sábado, 5 de agosto de 2023


05 DE AGOSTO DE 2023
FLÁVIO TAVARES

A VIOLÊNCIA PERSISTE

Volto a escrever sobre a violência que nos rodeia a cada instante e chega a nos "tirar" o sono. 

A violência, porém, tem raízes ancestrais (ou remotas) e começa na Bíblia, ao contar que Caim matou o irmão Abel. Pergunto-me: até que ponto esse episódio, adotado por três religiões (judaísmo, cristianismo e islamismo), influencia historicamente nosso inconsciente? Se um irmão mata o outro, como conta a Bíblia, por que não matar o desconhecido motorista que "cortou" nosso carro no trânsito da rua?

Outra indagação são os jogos eletrônicos (que dizemos videogames, em inglês, numa violência ao nosso idioma) sobre o inconsciente infantil. Ali, quem "mata" mais é o vencedor! Matar é absorvido pelo inconsciente da meninada como algo normal, próprio do dia a dia.

O telefone celular espalhou os videogames pelo mundo e, assim, suas eventuais consequências. O "tum-tum-tum" da nova música é violento e ferino. Não relatarei os assaltos de rua, que nos dão medo de sair de casa. Saímos, então, quase só de automóvel, correndo o risco de sermos assaltados à mão armada numa sinaleira. Chegamos até, no íntimo, a "agradecer" ao assaltante por nos poupar a vida. E repetimos o jargão de que "levaram os anéis, mas nos deixaram os dedos"?

As redes sociais, com suas extravagantes mentiras, ampliam o arco da violência, pois não há ninguém mais violento do que o mentiroso. "A mentira tem perna curta", dizemos sempre, mas nos perturba e conturba interiormente, despertando a vingança.

Crescem dia após dia os feminicídios, em que a mulher é assassinada só por ser mulher. Também aí há um antecedente histórico - o antigo código civil estipulava que "o homem é o cabeça do casal", como se o masculino fosse superior ao feminino.

É desnecessário mencionar a violência mentirosa da demagogia dos políticos. A Petrobras, maior empresa da América Latina, foi quase literalmente quebrada, como desvendou a Lava-Jato, mas já esquecemos.

Em Porto Alegre, a prefeitura autorizou o corte de centenas de árvores do arborizado Parque Maurício Sirotsky Sobrinho a fim de "limpar" o terreno e reformular o parque para transformá-lo em centro de eventos. Esqueceu-se o prefeito de que as árvores sequestram carbono e são essenciais para reduzir o efeito estufa que ameaça a vida no planeta?

Ou será apenas ignorância?

Jornalista e escritorFLÁVIO TAVARES

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