas redes esbanjando pobreza de espírito, a geração atual tem uma postura mais humanizada em relação a questões importantes da vida. Vale a pena escutá-los.

O tema da homossexualidade, ainda debatido à exaustão na mídia, já saiu de pauta entre os adolescentes. Nada mais natural do que meninos e meninas namorarem parceiros do mesmo sexo. Ser favorável ou desfavorável à causa gay? Concordo com eles: chega a ser constrangedor a gente se declarar a favor ou contra o que não nos diz respeito. É muita arrogância.

Quanto à busca por uma profissão, mudanças visíveis também. O dinheiro continua sendo uma preocupação, mas já não ocupa o topo das paradas. O que se deseja é fazer diferença para a sociedade, trabalhar no que se gosta, personalizar sua atuação, deixar marcada uma ideia, uma consciência, um caminho diferente, um novo olhar. Nem que para isso se invente uma profissão que nunca existiu, que se formalizem atividades que antes não eram consideradas. Estudar segue fundamental, mas a sequência colégio-vestibular-faculdade vem ganhando bifurcações. Se a felicidade não estiver na vida sólida e estável que os pais sonharam, paciência. Os sonhos dos velhos terão que se adaptar a uma realidade menos regrada.

Sim, ainda existem os adolescentes convencionais, que sonham com casamentos convencionais e empregos convencionais e que querem enriquecer, consumir e ser “alguém”. A diferença é que esse “alguém” padrão, que se amparava em hierarquias para estabelecer juízos de valor, não representa o jovem moderno que quer construir uma sociedade mais horizontalizada. A noção de riqueza está mudando de foco: ir para o trabalho de bicicleta pode dar mais status a um profissional do que conquistar uma vaga no estacionamento reservado aos patrões.

Outro dia falava sobre tatuagens com duas garotas e me peguei aplicando o velho discurso a respeito do cuidado que elas deveriam ter antes de tomar decisões definitivas. Foi quando me dei conta de que até o definitivo mudou de configuração. Elas não veneram o “pra sempre” – o que acho ótimo, mas então por que fazer uma tatuagem? Simplesmente para homenagear uma etapa da vida. Não haverá arrependimento se o assunto não for levado com tanto drama. Tatuagem deixou de ser uma condecoração vitalícia. Nada mais é vitalício.


Basta que seja sustentável.

26 de outubro de 2014 | N° 17964
ANTONIO PRATA

A oposição fluorescente

Não vou votar no Aécio, hoje, mas enquanto estiver acompanhando a apuração, no início da noite, um lado meu torcerá secretamente para que ele ganhe. Esse meu lado (que não revelarei a ninguém, caro leitor, só a você, confiante na sua discrição) teme menos os próximos quatro anos sob um governo do PSDB do que os efeitos anabolizantes e lisérgicos que outro quadriênio petista pode causar à direita mais raivosa deste Brasil varonil.

Quando digo direita raivosa não estou me referindo a quem é a favor da independência do Banco Central, de um Estado menor e um superávit maior. Estou falando dos Bolsonaros e Felicianos, da turma que prega “direitos humanos para humanos direitos”, que deseja “afogar esses nordestinos” e diz, em rede nacional, que “órgão excretor não é órgão reprodutor”. (Aliás, quando ouvi aquele homúnculo cometer essa afirmação, com a segurança que só a profunda ignorância traz, me perguntei: será que ele faz xixi pelo sovaco? Ou ejacula pelo bigode? Mas não divaguemos, voltemos ao assunto).

A chegada do PT à presidência, 12 anos atrás, teve um pernicioso efeito colateral: por ser um partido historicamente ligado às minorias, permitiu à direita mais tacanha camuflar seu preconceito contra negros, mulheres, gays, índios e pobres sob uma papagaiada libertária, de crítica ao poder.

A partir de 2003, o cara vinha com uma piadinha jurássica do tipo “o melhor movimento feminino sempre foi o movimentos dos quadris” e queria aparecer na foto com um sorrisinho transgressor, tipo, “si hay gobierno, soy contra!”. Fazia um número de stand-up racista e alegava estar combatendo a censura do Estado e a opressão do politicamente correto. Falava “as zelite” e “meus deretcho” fingindo zombar do Lula, quando estava é babando a ancestral demofobia.

Tal reação conservadora me parece desproporcional aos avanços dos últimos anos. Afinal, apesar de alguma melhora, continuamos profundamente desiguais. Os negros seguem pior do que os brancos, as mulheres ainda ganham menos do que os homens, gays não podem se casar e, vira e mexe, são acariciados por heterossexuais com socos, pontapés e lâmpadas fluorescentes.

A direita raivosa, contudo, cada vez mais ensandecida, acredita que vivemos numa mistura de Venezuela com Sodoma. Pior: os inegáveis casos de corrupção e outras patacoadas do PT fazem com que o discurso retrógrado chegue àqueles que não comungam de seus preconceitos, mas se indignam, com razão, com os erros do governo. Se na passeata de apoio ao Aécio, na última quarta, em São Paulo, que a revista Economist chamou de “Revolução do Cashmere”, a multidão gritava “Viva a PM!”, o que gritará em 2018, caso a Dilma ganhe?

Com o PSDB no poder, porém, os paranoicos delirantes não teriam como ver, em cada esquina, a ameaça de uma revolução cubana comandada por travestis-negras-maconheiras-aborteiras. Abaixariam seus dedinhos exaltados e, cofiando os anacrônicos bigodes, teriam de assumir que seu ódio não é nada além do velho racismo, machismo, homofobia e demofobia do nosso Brasil varonil.


Sem alternância de poder não é só a situação que corre o risco de perder o pé da realidade: a oposição também precisa, de tempos em tempos, cair do seu troninho.

26 de outubro de 2014 | N° 17964
FABRÍCIO CARPINEJAR

Confirma

Votar não é somente eleger governador e presidente.

É a possibilidade de rever o bairro da infância e reencontrar antigos amigos.

Como a maior parte dos eleitores vota sempre no mesmo lugar, e costuma ser a zona do primeiro voto, tem a opção de visitar a família e rever colegas que nem o Facebook é capaz de localizar.

Muitos não transferem o título eleitoral, apesar da constante mudança de endereço. Apreciam preservar este domingo para exercer a nostalgia e a evocação dos laços.

A eleição torna-se uma repescagem da nossa memória. Um retorno sentimental às origens. Um passeio emocional para nosso ponto de partida.

Há quem viaje para sua terra natal com esse pretexto para conviver com os primos e tios. Há quem atravesse a cidade para caminhar nas ruas de suas malandragens infantis. Há quem entre de novo no colégio onde estudou, com aquela sensação estranha de invadir um santuário.

Rodoviárias e aeroportos estarão abarrotados de filhos pródigos com seus travesseiros e sua esperança por uma segunda chance.

Além de escolher nossos governantes, a eleição é o momento em que refletimos sobre o que nos tornamos e o que ainda queremos ser. Tem um contexto de reflexão e remissão, de julgamento de si e perdão ao outro.

Votar é virar a página de nossa biografia, retomar leituras interrompidas, soprar o pó das lombadas, tirar o marcador dos parágrafos incompreendidos.

Enquanto pensamos em quem receberá o peso verde de nossos dedos, decidimos o que podemos fazer com os nossos ressentimentos e brigas.

É definir – junto do país e do Estado – o destino de nossa paz individual.

Talvez seja a hora de aceitar a desculpa da mãe e matar a saudade do chimarrão na varanda de sua casa. Talvez seja a hora de prolongar o mandato por mais quatro anos de um amigo que a gente deixou de ver. Talvez seja a hora de levar o filho para conhecer onde passamos a adolescência.

Votar é reunir nossas forças para enfrentar o passado e as rusgas de antigamente. É aperfeiçoar os planos de governo de nossa vida, reorganizar nossas alianças, rever o que não deu certo na gestão passada de nossos hábitos.

É renovar os votos de casamento, de parceria, de paternidade e maternidade.

Eu já desfiz desentendimentos com irmãos no dia da votação. Por acaso. Não marquei nada – o próprio destino agenda reconciliações.

Quando fui votar, aproveitando que a urna familiar continua sendo na Escola Tubino Sampaio, no bairro Petrópolis, um abraço inesperado, uma risada espontânea e uma lembrança tocante já foram suficientes para desarmar o ódio e reiniciar a cumplicidade.

O amor precisa de tão pouco para retornar a ser o que era. Nada supera o olho no olho, o rosto diante do rosto, a singeleza do corpo atento e carente pedindo proximidade.


Votar é também voltar. Voltar para o lugar inicial de nossa felicidade e se abastecer de afeto até a próxima eleição.

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