quinta-feira, 11 de setembro de 2014



MEUS OLHOS

Quisera que meus olhos fossem duros e frios
e que ferissem dentro do coração
e que nada expressassem dos meus sonhos vazios,
fosse esperança ou ilusão.
Indecifrável sempre a todos os profanos
do fundo e suave azul da tranqüila safira,
incapazes de ver os pesares humanos
ou a alegria de viver.
No entanto estes meus olhos são cândidos e tristes,
não como eu os desejo nem como devem ser.
É que estes olhos meus é o coração que os veste
e seu desgosto fá-lo ver.
Pablo Neruda



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