sábado, 28 de setembro de 2024


INFORME ESPECIAL
Rodrigo Lopes

O jornalismo que importa

Este sábado, 28 de setembro, é o Dia Mundial da Notícia. Como ocorre a cada ano, a data marca uma iniciativa que une cerca de 800 empresas de comunicação mundo afora - entre elas o Grupo RBS - para chamar a atenção para a importância do jornalismo profissional na garantia da democracia e da liberdade de expressão para a sociedade.

O projeto é da Canadian Journalism Foundation (CJF) e da Associação Mundial de Jornais - Fórum Mundial de Editores (WAN-IFRA - World Editors Forum). "Escolha a verdade", diz o slogan da campanha.

Em maio, o Rio Grande do Sul viveu sua maior tragédia climática - e sabemos o quanto a desinformação tentou fazer morada em meio ao drama humano.

Foi o jornalismo profissional que serviu como canal de informação confiável, antídoto contra mentiras, além de mobilizar a sociedade e amalgamar a solidariedade entre os gaúchos em sua hora mais difícil.

No sul do mundo ou em outras partes do planeta, a imprensa tem sido colocada à prova por inúmeros fenômenos: mudanças climáticas, regimes autocráticos e potenciais ditadores, que desafiam liberdades. Conflitos armados, como no Oriente Médio e entre Rússia e Ucrânia, desafiam os jornalistas a cultivarem a independência, o rigor na apuração e a fidelidade aos fatos. Além disso, há o impacto das novas tecnologias e as chamadas big techs, que pressionam modelos de negócio das empresas de notícias.

- Num mundo sobrecarregado de informações e acontecimentos, muitos deles desafiantes, os cidadãos precisam de fatos, certezas e perspectivas. O jornalismo de qualidade oferece isso e muito mais. No Dia Mundial da Notícia, reunimo-nos como cidadãos para lembrar por que esse jornalismo é importante e por que vale a pena apoiar meios de comunicação éticos, confiáveis ??e que buscam a verdade - avalia Martha Ramos, chefe editorial do Fórum Mundial de Editores.

Neste 28 de setembro, nós, jornalistas, nos damos as mãos para reafirmar nosso compromisso inabalável com os fatos, com a responsabilidade, com o profissionalismo, com a apuração correta e com a sociedade. Verdade importa. _

Opinião dos profissionais

A coluna publica ao lado trechos de textos de opinião de diversos jornalistas de diferentes veículos de comunicação do mundo todo, em que falam sobre a defesa da liberdade de imprensa e do jornalismo independente, sério e profissional. Entre eles, representantes de Filipinas, África do Sul, Nicarágua, Brasil e Egito. Todos eles fazem parte do World News Day 2024.

"O ano de 2024 está testando nossas sociedades modernas de maneiras que esperávamos que nunca se repetissem. Ao redor do mundo, regimes autocráticos e potenciais ditadores desafiam liberdades que atravessam fronteiras, raças e religiões. Nesse turbilhão, é o jornalismo, baseado em fatos e evidências, que tem o dever permanente de defender os valores sobre os quais nossa civilização foi construída. Em todo o mundo, são os jornalistas que vivem a sua responsabilidade de honrar este vínculo sagrado com os nossos públicos e as nossas comunidades."

Por Maria Ressa, diretora do site Rappler (Filipinas) e Prêmio Nobel da Paz 2021.

"Todos os nossos jornalistas foram forçados ao exílio para continuarem a fazer jornalismo livremente, e as nossas fontes independentes de informação são perseguidas e ameaçadas. No entanto, as notícias que continuamos a publicar sobre a corrupção pública, os conflitos internos dentro do regime, o expurgo de altos funcionários, o êxodo em massa de quase 10% da população e a utilização da Nicarágua como trampolim para a ilegalidade da deportação de migrantes para os Estados Unidos, são histórias que ninguém ouve na imprensa oficial."

Por Carlos F. Chamorro, jornalista investigativo nicaraguense, editor do site Confidencial.

"A imprensa não é a solução para todos os dilemas do nosso tempo, mas tente imaginar um mundo sem ela. Quem depuraria entre fatos e rumores? Como confiar em algo ou em alguma instituição se não houvesse um certificado de credibilidade? Quem denunciaria o surgimento de uma nova fraude cibernética? Quem investigaria a corrupção e outros crimes quando as agências governamentais são lentas ou negligentes? Finalmente, quem exporia o poder dos autocratas corruptos e a sua ameaça às democracias?"

Por Marcelo Rech, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), membro do Conselho Editorial do Grupo RBS e colunista de Zero Hora.

"Construir, gerir e sustentar o jornalismo de serviço público local, capaz de desempenhar papéis críticos no apoio a suas comunidades, é muitas vezes uma tarefa ingrata. Em todo o mundo, o dinheiro secou à medida que o negócio do jornalismo foi ameaçado pelas grandes tecnologias, os empregos foram eliminados, a qualidade foi comprometida, os recursos foram fragmentados e o valor do jornalismo é constantemente contestado. Fechar espaços de informação é um risco elevado. Sabemos que o jornalismo independente é fundamental na defesa da verdade."

Por Fatemah Farag, fundadora e diretora do Welad ElBalad Media, do Egito. _

Zelensky se reúne com Kamala e com Trump

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, se encontrou com os dois candidatos à presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris e Donald Trump.

A democrata demonstrou apoio irrestrito à Ucrânia na guerra contra a Rússia.

O republicano afirmou ter um bom relacionamento com Zelensky e com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o que fará, segundo ele, com que consiga resolver a guerra caso vença a corrida à Casa Branca. _

Quer entender o Oriente Médio? A coluna recomenda série, filme e livros

FAUDA Série sensacional, disponível na Netflix, que revela a complexidade do conflito por meio das ações de uma unidade do exército de Israel, o sofrimento dos israelenses e palestinos, e as relações do grupo terrorista Hamas.

MUNIQUE O filme é antigo, de 2005, mas se torna muito atual diante da operação montada por Israel nesses dias, com pagers, para eliminar membros do Hezbollah. Na obra, uma missão secreta mata 11 pessoas ao redor do mundo depois que terroristas palestinos assassinam 11 atletas israelenses na Olimpíada de Munique em 1972.

DE BEIRUTE A JERUSALÉM De Thomas Friedman, do jornal americano The New York Times, o melhor livro para compreender as origens dos conflitos no Oriente Médio.

POBRE NAÇÃO De outro puro-sangue do jornalismo internacional, Robert Fisk, o livro mostra como o Líbano, conhecido outrora como a Paris do Oriente Médio, se tornou um país tampão entre Irã e Israel - além, claro, de contar as origens do Hezbollah.

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