quarta-feira, 4 de setembro de 2024



04 de Setembro de 2024
DANO AMBIENTAL - Jhully CostaE 

DANO AMBIENTAL

Como a seca em diferentes regiões do país afeta o Estado. Fenômeno climático dificulta o controle das queimadas na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal. Consequências têm sido observadas em cidades gaúchas e especialistas alertam para degradação da qualidade do ar. Fumaça é observada no RS desde agosto, e sua presença deve se intensificar hoje.

O período de seca que afeta diferentes Estados e dificulta o controle das queimadas na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal vem gerando impactos em áreas não atingidas diretamente por esses problemas. Um exemplo é a fumaça que tem sido vista no RS desde agosto. As situações podem ter reflexos futuros, ainda difíceis de prever.

Além do grave dano ambiental que as queimadas causam, o meteorologista Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operação e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), comenta que a situação também gera riscos à saúde, já que a qualidade do ar está "imensamente degradada em algumas regiões" - o que pode agravar condições respiratórias, conforme pneumologistas consultados por Zero Hora.

Assim como o RS, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Amazonas, Rondônia e Acre registraram a fumaça pelo menos uma vez ao longo de agosto. O fenômeno decorrente dos incêndios pelo Brasil e em países vizinhos, como Paraguai, Argentina e Bolívia, retornou ao território gaúcho ontem, e sua presença deve se intensificar hoje.

- A fumaça vai ser mais grave ou mais notável quando tivermos frentes frias sobre o Uruguai, Rio da Prata e Argentina, porque aí o vento de Norte e Noroeste vai carregar a fumaça da Amazônia e da Bolívia para o RS - diz Seluchi.

Conforme o meteorologista, a vantagem do RS é a alternância no tempo, o que não ocorre nos Estados que estão dentro da área mais seca do Brasil. Seluchi destaca que a situação da fumaça está estabilizada, com pouca previsão de mudança, uma vez que setembro deve ser um mês seco, e o que poderia apagar os focos de incêndio, melhorando a qualidade do ar, seria a chuva.

Os especialistas consideram improvável que haja outros impactos a curto prazo no Rio Grande do Sul. Na visão de Pedro Maria de Abreu Ferreira, professor do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, a probabilidade de focos de incêndio migrarem do Centro-Oeste para o território gaúcho é praticamente nula, devido a distância.

Outros riscos

Ferreira ressalta que a época de seca no norte do Brasil ocorre agora, durante o inverno - período que costuma ser bastante chuvoso no Sul. Já a estiagem, chega ao território gaúcho no decorrer da primavera e do verão, causando problemas como falta de água e quebra de safra, mas sem relação direta com incêndios.

Professor do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências da UFRGS, Valério Pillar acrescenta que o RS passou por um período chuvoso, então vegetação e solo ainda estão muito úmidos. Isso torna o cenário diferente do restante do país, onde uma seca histórica atinge mais da metade dos Estados.

Nas condições atuais, não há risco dessas queimadas se estenderem para cá - destaca.

Entretanto, não há como saber quais os possíveis efeitos futuros da manutenção dessas queimadas e da entrada de fumaça na atmosfera para o RS, pondera Ferreira. _

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