sábado, 10 de outubro de 2020


10 DE OUTUBRO DE 2020
OPINIÃO DA RBS

MAIS PERTO DA VACINA 

O grande anúncio esperado pela humanidade neste sombrio 2020 parece enfim estar se aproximando. O Brasil e o mundo podem receber, antes do final do ano, a tão aguardada notícia da aprovação de ao menos uma vacina segura e eficaz contra o novo coronavírus. A esperança de que a imunização contra a doença que até agora vitimou mais de 1 milhão de pessoas ao redor do planeta se fortaleceu na última semana pelas declarações do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom.

A chegada da vacina contra a covid-19 será o divisor de águas deste capítulo marcante da História. Ao mesmo tempo que permitirá pôr um freio na escalada de mortes, deverá colocar um fim no doloroso período de imposição de afastamento social entre famílias e círculos de amizade. Injetará maior confiança na retomada da economia e na recuperação dos empregos perdidos ao longo da pandemia. Significará uma espécie de início de uma era voltada a curar todas as feridas socioeconômicas e emocionais abertas pela grande crise sanitária em um século.

Desenvolver uma substância capaz de evitar infecções pelo novo coronavírus é o primeiro e mais importante passo, mas não é tudo. Provavelmente, ao longo dos próximos meses um número maior de laboratórios e de países vai anunciar a aprovação de novas vacinas e, por isso, é preciso evitar que a possível multiplicidade de opções se transforme em uma guerra entre governos e empresas. Desconfianças ideológicas, assentadas apenas sobre a nacionalidade da vacina, também são inoportunas. Somente a luz da ciência deve ser seguida. O segundo ponto é o acesso universal. A imunização tem de ser assegurada às populações de todas as nações, a preços justos e, em alguns casos, como nas regiões mais pobres, até subsidiada. É uma questão de segurança planetária e de humanidade. Não se trata de um fármaco qualquer obtido por grandes corporações.

Assim que a vacina estiver disponível, devem ter prioridade, como está previsto, os grupos considerados mais sensíveis à doença ou expostos ao vírus, como idosos, profissionais de saúde, pessoas com comorbidades, grávidas e povos vulneráveis, como os indígenas. Até que toda a população possa ser imunizada. Mesmo assim, ficarão lições que precisam ser aprendidas por governos e sociedade para o enfrentamento de outras pandemias no futuro. 

No caso de países como o Brasil, a desordem causada pela eclosão do novo coronavírus serviu para escancarar as desigualdades sociais, o péssimo sanea- mento e a gritante assimetria no acesso à internet, com impactos profundos na educação. São problemas, aliás, que nem sequer precisariam de uma crise da magnitude da atual para serem atacados. Como agora estão mais evidentes, fica a expectativa de que o país possa encontrar a rota para formular e administrar os remédios adequados para curar a vergonhosa chaga do subdesenvolvimento.

 

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