sábado, 7 de janeiro de 2023


07 DE JANEIRO DE 2023
+ ECONOMIA

Após vaivém, bolsa e dólar fecham semana na calma

A primeira semana do novo governo terminou com recuo de 0,71% na bolsa e baixa de 0,83% no dólar. No acumulado, até parece que os dias foram tranquilos, mas embutiram muito sobe e desce.

Esse comportamento contrasta com o da campanha, marcado por calmaria. O mercado se comportou como se o resultado da eleição fosse indiferente. Candidatos conhecidos, cenário externo mais conturbado e expectativa de que ninguém fizesse "bobagem" na economia formaram um período eleitoral muito diferente da primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, que levou à maior cotação do dólar em relação ao real até hoje, considerada a inflação.

O dia seguinte à posse foi de forte reação na bolsa em geral - em particular em ações de estatais - e no dólar. No mandato anterior, isso ocorreu várias vezes. O então ocupante do Planalto reclamou que o mercado ficava "irritadinho por qualquer coisa". E apesar do estresse até agora, o câmbio ainda não chegou perto do recorde dos quatro anos anteriores, de R$ 5,901.

Outra observação é que o mercado não reage a indicadores sociais e ambientais, como fome, desemprego ou desmatamento. Nesse caso, é verdade - ao menos até agora. Embora estejam "na moda", as práticas ESG (governança corporativa, social e ambiental) não provocam oscilações. O mesmo ocorre com situações constrangedoras sem impacto econômico direto, como ter pessoas próximas à Presidência relacionados a milícias, no governo A ou no governo B.

Então, o mercado é só especulação? Existe, de fato, muita operação de bolsa, câmbio e até em juros futuros comandada por especuladores, aos quais importa apenas ganhar muito dinheiro, até mesmo quando a situação econômica piora: existem mecanismos que permitem lucrar com queda na bolsa e alta no dólar - as faces mais visíveis.

Mas essa não é a regra. Empresas usam a venda de ações para financiar seu crescimento e a geração de empregos. Quando a bolsa cai, as condições para fazer esse tipo de movimento ficam mais difíceis. Compõem o mercado, ainda, muitos gestores de investimentos que precisam apresentar resultados a fundos de aposentadoria que buscam a chamada "renda variável" para complementar renda.

MARTA SFREDO

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