segunda-feira, 15 de julho de 2024



13 DE JULHO DE 2024
SUPERLOTADAS - Bianca Dilly

SUPERLOTADAS

Emergências adultas da Capital registram mais de 200% de ocupação. Perfil de doenças é variado, desde quadros respiratórios, até infecciosos e cardiovasculares. Secretaria aponta fatores que impactam o cenário

Cena recorrente no inverno gaúcho - e não mais somente na estação mais fria do ano -, emergências de Porto Alegre estão novamente superlotadas. Segundo o painel de monitoramento da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), às 11h30min da sexta-feira, a ocupação nos leitos adultos de hospitais era de 225,73%.

O mesmo ocorre nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), com quase 226%. Já nas emergências pediátricas, a maior parte das instituições opera dentro da capacidade, com uma média de 63%. A exceção é o Hospital da Criança Conceição, que chega a 112,50% de lotação.

Segundo as casas de saúde contatadas pela reportagem de Zero Hora, o perfil da procura é variado, abrangendo doenças respiratórias, casos infecciosos, crônicos, cardiovasculares e digestivos. Como trata-se de um problema que persiste, profissionais afirmam que há intervenções, com ampliação de mais de 250 leitos, além da contratação de quase mil profissionais, mas que ainda assim não resolvem a demanda.

Entre os fatores que levam a essa situação, o diretor de Atenção à Saúde do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), médico Luiz Antônio Benvegnú, cita o inverno rigoroso e o estado emocional da população, abalado pela enchente.

- A gente conseguiu contratar profissionais em regime emergencial para fazer frente a esse período, imaginando a repercussão da calamidade, em função de motivos como leptospirose, aumento dos acidentes (...), e as enfermidades respiratórias típicas do inverno - afirma o médico.

Apesar da antecipação, Benvegnú frisa que é necessário observar o sistema como um todo. Ele lembra que as redes de saúde devem estar organizadas e com uma resposta sistêmica dos demais órgãos. A Secretaria Estadual da Saúde (SES) fala em "realidade crônica".

O chefe da divisão de Regulação Hospitalar da Secretaria Estadual da Saúde (SES), Rogério Caruso, e a diretora do departamento de Regulação Estadual, Suelen Arduin, explicam que a superlotação afeta não apenas as emergências de Porto Alegre e região, pois, em todo o RS "essa realidade se faz presente, principalmente nas instituições que são referências regionais". Conforme eles, as doenças de inverno, este ano agravadas pela enchente, são uma preocupação permanente.

Situação crítica

A situação mais grave é do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), onde a superlotação chega a 259%. Conforme o painel, 145 pacientes estavam internados, ao passo que a disponibilidade é de 56 leitos. Na área adulta, a instituição atende só a casos com risco de morte.

- Como estamos sempre no limite, pequenas alterações de algum fator ocasionam aumento da lotação. Nos últimos dias, ocorreu um pequeno aumento de doenças respiratórias, e ainda vemos pacientes vítimas da enchente que tiveram dificuldade de procurar atendimento - detalha o chefe do Serviço de Emergência do HCPA, médico Daniel Fontana Pedrollo. 

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