sábado, 8 de outubro de 2022

08 DE OUTUBRO DE 2022´
OPINIÃO DA RBS

PRESSÃO SOBRE AS FACÇÕES

Um combate efetivo às facções em guerra, que geraram uma onda de violência nos últimos dois meses, especialmente na Capital, exige pressão constante das forças de segurança do Estado. Essa atuação firme, desde a utilização de métodos de inteligência ao reforço do policiamento nas ruas, passa também pela continuidade das investigações, pelas prisões relacionadas aos recentes atos de barbárie e pela busca por desarticular negócios paralelos, como os golpes que ajudam a irrigar as suas finanças.

A Polícia Civil deflagrou na sexta-feira, em um condomínio de Porto Alegre, operação para prender os envolvidos em uma das mais chocantes ações dos criminosos neste novo surto de confrontos: a investida em um bar, no bairro Campo Novo, na Capital, no início do mês passado, que deixou um saldo de três mortos e 27 feridos. Além da identificação e da detenção dos líderes dos grupos envolvidos no morticínio gerado pela disputa por pontos de tráfico de drogas, é indispensável colocar as mãos da lei nos que executam as ordens dos chefões.

Um dia antes, na quinta-feira, outra operação desarticulou uma quadrilha que aplicava o chamado golpe dos nudes. Foram 34 mandados de prisão cumpridos em sete cidades, e, descobriu-se, estas pessoas teriam ligação com uma facção que nasceu no Vale do Sinos, mas também opera na Capital e já espalhou seus tentáculos pelo Estado. Chamam atenção as cifras geradas pelos estelionatos. Em apenas três meses, aponta a investigação, teriam sido movimentados R$ 2,5 milhões. Em meados do mês passado, em outra autuação, foram localizados em um veículo, em Novo Hamburgo, mais de R$ 700 mil em espécie, dinheiro oriundo do tráfico. É essencial descapitalizar os criminosos, bloquear contas e apreender bens, para dificultar o financiamento das atividades delituosas.

A ofensiva policial de sexta-feira, batizada Operação Campo Novo, mostra que a área de segurança do Estado está disposta a dar uma resposta à altura da ousadia dos criminosos. Entre agosto e setembro, foram 34 pessoas mortas pelo embate entre as gangues. Algumas vítimas nada tinham a ver com o conflito. Desde então, foram organizadas várias operações para prender líderes das facções. Mais de duas dezenas de líderes dos grupos em guerra foram transferidas, em alguns casos para penitenciárias localizadas fora do Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo, o Estado reafirmou o projeto de uma prisão a funcionar sob o regime disciplinar diferenciado (RDD), com 76 vagas, na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Ao lado da instalação de bloqueadores de sinal de celular em casas prisionais, é uma iniciativa indispensável para dificultar a comunicação entre os mandachuvas do crime e os seus braços nas ruas.

A Brigada Militar, por seu turno, como resposta, trocou os comandos dos batalhões na Capital e ampliou a presença de policiais nas ruas. O reforço na vigilância ostensiva é uma forma de aumentar a sensação de segurança e oferecer proteção às comunidades onde ocorre a maior parte dos conflitos.

O epicentro do confronto é a Região Metropolitana, mas estas facções, há algum tempo, vêm expandindo a influência para outras partes do Estado. É preciso sufocá-las ao máximo para evitar que os números da criminalidade, em queda consistente nos últimos anos, voltem a subir no Rio Grande do Sul. 

OPINIÃO DA RBS

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