sábado, 1 de fevereiro de 2020



01 DE FEVEREIRO DE 2020
CAPA

"O mundo está aprendendo a respeitar o amor do outro"

Na pele de sua terceira protagonista, como você vê esse começo de carreira?

É Deus, né? Acho que tudo acontece no momento que tem que acontecer, o sol brilha para todo mundo. Então, acredito que o que é meu vai ser meu e o que é seu, vai ser seu, tem chance e oportunidade para todo mundo. Acredito muito que você não precisa diminuir ninguém para conquistar alguma coisa, não precisa criticar alguém para se sentir melhor. O mundo é tão grande, tem espaço para todo mundo.

Depois de duas mocinhas com mais carga dramática, em produções de época, você agora encara uma personagem mais leve, com tons de comédia. Como está sendo a experiência?

Uma experiência única e muito boa. E um risco, por eu já ter feito personagens densas. É a primeira vez que estou fazendo comédia, é um lugar novo. E a Kyra é corporal, expansiva, é um aprendizado diário. Eu acredito na verdade da personagem, para fazer isso acontecer. Esses desafios dela estão me fazendo muito bem, aprendo coisas muito diferentes do que eu fiz com outros personagens.

O que você e a Kyra têm de semelhante?

Eu tenho esse lado romântico - ela acredita nas pessoas, ela acredita no amor verdadeiro. Hoje em dia, a gente tem tantas possibilidades. Se não está feliz, pode mudar, não está bem no relacionamento, pode escolher não estar mais nesse relacionamento, é um direito que adquirimos. Mas, ao mesmo tempo, eu acredito em ter uma pessoa que me faz bem, estar junto. E a Krya tem isso, passou por vários relacionamentos que não deram certo e encontrou o Rafael (Bruno Ferrari) e acredita que vai dar certo. Somos parecidas nessa coisa de acreditar no amor. Mas somos diferentes em em um aspecto: eu penso antes de falar, e ela, não. Se atrapalha e fala o que não deve. Mas não é falta de delicadeza, é que ela é sincera demais (risos).

Como você encarou as especulações e notícias até assumir seu relacionamento com a atriz Marcella Rica?

Faz parte, eu me sinto preparada para isso, acontece. E até acho engraçado que as pessoas contam uma história, de que elas se conheceram de tal jeito, a partir de tal jeito, a partir de tal pessoa, mas não foi assim que aconteceu. Mas não fico chateada, prefiro acreditar na bondade das pessoas. Infelizmente, a gente tem que aprender a ser menos ingênuo com a vida. E sou de uma geração que encara isso (relacionamentos homossexuais) com uma naturalidade muito grande, sei que gerações anteriores passaram por situações mais difíceis.

Como foi esse processo de compartilhar sua relação com a Marcella?

Eu não gosto de mentiras, não me sinto bem. Sou relativamente reservada com todos os meus relacionamentos, mas chega um momento em que mentir não é uma opção. Se é uma pergunta que está vindo de maneira recorrente e se eu não tenho problema em responder isso... Mas também não é interesse meu sair dando detalhes, por exemplo.

De que forma você lida com esse interesse sobre a sua vida pessoal?

Vim do Rio Grande do Sul, não cresci acostumada com uma vida pública. Tudo eu entendo como um passo a passo, vou me acostumando aos poucos. Tudo é novo: sair em algum lugar e ser reconhecida é novo. E, a partir do momento em que você está entrando na casa das pessoas, é normal despertar interesse. Com o Instagram e as redes sociais, é diferente de antigamente, quando você via o ator na TV e raramente o via em um shopping, por exemplo. Hoje, tem paparazzi, internet e muita gente gosta de compartilhar a vida e o que está fazendo no dia a a dia. Então, acredito que as pessoas têm um interesse maior, querem saber o que aquela pessoa veste, quais são seus amigos, quem ela beija, se usa batom. Somos seres humanos, acho normal o interesse.

Como você avalia o retorno das pessoas depois de você e Marcella terem falado publicamente sobre o relacionamento de vocês?

O que eu ouvi é que as pessoas ficaram admiradas com a nossa coragem. Mas também acho uma pena que a gente tenha que ver isso como coragem, amor e felicidade não deveriam ser vistos como atos de coragem, no sentido de que a gente não devesse compartilhar isso. Amor de mãe, filho, namorado, é amor, é a coisa mais linda do mundo. Mas o mundo está aprendendo a respeitar o amor do outro.

Por conta de sua personagem de Espelho da Vida, que vivia um amor que envolvia vidas passadas, você foi parar na lista da Forbes entre as jovens com menos de 30 anos que se destacam em sua área de atuação. Foi uma conquista, mas chegou a gerar algum peso? Sentiu alguma insegurança ou cobrança para os passos seguintes?

Quando um ator fica muito marcado por um personagem é porque ele fez muito bem, porque se entregou mesmo. Mas, ao mesmo tempo, procuro testar um pouquinho do personagem na minha vida também. No final do processo, cabe à gente ver o que a gente leva de bom, o que a gente quer deixar. Eu levei muitas coisas boas, mesmo sendo uma história muito sofrida, no final, com muito choro e descobertas triste e densas. Mas, para Salve-se Quem Puder, não pensei nisso. Agora, estou me divertindo contando as minhas histórias e esperando que o público goste também de me ver contando novas histórias.

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