
21 de Junho de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo
Alívio no mercado, retirada do Irã
Deu certo alívio aos mercados o aviso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que decidirá se entra ou não na guerra entre Israel e Irã dentro de duas semanas. A cotação do petróleo caiu 2% na sexta-feira, com o ganho de tempo para negociações diplomáticas. No Brasil, o dólar voltou ao nível de R$ 5,50 do qual havia saído com leve alta de 0,45%, para R$ 5,525, e a bolsa recuou 1,1% diante da nova alta de juro definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
Mas no mesmo dia em que começaram negociações de uma alternativa pacífica em Genebra (Suíça), na sexta, países europeus retiraram seu pessoal do Irã. A própria Suíça informou ter fechado "temporariamente" sua embaixada em Teerã. Desde 1979, com invasão e sequestro de americanos na sua sede diplomática na capital iraniana, os EUA são representados no país pelos suíços. O Reino Unido também retirou funcionários diplomáticos, levando a embaixada a operar em modo remoto.
Conforme analistas, parte do mercado não esperava o aumento adicional na Selic e ajusta as apostas no câmbio nesta sexta-feira para contemplar o maior diferencial de juro em relação aos Estados Unidos, que gera negócios chamados de "carry trade" (tomar dinheiro a juro baixo em um país e aplicá-lo em outros onde as taxas são mais altas). _
Expansão nacional começa no RS com R$ 14 milhões
Depois de investir R$ 11 milhões em três anos na fábrica que mantém em Canoas, a Midea Carrier vai aportar mais R$ 14 milhões só neste ano para aumentar eficiência e produtividade da unidade gaúcha.
Os recursos são parte de plano de expansão nacional da Midea Carrier, que começa na região metropolitana de Porto Alegre com a abertura de escritório regional. A empresa é conhecida pela produção de eletrodomésticos, como ar-condicionado, lavadora e refrigerador.
O vice-presidente de vendas e marketing da Midea Carrier, Mario Souza, lembra que há relação antiga entre marca e Estado: a planta de Canoas opera no mesmo local há cerca de 60 anos. Desde 1983, a Springer, que era dona da fábrica, pertence à americana Carrier, que, em 2011, fez acordo com a chinesa Midea. A Midea Carrier tem cerca de 2 mil pontos de venda na Região Sul e pretende chegar a perto de 3 mil até o final deste ano. _
Entrevista - Aquilino Senra - Professor de Engenharia Nuclear na Coppe/UFRJ
"Ataque a usina nuclear seria o pior cenário"
Que risco há em ataque a instalações nucleares do Irã?
Há confusão entre ataques a usinas nucleares e a instalações de enriquecimento de urânio. Usinas geram muito material radioativo. Nas de enriquecimento, o que circula é hexafluoreto de urânio. O que é energético é o urânio 235, mas a concentração natural é de só 0,7%. Para gerar energia, é preciso 5% e para fazer bomba, mais de 90%. É como gasolina: eleva a octanagem para ficar mais potente.
A quanto o Irã estava enriquecendo urânio?
A Agência Internacional de Energia Atômica reporta urânio enriquecido a 60%. Com esse nível, não se faz bomba atômica. Não é opinião, é físico, é a ciência. Relatou que o Irã escala rapidamente o enriquecimento, mas se chegou a 60%, leva tempo até alcançar 90%.
O Irã pode ter urânio a 90% e a agência não saber?
Há informações porque o Irã é signatário do tratado de não proliferação de armas nucleares. Por isso, suas instalações são inspecionadas. É como abastecimento de gás: tem medidores que registram entrada e saída. Se sai menos, indicaria desvio a ser investigado. Possível sempre é, mas não é provado.
Que tipo de ataque a instalações nucleares pode gerar vazamento radioativo?
Existe uma lei de guerra proibindo ataque a instalações nucleares, porque têm um inventário de material radioativo muito maior do que em instalações de enriquecimento de urânio. Se explodisse, geraria nuvem de material radioativo como a de Chernobyl, alcançando 2 mil quilômetros. Não danifica só a infraestrutura do país atacado, atinge outros.
Mas já houve ataques a usinas nucleares no Irã, não?
Sim, mas os alvos foram as partes não nucleares. O reator atômico é uma parte pequena entre os componentes de uma usina. Essa unidade não deve ser atingida por míssil porque liberaria radioatividade. É como um caminhão, que tem motor, cabine, carroceria, pneu. Em ataques a usinas, os alvos costumam ser a carroceria, os pneus. No Irã, os alvos foram prédios administrativos. O objetivo era que a planta parasse de funcionar. E como foi informado pela agência atômica, não houve dano na parte nuclear. Um ataque à usina seria o pior cenário.
Há especulação sobre eventual ataque a outra instalação, a de Fordow. O que se sabe sobre a unidade?
É uma planta de enriquecimento de urânio, como Natanz, que fica na superfície, mas Fordow é subterrânea. O habitual é que os países tenham só uma unidade de enriquecimento. É o caso do Brasil. Temos usina em Angra dos Reis e enriquecimento em Resende (RJ). É prática mundial. E não é comum instalar a 90 metros de profundidade ou mais. Isso reforça a ideia de que queriam fazer bomba, em local que não fosse facilmente atacado por caças. Mas até agora se trata de especulação, não há confirmação.
Qual o dano de ataque a plantas de enriquecimento?
Só circula o UH6. Do ponto de vista de radioatividade, o risco é baixo comparado a usina nuclear. Mas é um gás tóxico, gera ácido fluorídrico (corrosivo que causa queimaduras graves). Tem riscos ambientais, de contaminação de solo e água. _
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