sábado, 5 de fevereiro de 2022


05 DE FEVEREIRO DE 2022
FLAVIO TAVARES

IDOSOS JOVENS

A fonte da "eterna juventude", que até aqui era só fantasia ou devaneio, pode estar a caminho. Uma equipe multinacional de neurocientistas, encabeçada pelas brasileiras Isadora Matias e Flávia Gomes, da UFRJ, descobriu um "marcador" do envelhecimento do sistema nervoso central que leva a entender o declínio cognitivo dos idosos.

Trata-se da rota para compreender o desenvolvimento de dois males aterradores, Alzheimer e Parkinson, com sintomas visíveis até pelos leigos, mas cujas origens e causas a ciência médica desconhece.

O trabalho, publicado na revista científica Ageing Cell e realizado conjuntamente na Holanda e no Rio de Janeiro ao longo de 10 anos, associa a proteína "lamina-b1" ao declínio cognitivo dos idosos. Não se trata, porém, de formas de rejuvenescimento, ao estilo das que estiveram de moda nos anos 1970-80, como os tratamentos da doutora Aslan, na antiga Romênia comunista, à qual recorriam os bilionários capitalistas do mundo inteiro?

O novo e revolucionário em termos médicos é que o estudo entendeu o papel daquela proteína nos neurônios e nas células gliais, ou interstícios das células nervosas, e, assim, também no DNA. Até aqui, isso era desconhecido e a pesquisa do grupo científico internacional avançou em uma área totalmente nova.

Alzheimer e Parkinson, doenças neurodegenerativas, passam a ter, assim, um caminho que leve a retardar ou, até mesmo, impedir ou evitar seu aparecimento. Mais do que tudo, o novo é o descobrimento da rota que leva ao envelhecimento das células cerebrais e destrói a integridade do núcleo celular.

Não se trata de remoçar. Nem em pensar que, a partir de agora, abre-se a fonte da "eterna juventude", como insinuei ao início. A idade e os anos são nossa prova de vida e envelhecer é o único testemunho de que vivemos.

Abre-se, porém, a rota para o fim da senilidade e da caduquice, e os idosos poderão pensar e agir como jovens. E morrer lúcidos e sãos. Afinal, a água é dádiva da natureza (e, assim, tem algo de divino) ou é mercadoria vendável, tal qual as das prateleiras dos supermercados?

A pergunta se encaixa na decisão do governador Eduardo Leite (aprovada pelos deputados) de privatizar a Corsan, que abastece 307 municípios gaúchos. Arilson Wünsch, presidente do Sindiáguas, que reúne os trabalhadores do setor, lembra (e festeja) que 70% dos municípios recusaram-se a aceitar os termos que levam à privatização.

FLÁVIO TAVARES

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