sábado, 8 de agosto de 2020



08 DE AGOSTO DE 2020
BRUNA LOMBARDI

O QUE APRENDI COM O MEU PAI

Recebo muitas homenagens para meu pai, Ugo Lombardi, diretor de cinema e fotografia e um dos grandes talentos que construíram a Vera Cruz, que mudou a produção de filmes no Brasil. Ele foi muito premiado, recebeu o prestigiado Saci, na época o Oscar do cinema brasileiro. Todas as atrizes queriam filmar com ele. Ele deixava as mulheres lindas e quem me contou isso foi a Tônia Carrero, que trabalhou com ele várias vezes. Ela mesma me confessou rindo que foi apaixonada por ele.

Meu pai criou uma família sólida, feliz, estimulou inteligência, cultura, desejo de superação, curiosidade, e nos mostrou pequenas coisas profundamente significativas. Foi ele que me ensinou os melhores valores da vida. E foi exemplo do que dizia. Era um homem que admirava e respeitava as mulheres, e isso me deu muita força e me orientou para ser quem eu sou.

Escrevo isso para dizer como é fundamental aquilo que aprendemos na nossa formação. Nossa autoestima nasce desse primeiro olhar e cresce da maneira como somos vistos pelas pessoas que amamos.

Uma vez meu pai disse que a herança que ele deixava para os filhos era a liberdade. E foi com ela que eu me descobri, fui tentando me conhecer, me compreender e ser de maneira inteira.

Só assim consegui continuar em busca da minha plenitude.

Quando um homem ama as mulheres, ele quer que elas sejam tudo o que elas desejam ser sem medo. Ajuda e contribui para o seu desabrochar. Acompanha e orienta o seu crescimento.

Não teme que elas se tornem grandiosas, que ocupem seus próprios espaços, tragam suas próprias ideias. Quando um homem ama uma mulher, ele é um farol para iluminar a direção na qual ela caminha.

Meu pai sempre respeitou minhas escolhas e me deixou conduzir minha própria vida e errar e acertar quantas vezes fosse necessário.

E foi errando e acertando que cheguei ao homem que tenho

ao meu lado. Que assim como meu pai, sabe admirar, amar e compreender o feminino. Um homem que me ajudou a crescer com as nossas diferenças. Ele sabe, como meu pai sempre soube, que amar é criar raízes e ao mesmo tempo, dar asas.

Ensinamos nosso filho a respeitar e amar as mulheres e isso se revela em tudo o que ele faz. Ele é atento, delicado e apaixonado em cada gesto e em seus relacionamentos.

Amar as mulheres ajuda a criar relações de harmonia, consideração e igualdade. Mesmo quando uma relação termina, devia ter um final digno, duas pessoas que já compartilharam amor, em nome desse afeto que se foi, deviam continuar reconhecendo no outro as coisas boas.

Duas pessoas podem se separar, superam seus problemas, seguir suas vidas e manter a lembrança de um passado feliz.

Sei que isso não é tudo, mas acho que cabe a nós, as mulheres, ajudar nossos filhos a amarem a natureza, os bichos, as plantas e se permitirem a sensibilidade e a vulnerabilidade sem medo.

Essas coisas fazem os homens mais fortes e poucos sabem disso.

Ensinar a compreender, respeitar e amar as mulheres é um ato transformador. Com isso ajudamos a combater a violência no mundo e criamos gente mais feliz.

BRUNA LOMBARDI


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