sábado, 1 de abril de 2023



01 DE ABRIL DE 2023
LEANDRO STAUDT

Imigrantes italianos no Vale do Paranhana

Em meio a colônias alemãs, imigrantes italianos chegaram no início do século 20 ao interior de Rolante, no Vale do Paranhana. A comunidade de Boa Esperança foi formada por famílias como os Longo, Cambruzzi, Lamonatto, Lazzari, Trentim e Rossi. Em busca de terras mais baratas, que pertenciam a Santo Antônio da Patrulha, colonos deixaram seus lotes na serra gaúcha.

Depois de derrubarem parte da mata, produziram trigo, milho, uva e outros alimentos para subsistência. Preocupados com a educação, Jorge Valandro foi o primeiro professor, em 1933. Como em outras colônias italianas, a fé fez eles erguerem a igreja em 1935. A velha igrejinha deu lugar à atual, construída na década de 1950. A bela casa paroquial, de 1936, continua ao lado.

No salão paroquial de Nossa Senhora de Caravaggio, uma exposição mostra a história resgatada pelas moradoras Josiane Gabriela Sbardelotto e Lisiane Bonetto Prezzi. Os imigrantes chegaram pelas picadas no mato. Com ajuda de mulas ou cavalos, transportaram a pouca bagagem, de roupas e ferramentas. Construíram casas e móveis com a madeira da floresta. Na antiga escola, uma foto de 1947 mostra o grande número de crianças da comunidade.

Boa Esperança teve festa da uva em 1963. Com a roda d´água, poucos anos antes, chegou a energia elétrica. Nas décadas de 1960 e 1970, muitas pessoas deixaram a comunidade, atraídas pelos empregos da indústria calçadista. A comunidade é formada por menos de cem famílias.

Entre os italianos também viviam alguns alemães. Era o caso de Altur Edmundo Finger, casado com Marieta Boniatti. Nas terras do casal, fica a vinícola do bisneto Andrei Finger, presidente da Associação Caminho das Pipas (Acapi). O grupo formado por oito vinícolas, pousada e minimercado mantém a tradição dos italianos em um roteiro turístico.

Em Boa Esperança, a rota turística já está asfaltada, mas a ligação com a área urbana de Rolante ainda tem 11 quilômetros de estrada de chão. É um entrave para aumentar o movimento neste recanto da colonização italiana no Vale do Paranhana.

LEANDRO STAUDT

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