sábado, 7 de maio de 2022


07 DE MAIO DE 2022
CLAUDIA TAJES

O ataque dos preços assassinos

Por que está tudo tão caro? São muitas as razões para sobrar mês no salário da maioria absoluta dos brasileiros - isso considerando os que têm emprego, claro. Segundo os economistas, entre o que é palpável e as armadilhas do imponderável, dá para anotar:

- A taxa SELIC em 11,75%, e já ameaçando subir novamente.

- Os efeitos da pandemia na economia, que segue com dificuldades para suprir produtos e serviços no mercado interno. - A guerra entre Rússia e Ucrânia, que bagunçou o abastecimento de grãos e petróleo, para ficar apenas nos dois casos mais dramáticos.

-  As condições climáticas desfavoráveis no Brasil, que também afetaram o abastecimento.

-  A valorização do dólar, que aumentou o preço dos insumos importados utilizados na indústria nacional. E que, para o agro, faz com que seja melhor negócio vender para fora do que abastecer o mercadinho do seu Oliveira, ali na esquina.

- A expectativa com as eleições de outubro. Como se algum cenário pudesse deixar a coisa toda pior do que está hoje.

Fato é que a ida ao supermercado virou um filme de terror, e nem é original da minha parte dizer isso. Estou me autoplagiando, já escrevi uma coluna com esse tema em novembro do ano passado, quando parecia que os preços tinham se descontrolado.

Pois sim. Saudade do quilo da laranja custando menos de R$ 3. Da cenoura a R$ 2 e pouco. Do tomate a menos de R$ 4, e já era caro. Da banana a R$ 1,25 em julho de 2021! Do leite que se encontrava por menos de R$ 3 o litro e que, meses depois, chega a custar R$ 7 em alguns estabelecimentos.

E não vamos nem falar da carne. Do queijo. Do arroz. Do feijão. Do óleo. Dos produtos de limpeza. Dos supérfluos, primeiros a desaparecerem das listas de compras quando a coisa aperta. Não concordo com essa denominação, supérfluos, para os pequenos prazeres que deixam a vida mais colorida. Alegria nunca é supérflua.

Entrar no supermercado está tão assustador que lembra alguns filmes de terror B de décadas passadas. Em 1978, um grupo de amigos filmou O Ataque dos Tomates Assassinos com um orçamento tão baixo que, hoje, perigava não comprar uma caixa de tomates. Nascia um clássico horroroso, mas um clássico. Agora, passando pelas cenouras, sempre imagino que elas vão criar vida e me atacar, não com o objetivo de arrancar meu coração, mas sim para sangrar minha carteira.

Pelo sim, pelo não, não entro mais no super sem uma medalha da minha Nossa Senhora do Bom Preço. Até o momento, ela não foi capaz de fazer nenhum milagre.

Para todas as mães que nunca desistem e nem se entregam, um beijo de quem ainda se admira do tanto que o mundo fica mais solitário quando a gente não tem mais a nossa mãe.

CLAUDIA TAJES

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