sábado, 8 de junho de 2024


APRENDER OU NÃO VER?

O velho refrão "há males que vêm para bem" pode aplicar-se agora à tragédia das enchentes. Basta aprender com o horror, pois é ele que nos leva a compreender o mundo e a vida, tal qual as doenças nos fazem entender que a saúde é o bem mais precioso.

Tudo o que ocorreu no Rio Grande do Sul com a chuvarada e as inundações nos remete às mudanças climáticas e suas consequências. Infelizmente, porém, existem os negacionistas, primos-irmãos dos terraplanistas, aqueles que insistem que a Terra é plana, pois - indagam eles - se assim não for, por que a água dos mares não cai no espaço nem molha o Sol, a Lua e os demais planetas?

A derrubada de florestas, as chaminés industriais e tudo que gere monóxido de carbono com o uso dos combustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral) incidem diretamente nas mudanças climáticas, que crescem e se transformam em crise.

Ao avaliar em Nova York os estragos provocados pelas enchentes no sul do Brasil, o secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu que "somos a crise" e da crise passamos "ao inferno climático". Recordou a extinção dos maiores animais do planeta e afirmou: "Somos o meteorito, não os dinossauros".

Com as enchentes, vivemos um panorama de guerra, mesmo sem bombardeios e canhões, como se a destruição da Ucrânia ou da Faixa de Gaza tivesse se instalado aqui. Ou como se o terrorismo do Hamas tivesse mudado de fisionomia e adotado a forma de chuva.

Tudo é indescritível. Nem as imagens da TV conseguiram mostrar o horror. Faltam adjetivos em nossa língua ou em qualquer idioma para descrever a situação e o que se vê ao redor. Destaco, porém, o trabalho dos voluntários que salvaram flagelados ou que se dedicam a cozinhar nos abrigos, mostrando que nem tudo está perdido.

O inferno climático não é invenção dos ambientalistas, mas uma realidade angustiante. Em meio a tudo isso, porém, há uma ironia - a 5 de junho, em meio à chuva, celebrou-se o Dia Mundial do Meio Ambiente.

Aprenderemos com o horror ou seguiremos vendo a natureza como um estorvo?

FLÁVIO TAVARES 

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