sábado, 1 de julho de 2023


01 DE JULHO DE 2023
FLÁVIO TAVARES

O DESDÉM CONTINUA

Insisto em escrever sobre o desdém com o meio ambiente por entender que é tema fundamental. Em todos os setores no mundo, todos falam em sustentabilidade, mas no Brasil carecemos de planos concretos, sem falar da desídia por atos igualmente concretos.

As atividades do governo federal, a grosso modo, limitam-se às falas do presidente Lula da Silva de que já em 2030 "não haverá desmatamento ilegal na Amazônia". Não explica, porém, como atingirá esse objetivo. Sem isso, tudo o que diz o presidente soa como reles demagogia. Não há planos de preservação ambiental nem qualquer referência ao hidrogênio verde, o combustível do futuro.

A política nacional do hidrogênio verde foi lançada em 2021, no governo Bolsonaro, mas desde então houve apenas uma reunião no Ministério de Minas e Energia. Não se implementou nenhum plano concreto para exploração do "combustível do futuro", embora o Brasil seja o país mais aparelhado para isso, por ser limpa 85% de sua matriz energética.

Por isso, o mundo inteiro nos olha com esperança, mas aqui desdenhamos de tudo. Dos 359 projetos para chegar ao hidrogênio verde existentes no mundo, só um é do Brasil, em Suape (PE), e, mesmo assim, genérico. Há promessas de projetos em um porto no Ceará e outro no Estado do Rio de Janeiro, mas nada foi concretizado até aqui, com o que tudo se resume a mera fantasia.

De acordo com as pesquisas da ciência, o hidrogênio verde é essencial para a descarbonização do planeta. Esse combustível tem três vezes mais energia do que a gasolina, além de ser uma fonte limpa. Nosso potencial para geração de energia eólica e solar pode nos levar a produzir hidrogênio verde até para exportação, além de suprir o consumo interno.

Escrevo antes de o Tribunal Superior Eleitoral decidir sobre a inelegibilidade de Jair Bolsonaro pelas mentiras com que (sendo presidente e em reunião com embaixadores estrangeiros) questionou o sistema eleitoral e afirmou que as urnas eletrônicas eram fraudulentas em si.

O ministro-relator foi tão contundente que, a não ser que se interrompa o juízo, a decisão levará à inelegibilidade.

Seja qual for o resultado, porém, será a primeira vez que apareceram as mentiras de algum político, mesmo sendo a mentira o mais comum na política.

Jornalista e escritor - FLÁVIO TAVARES

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