sábado, 20 de julho de 2024


20 DE JULHO DE 2024
ENSINO SUPERIOR

ENSINO SUPERIOR

Chapa 3 vence eleição da UFRGS e será indicada ao MEC.

Se vitória for confirmada pelo governo federal, Marcia Barbosa e Pedro Costa assumirão reitoria em setembro. Na consulta à comunidade, a dupla havia vencido pelo cálculo paritário, mas, por decisão judicial, a chapa 2 ganhava

Isabella Sander

Em uma eleição permeada por discussões sobre o cálculo a ser utilizado para definir os candidatos vitoriosos, venceu, entre os membros do Conselho Universitário (Consun) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o entendimento de que os votos de alunos, professores e técnicos-administrativos têm o mesmo peso. Com isso, com 44 votos de um total de 75, Marcia Barbosa, da chapa 3, venceu o pleito.

Agora, a lista tríplice segue para o Ministério da Educação (MEC). Em segundo lugar ficou a candidata Ilma Brum, da chapa 2, com 26 votos. Por último, posicionou-se a candidata Liliane Giordani, da chapa 1, com um voto.

- É a primeira vez que a UFRGS está fazendo esse processo por via paritária, é um momento de coragem para a universidade. Também temos de ter coragem para referendar a paridade. A Justiça pode mandar na consulta, mas não pode mandar na nossa decisão - afirmou Marcia.

A escolha dos conselheiros ainda precisa passar por análise do MEC, que tem o poder de nomear como reitora qualquer um dos três nomes da lista tríplice. Via de regra, contudo, a pasta costuma validar a decisão.

Se a vitória for confirmada pelo governo federal, a reitora a assumir no dia 21 de setembro será Marcia Barbosa, ao lado de seu vice-reitor, Pedro Costa.

Marcia foi diretora do Instituto de Física por dois mandatos e, até dois meses atrás, era secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do governo Lula. Pedro é professor da Escola de Administração, onde ministra disciplinas sobre Administração de Organizações da Sociedade Civil e Administração Pública Social, Estado, Terceiro Setor e Organizações Não Governamentais.

Na sexta, servidores e estudantes participaram de manifestação

Em todas as eleições para a reitoria realizadas pela instituição até agora, os votos dos professores tinham peso de 70%, contra 15% os dos estudantes e 15% os dos técnicos-administrativos.

Neste ano, a previsão inicial era de que as escolhas dos três segmentos tivessem o mesmo peso na consulta à comunidade - a chamada "consulta paritária". Nesse novo critério, a chapa 3 teria vencido a consulta. Apesar de essa mudança ter sido aprovada pelo Consun, uma decisão judicial determinou que se retornasse ao cálculo antigo. Por esse motivo, sem a paridade, a chapa 2 venceria.

Na manhã de sexta, docentes, técnico-administrativos e estudantes participaram de um protesto, munidos de bandeiras e adesivos, boa parte deles defendendo a vitória da chapa 3.

- No ano passado, foi decidido que a comunidade da UFRGS poderia escolher a reitoria de forma paritária. Foi um processo maduro, com muita discussão, com diálogo com as unidades acadêmicas, não foi apenas uma decisão do conselho. Será lamentável se isso não for reconhecido - afirmou a professora Suzy Alves Camey, do Instituto de Matemática e Estatística, que participou do ato.

A manifestação foi realizada no campus, próximo ao Salão de Atos. A entrada no prédio da reitoria foi restringida, com gradis impedindo a passagem e a segurança reforçada. Duas viaturas da Polícia Federal estavam no local. Com isso, boa parte dos alunos e professores acompanhou a votação do Consun pela transmissão ao vivo.

- A paridade seria o primeiro passo para haver maior participação dos alunos na universidade e nos espaços de tomada de decisões. Não podemos negociar isso, essa é nossa luta - defendeu a estudante do curso de Economia Amanda Pereira, 22 anos.

Análise do ministério

A tendência sinalizada por representantes do governo federal é de que seja respeitada a ordem da lista tríplice elaborada após a eleição no Consun. Com isso, a vitória da chapa 3 seria endossada e Marcia Barbosa se tornaria a nova reitora.

Procurado pela reportagem, o MEC respondeu que a lista tríplice encaminhada será analisada à luz das leis que regram o funcionamento das universidades e suas eleições, e que, "sendo constatada a conformidade da documentação, o processo será encaminhado à Casa Civil, para nomeação pelo Presidente". _

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