sábado, 6 de janeiro de 2024


06 DE JANEIRO DE 2024
BRUNA LOMBARDI

O MAIOR PODER QUE JÁ CRIAMOS

Entramos em 2024, e, pela primeira vez na história da humanidade, existe a perspectiva de uma mudança radical, única e absoluta. A maior transformação de todos os tempos e o mundo como o conhecemos talvez nunca mais seja o mesmo.

Estamos na iminência daquilo que jamais aconteceu desde o início dos tempos e não temos a menor ideia de que futuro nos espera. Simplesmente não é possível avaliar de fato o que estamos criando e nem para onde isso nos leva.

Em todas as grandes mudanças da nossa humanidade, da roda aos mais potentes computadores, nunca houve nada parecido. Todas as novas tecnologias ao longo do percurso sempre estiveram sob controle do homem. Máquinas fabulosas transformaram inúmeras vezes a maneira como vivemos, algumas para melhor, outras para pior, mas sempre controladas por seres humanos. Mesmo que apenas aquele 1% da sociedade estivesse no comando, ainda assim eram mentes humanas a tomar decisões. Muitas vezes terríveis, como o uso da bomba atômica e tantas guerras, miséria, êxodos e sofrimento provocados por ditadores lunáticos e cruéis no poder.

Agora não. Agora acompanhamos a corrida da inteligência artificial (IA) e, diante dela, nenhum de nós, nem mesmo seus criadores, pode se aventurar a imaginar a dimensão do que vai acontecer nessa nova e imprevisível ficção tecnológica.

Até agora, nenhuma dessas máquinas e invenções eram capazes de criar algo sozinhas. Tudo sempre precisou ser acionado pelo comando humano, por decisões certas ou erradas, mas feitas por pessoas. A radicalidade dessa mudança ainda não é clara para ninguém, estamos todos no território da suposição, inferindo e fazendo as mais loucas projeções. Mas a corrida continua. E a incomensurável diferença é que essa nova IA comanda a si mesma.

Ela é capaz de criar o que quiser. Tomar o comando e decidir de uma forma autônoma e independente o que fazer.

Essa característica nunca aconteceu antes em toda a nossa história. Nunca houve um poder fora do alcance humano, cujas decisões pudessem afetar de forma irreversível tudo o que conhecemos e chamamos de vida.

Nunca houve uma revolução como essa, e nós, como raça humana, não temos a menor, a mais ínfima noção do que essa ferramenta fará ao tomar o poder e criar suas próprias ideias. E para onde essa execução independente de nós pode nos levar.

Seremos todos fracos diante desse poder insuperável? Seremos aos poucos todos subjugados? Como controlar essa força autônoma que desenvolvemos?

Nosso Frankenstein de repente acorda e nos domina? Teremos alguma chance de orientar essa ferramenta tão poderosa que tem mente própria, consegue ir para lugares inimagináveis e escapa completamente do nosso domínio?

Sem saber do que a IA é capaz, vamos continuar nessa corrida até que ponto? Espero que não sejamos os criadores da nossa própria destruição.

As respostas, cada vez mais velozes, começam neste ano. Que diante desse perigo a humanidade possa se unir e adquirir consciência antes que seja tarde demais.

BRUNA LOMBARDI

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