sábado, 7 de maio de 2022


07 DE MAIO DE 2022
FLÁVIO TAVARES

CRIME & CRIME

Existem crimes explicáveis, às vezes até os mais brutais. Nesse rol estão, inclusive, casos de feminicídio, cada vez mais constantes, em que a vítima é vítima só por ser mulher. As rixas de casais, em que o hábito da convivência substitui o amor, estão nesse caso, dando razão ao Papa Francisco ao pregar que os namorados devem conhecer-se melhor antes do matrimônio para evitar futuras separações e tudo o que delas deriva.

Há, porém, crimes em que a perversão é tanta que tudo se torna inexplicável e nebuloso. É o caso do quádruplo assassinato, dias atrás, em Porto Alegre, em que um pai de família se suicidou após matar a tiros a esposa, o filho, a sogra e a própria mãe. Não recordo de algo assim no mundo inteiro.

Toda a conduta ético-moral foi estraçalhada nesse crime que culminou com o suicídio, algo também afrontoso em si. Sabe-se que o criminoso premeditou tudo para matar enquanto as vítimas dormiam em plena cama. Mesmo condenável e perverso, pode-se deduzir que teria assassinado a esposa e a sogra num momento de raiva, transformado em ódio ao ampliar pequenas desavenças conjugais, o que não teria ocorrido.

Os assassinatos da própria mãe e do filho, porém, fogem a todas as interpretações e análises, negando algo humanamente sagrado. A única explicação é um surto de loucura. O assassino, porém, era tido pelos vizinhos como pessoa dócil, educada e prestativa. Talvez estivesse no rol dos que costumamos dizer serem "incapazes de matar uma mosca".

Nesse crime, não há sequer indícios de que o assassino fosse drogado e atuasse como tal. Cada vez mais, convenço-me de que a alma humana pode esconder-se do próprio ser e nem sabemos o que somos.

Os absurdos dominam o momento atual. Em entrevista à revista Time, dos EUA, o ex-presidente Lula da Silva afirmou que o presidente da Ucrânia buscou a guerra e, mesmo indiretamente, viu nele um agressor, não uma vítima do prepotente Putin.

Outra vez, Lula igualou-se a Bolsonaro - que se declarou "solidário" a Putin -, confundindo o agressor com a vítima da agressão.

FLÁVIO TAVARES

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