sábado, 19 de dezembro de 2020


19 DE DEZEMBRO DE 2020
+ ECONOMIA

Poesia nas férias

Antes de sair de férias, na sexta-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes, deu asas, literalmente, à poesia:

- Você precisa bater a asa da recuperação econômica e, ao mesmo tempo, a asa da saúde, da vacinação em massa. Só é possível sustentar a recuperação econômica à medida que tenhamos retorno seguro ao trabalho, que exige a vacinação em massa.

Na véspera, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmara:

- Se houver atraso de vacinação que implique mobilidade menor porque o número de casos está alto, obviamente vai ter impacto na atividade econômica.

Será que os dois desenharam esse jacaré para o chefe?

foi o recuo nas vendas de varejo entre 16 de março e 30 de novembro, com base em notas fiscais emitidas no Estado.Foi o único setor em queda: no atacado, o valor subiu 0,6%, e a indústria, 2,4%.

MARTA SFREDO


19 DE DEZEMBRO DE 2020
+ ECONOMIA

Menos individualismo e corporativismo

Simone Leite se prepara para deixar a presidência da Federasul no final do ano, quando entrega o cargo a Anderson Trautman Cardoso.

- Tenho ouvido que foi mais fácil suportar 2020 graças à parceria da Federasul. Ajudamos a fortalecer empresários que esmoreciam, ao mostrar que as dores deles eram as dores de vários. Foi uma espécie de terapia - diz.

Simone detalha que recebeu a entidade com déficit de R$ 4 milhões e está entregando com superávit de R$ 1,2 milhão. Para 2021, seus maiores compromissos serão com marido, filho, pai e mãe.

Isolamento

"Tenho trabalhado muito em casa, também na empresa e, nas quartas-feiras, na Federasul. Aumentei as horas trabalhadas, fico conectada em casa das 7h às 22h. Reuniões virtuais são mais produtivas e, apesar das dificuldades, foi um ano muito intenso. A empresa ficou fechada por 10 dias no final de março e, no início de abril, retomamos as atividades seguindo todos os protocolos sanitários."

Leitura e lazer

"Com a família em casa, passamos a ver mais séries e filmes juntos. Estou terminando de assistir The Crown. Passamos mais tempo na fazenda, o que dá liberdade, especialmente para atividades ao ar livre, sem máscara. Meu filho Zenon e meu marido aprimoraram a culinária. A leitura atual é Catarina, a Grande: Retrato de uma Mulher, mas também muitos artigos, jornais."

Combate ao coronavírus

"Reafirmo a crença de que a política muda nossa vida, para o bem e para o mal. Decisões políticas equivocadas interferem na vida das pessoas. Milhares de gaúchos ficaram sem renda, muitas empresas fecharam as portas. Superação foi a palavra de ordem de 2020, considerando a proibição ao trabalho e às liberdades individuais. O mais importante é ter equilíbrio entre saúde e economia, diálogo e bom senso de toda a sociedade, incluindo poder público. O novo ano traz a esperança da vacina e oportunidade para a estabilidade econômica, a ampliação do emprego e da renda."

Aprendizado

"Os principais foram capacidade de adaptação, resiliência, a importância do diálogo e da empatia. Também que a tecnologia nos aproxima e permite a todos o acesso ao conhecimento. Muitos eventos promovidos pela Federasul, antes restritos a poucos, agora estão disponíveis para todos."

Reflexões

"Tempos difíceis exigem o melhor de cada um. Podemos errar, acertar, mas não podemos nos omitir como líderes e empreendedores. Precisamos ter humildade para reconhecer equívocos e coragem para enfrentar desafios. Pensar coletivamente favorece as relações pessoais e profissionais. A cultura do individualismo e do corporativismo gaúcho está mais evidente neste ano, na minha opinião. Esse é o motivo do atraso do Estado e nosso grande desafio."

MARTA SFREDO

19 DE DEZEMBRO DE 2020
OPINIÃO DA RBS

O BOM SENSO DEVERIA BASTAR

Instado a se posicionar sobre o tema, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por 10 a 1, na quinta-feira, que a vacinação contra a covid-19 pode ser obrigatória no país. Mas essa obrigatoriedade amparada pela Constituição, ressaltaram de forma correta e cristalina os ministros, não significa forçar a todo custo os cidadãos a receberem uma dose do imunizante. O entendimento da Corte foi de que o poder público pode impor medidas restritivas e sanções para quem se negar a se vacinar. Como perder o direito a um benefício ou a impossibilidade de frequentar certos ambientes, o que aliás não é exatamente uma novidade no Brasil.

A compulsoriedade neste tema, entretanto, deveria ser secundária e, em muitos países, é uma discussão que até inexiste. É ainda uma controvérsia que, em pleno 2020, idealmente até seria extemporânea. Deveria bastar o bom senso. Os contrários à obrigatoriedade alegam que seria uma questão de liberdade individual. Não é o caso, por tratar-se em primeiro lugar de questão de saúde pública, de interesse de toda a coletividade e, portanto, acima de posições pessoais ou crenças. Quem não se vacina pode acabar transmitindo para outra pessoa que responsavelmente foi para a fila da imunização, uma vez que fármacos do gênero não têm 100% de eficácia. Resumindo, nem todos ficam imunes. É uma decisão, portanto, que coloca em risco a vida de outras pessoas.

A dificuldade no Brasil está na desconfiança despropositada de parte da população em relação às vacinas contra a covid-19, justo em um momento em que o país voltou a registrar a marca soturna de mil vítimas fatais diárias e se aproxima das 200 mil mortes. Nesta frente, é necessária uma abrangente campanha de conscientização para alardear a segurança dos produtos - depois de aprovados pelas autoridades sanitárias - e combater a desinformação que grassa no país. Oferecer um coquetel de informação correta e medidas indiretas que funcionem como motivadores para um dever que é cívico, portanto, pode ser a fórmula para o país alcançar uma imunidade abrangente na população, capaz de debelar a pandemia. Mas, outra vez, lamenta-se que a consciên- cia não baste. Em alguns casos, há apenas a ignorância, sem viés ideológico, e para esses uma ação informativa tende a ter bom efeito, aumentando a parcela da população que decida se vacinar por discernimento e livre vontade.

O Brasil dispõe de um reconhecido programa de vacinas, e muitas, para crianças e adolescentes, são obrigatórias. As sanções se materializam em dificuldades para serem matriculados em instituições de ensino e creches e em multas. Também são pré-requisito para famílias receberem benefícios sociais do governo. Diversas nações, zelosas com a saúde pública, obrigam que viajantes tenham certas vacinas para o ingresso em seu território. Não será surpresa se a grande maioria dos países impuser a mesma condição em relação à covid-19. 

O turismo, de grande importância no Brasil, é um dos setores mais afetados pela pandemia. Se a intenção for voltar a atrair visitantes estrangeiros, desincentivar a vacinação não será uma boa estratégia. Apenas com imunização em massa será possível minimizar a circulação do novo coronavírus e recuperar as rotinas de todas as atividades. A Lei 13.979, sancionada em fevereiro pelo próprio presidente Jair Bolsonaro - que agora dá declarações no sentido contrário - determina a possibilidade de vacinação compulsória como estratégia de combate ao novo coronavírus. Mas o juízo e o sentimento de solidariedade deveriam ser suficientes.

 

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