sexta-feira, 6 de março de 2015

Jaime Cimenti

Torcida mista

Pois no último Grenal mostramos para toda a terra que não apenas nossas modelos devem servir de façanha para toda a terra. E viva a extremante viva Gisele Bündchen! Sim, um mundo melhor e mais calmo e civilizado é possível, viu? E nem é mais caro, acredite. Dois mil torcedores entraram para a história como o primeiro grupo que esqueceu a intolerância e conviveu, em paz, no Gigante da Beira-Rio, onde o Inter, na minha opinião, ganhou por zero a zero.

Pois é, rival não precisa ser inimigo. Aqui entre nós, com o devido respeito ao coirmão, acho que o Internacional, em homenagem ao clima de paz, ficou no empate. Ou será que não foi bem assim? Bom, brincadeira com reverência à parte, o show do Grenal foi a torcida mista. Que coisa maravilhosa!
Em meio a essa desesperança federal brasileira, com tantos desentendimentos, escândalos e cacacas e, num mundo com violência praticamente globalizada, é inspirador o que aconteceu no Beira-Rio, que, tomara, seja palco em breve de outros feitos mundiais relevantes. Dá-lhe Inter Bi Mundial 2015, com gol de bike de Gabiru na final, da boca da pequena área! E parem de me chamar de delirante!

Nosso jeito caranguejeiro, nossas rivalidades históricas que, na maior parte do tempo, nos puxam para trás e para baixo, sofreram um saudável golpe com a atitude da torcida mista. Torcida mista é o que o Brasil e o mundo precisam. No domingo do Grenal, eu caminhava no centro de Capão da Canoa. Parei para sentar num bar com desconhecidos e resolvi assistir ao jogo. Dezenas estavam lá, sentados ou de pé. Uns com camisetas de times, outros não, como de costume. Alguns cantos e gritos de torcidas, algumas palavras mais ou menos fortes, mas ao fim e ao cabo, ninguém se feriu. A cena é comum, a quase totalidade das pessoas não quer radicalizar.

Rio Grande do Sim, torcida mista, é o que precisamos para vencer os problemas e nossa pindaíba financeira. Tudo bem, tudo bem, não é o momento, talvez nunca seja, de juntar o Inter e o Grêmio num só time imbatível, para pelear com os queridos hermanos estrangeiros e com as outras equipes do Brasil. Mas a torcida mista é um belo exemplo. É uma inspiração e um convite ao diálogo, nas áreas privadas, públicas e onde for.

Na minha casa são três gurias gremistas e um colorado - eu. Ah, e nossa assessora, a Vera, é gremista. Quatro a um, goleada. Então, já viram, torcida mista conheço muito bem. Já me acostumei a moderar na flauta doce, nas piadas e brincadeiras e aprendi até a exagerar, um pouco, vai, no respeito ao coirmão, de passado glorioso e que nos faz imprescindível companhia nos Grenais. O imortal tem que continuar imortal, para valorizar nossas vitórias e, também, para ganhar umas de nós, mostrando ao Inter que, mesmo sendo ele campeão de tudo, tem um rival poderoso e que na vida ninguém ganha todas.

A propósito...

Acho que está mais do que na hora de nossa Assembleia Legislativa, mesmo com aquele monte de partidos previstos pela tal legislação eleitoral, retomar a ideia de um pacto pelo Rio Grande. Já se tentou no passado recente, lembram? Quem sabe nossos nobres deputados possam se ocupar e se preocupar com algumas pautas e diálogos mínimos e possíveis que sejam de interesse de todo o Rio Grande e dos rio-grandenses? Poderiam começar outorgando, em nome de todos os partidos e do presidente da Casa, uma medalha ao povo gaúcho. A torcida mista agradeceria muitíssimo.


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