sábado, 3 de junho de 2023


03 DE JUNHO DE 2023
CAMPO E LAVOURA

Os ingredientes da queda no preço do frango em maio

Pegue um ingrediente sazonal, misture com outro conjuntural e acrescente uma pitada de especulação. Essa é a receita que embasa o recuo no preço médio do frango em maio, conforme levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea)/Esalq. No frango inteiro congelado, houve redução de 1,1% no atacado da Grande São Paulo, ficando o quilo em R$ 6,98. Em Porto Alegre, a diminuição também foi registrada, mas de forma mais sutil: 0,4%, com o quilo a R$ 9,09.

A queda se intensificou na segunda quinzena, puxada pela demanda enfraquecida. Um movimento usual para esse período do mês, explica a analista de mercado do Cepea Juliana Ferraz:

- No começo de maio, tínhamos observado uma melhora nos preços dos produtos de frango em geral. Com o avanço do mês, acabaram cedendo. Tradicionalmente, o consumo cai na segunda metade do mês.

Outros fatores se somaram à composição dos valores. Juliana cita a perda da força das exportações em relação a abril e o recuo nos valores de outras proteínas animais.

- Mas esse movimento de queda em maio está relacionado principalmente a uma menor procura - reforça a analista.

Ainda que os casos de influenza aviária detectados no Brasil tenham sido, até o momento, em aves silvestres, a chegada do vírus mexeu com o mercado interno, adicionando uma pitada de especulação.

- Isso faz parte também do nosso plano de contenção. Caso se acentuar, provavelmente as indústrias, por iniciativa própria, podem revisar seu planejamento de produção, até porque é preciso fazer frente aos custos - pontua José Eduardo dos Santos, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).

Como mantém o seu status sanitário internacional, porque os casos seguem longe das granjas comerciais, o Brasil, maior exportador mundial de frango, segue com as portas abertas a seu produto. Como a entrada do vírus nesse circuito pode trazer grandes perdas, com eventuais restrições de mercado, a prevenção foi reforçada para o nível máximo. Juliana acrescenta que produtores, Ministério da Agricultura e indústria "terão de continuar trabalhando com sinergia".

- Para enfrentar esse encontro de questões, o setor agirá com cautela, observando até o final de junho. Se a retração continuar, o planejamento é diminuir o ritmo. Temos de estar preparados para uma potencial redução na oferta - pondera Santos.

Equipes mantêm vigilância no Taim

Equipes da Secretaria e do Ministério da Agricultura seguem neste sábado na Lagoa da Mangueira, em Santa Vitória do Palmar, para continuar o trabalho de vigilância no local onde houve a confirmação do primeiro foco de influenza aviária no Estado.

Na sexta-feira, mais cinco cisnes-de-pescoço-preto foram encontrados mortos na Estação Ecológica do Taim, ampliando para 70 o número de mortes de aves silvestres em razão do vírus. A espécie é a mesma que teve o diagnóstico confirmado por meio de amostras coletadas.

Diretor-adjunto do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da secretaria, Francisco Paulo Nunes Lopes disse que foram vistoriadas cerca de 80 propriedades de subsistência - e nenhum animal sintomático ou morto foi encontrado.

no radar

Na próxima segunda-feira, a partir das 13h, a Estação Experimental da Embrapa no município de Capão do Leão organiza o Dia de Campo Cultivos de Inverno em Terras Baixas. A ideia é apresentar tecnologias e alternativas de produção de cereais de inverno para a região. O evento é aberto ao público, mas recomenda-se inscrição prévia no site da instituição.

Conquista celebrada

É com entusiasmo - e um prêmio na bagagem - que a gaúcha Fabiane Kuhn (foto) desembarca para sua primeira aventura em solo chinês. Ela é uma das seis brasileiras reconhecidas com o Prêmio Mulan no BRICS Women Innovation Contest, que reconhece mulheres empreendedoras de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Embora tenha sido agraciada na edição de 2021, é agora que ela vai poder celebrar a conquista, em razão das restrições impostas à época pela pandemia. Deste sábado até o dia 12, ela participa de uma imersão na China, organizada pela Aliança Empresarial de Mulheres do BRICS (BRICS WBA).

E como foi parar lá?

A partir do trabalho desenvolvido à frente da Raks Tecnologia Agrícola, startup com sede no Tecnosinos, em São Leopoldo, da qual é cofundadora e CEO, e que criou um sistema de uso inteligente da irrigação.

- Hoje a Racks é uma empresa jovem, com fundadores jovens, e esses reconhecimentos vão dando credibilidade para o trabalho que estamos fazendo, sério, reconhecido - avalia Fabiane.

A tecnologia que faz da China uma referência mundial e o fato de o país asiático ser o número 1 em áreas irrigadas são dois fatores de grande expectativa na visita:

- É um mercado com potencial muito grande para nós. Espero conseguir entender um pouco como funciona a dinâmica do agronegócio e da irrigação, as possibilidades de expansão futura, de conexões, e aprender muito sobre como fazem tecnologia e as práticas de irrigação.

Sendo a mais nova do grupo que está indo para a China, ela também quer mostrar o empreendedorismo feminino jovem e colocar a tecnologia feita aqui no "mapa global". Técnica em Eletrônica e graduada em Ciência da Computação, foi no ambiente da pesquisa que Fabiane acabou se conectando ao universo do agronegócio, gerando uma sinergia que veio para ficar.

CAMPO E LAVOURA

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