sábado, 8 de agosto de 2020


08 DE AGOSTO DE 2020
INFORME ESPECIAL

Errei, errou, erramos

A ideia é outra - embora eu tenha referido o mesmo livro na semana passada - e conversa perfeitamente com o momento que tentamos atravessar. Em Economic Dignity, o ex-assessor econômico da Casa Branca Gene Sperling dedica algumas páginas à exploração de um conceito poderoso: a segunda chance. Não é apenas uma reflexão moral, mas a afirmação de uma variável econômica. O autor lembra que boa parte das empresas de sucesso foi criada por empreendedores que haviam quebrado antes. Alguns uma, outros duas, outros várias vezes. Aceitar o fracasso como parte da construção do acerto não só é eticamente justificável, como também lucrativo.

Há erros e erros. Má fé, irresponsabilidade e trapalhadas que tenham gerado dor e destruição nos outros pertencem a outro capítulo. Sperling se refere a uma fenômeno mais amplo, travado pela intolerância e pelo imediatismo das redes sociais, povoadas de julgamentos sumários e de cancelamentos. Irritados e impacientes, perdemos a perspectiva de que a segunda chance é uma ferramenta de crescimento pessoal e coletivo.

Não se trata apenas do perdão no sentido religioso - e igualmente importante - da palavra, mas da convicção de que o aprendizado pelos erros é um ativo que vai se valorizando com o tempo.

Não se trata de ser bonzinho, mas de ser inteligente. Fiquei pensando no poder da segunda chance. E em como seria bom se tanta gente tivesse, pelo menos, a primeira. Porque hoje julgamos antes de ouvir, de compreender e de conhecer. E esse é um erro com o qual não se aprende.

Há luz

É bom lembrar que a essa hora existem centenas de ONGs, associações e indivíduos trabalhando em silêncio para ajudar a quem precisa. Há empresários criando soluções, inovando e reforçando marcas e laços com seus públicos.


Há ideias geniais sendo concebidas, descobertas sendo feitas, alegrias sendo compartilhadas.

Há gente que se cura, que torce pelos outros, que acolhe e que constrói.

É a eles todos - são muitos e muitas vezes invisíveis - que o futuro pertence.

TULIO MILMAN

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