sábado, 5 de março de 2022


05 DE MARÇO DE 2022
FLÁVIO TAVARES

GUERRA QUENTE?

O defeito maior do ser humano é não aprender com o horror, insistindo no erro e vendo a tragédia como meta. É o caso da guerra iniciada por Putin ao invadir a Ucrânia.

Na Segunda Guerra Mundial, nenhum povo sofreu tanto quanto o russo. Mas, agora, são os russos que invadem e destroem. Tudo, hoje, é mais absurdo do que durante a Guerra Fria, quando duas superpotências disputavam a hegemonia político-militar. Lá, havia pelo menos um pretexto, mas hoje só há loucura.

Putin deixou claro isso ao insinuar que usaria o arsenal nuclear russo, se necessário, para dominar a Ucrânia. O que quer ele? Ocupar territórios, como Hitler?

Anos atrás, a Rússia de Putin anexou a Crimeia e houve protestos na ONU mas, de fato, o mundo não viu a usurpação, ainda que a maioria da população descenda de russos e fale russo.

Abria-se, assim, a porta para a invasão atual, em pleno inverno, quando o frio dá à Rússia a vantagem de fornecer o gás que aquece a Europa Ocidental. Assim, a Rússia acumulou mais de US$ 600 bilhões em reservas financeiras, em condições de resistir (na guerra) às restrições do sistema bancário internacional.

O governo russo preparou a guerra até como gesto de autodefesa. A maioria dos países do antigo "mundo comunista", liderado pela extinta União Soviética, se integrou à Otan, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, um bloco militar chefiado pelos EUA e não um mercado comum.

Alguns são fronteiriços e poderiam servir de base a eventual conglomerado militar em condições de afetar a segurança russa.

Nenhum deles tinha no território, porém, enclaves com populações de origem russa e que falam russo, como na Ucrânia. Para Moscou, isso era mais importante do que a base de mísseis da Otan na Polônia, a 160 quilômetros da fronteira.

Ao invadir a Ucrânia, Putin agiu como o velho agente da KGB dos tempos da Guerra Fria e se antecedeu aos fatos. Vislumbrou (ou fantasiou) que a Ucrânia se integraria à Otan e decidiu invadi-la. Não esperava a resistência atual e cometeu um erro fatal: insinuou acionar o arsenal atômico russo para decidir a guerra.

Aí surgiu a insânia, em condições de levar o mundo inteiro a um antecipado apocalipse.

???

Há, porém, quem lucre com a matança da guerra. O complexo industrial-militar do Ocidente deve agradecer a Putin, pois nunca como agora tinha vendido tantas armas.

Tão só a União Europeia criou um "fundo de ajuda" de 5 bilhões de euros em armas para a Ucrânia, aquecendo a guerra.

FLÁVIO TAVARES

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