sábado, 6 de junho de 2020



06 DE JUNHO DE 2020
INFÂNCIA

O DESENVOLVIMENTO NO CONFINAMENTO

HÁ ESPAÇO PARA APRENDIZAGEM QUANDO NOSSOS FILHOS ESTÃO TENTANDO DIGERIR AS INDIGESTAS RESTRIÇÕES DO DISTANCIAMENTO SOCIAL?

As aulas da Educação Infantil foram suspensas em março. Com as crianças em casa e o acúmulo de atividades, surgem muitas dúvidas quanto às possibilidades que se têm de estimulação no ambiente familiar. Nem sempre os estudos domiciliares são exequíveis com crianças pequenas. É possível não haver prejuízos neste cenário?

Estamos vivendo um período sem precedentes. A cada dia, novos desafios e questionamentos. Ainda não é tangível o retorno às escolas. Cenários estão sendo estudados e há espera por mais conhecimento de como a covid-19 se comportará em nossa cidade. Enquanto isso, as crianças seguem aguardando em casa, respeitando o distanciamento social.

O progresso da aprendizagem na primeira infância se dá através de amplas experiências. O corpo, os movimentos, o convívio e as vivências tornam o espaço educacional uma experiência completa. Assim sendo, o desenvolvimento nesta etapa não significa a aprendizagem de conteúdos.

Como reproduzir, em casa, este estímulo? Pais vêm se esforçando, incansavelmente, buscando incentivar seus filhos para as videoaulas. Nem sempre o esforço resulta em saldo positivo, e muito mal-estar pode ser criado nestas tentativas.

Antes do coronavírus, havia uma grande mobilização da Sociedade Brasileira de Pediatria orientando a restrição às telas para crianças pequenas. Hoje, temos as aulas justamente pelas telas. É a possibilidade que temos no momento, mas é inegável que estamos "tateando".

A pandemia provocou muitas perdas para a sociedade. Há famílias ansiosas diante da possibilidade de perder empregos - ou mesmo já tendo de lidar com o desemprego. Há o distanciamento de familiares queridos. A impossibilidade de ir e vir. Crianças privadas do convívio com seus pares. O clima angustiante ronda as casas. Há espaço para aprendizagem quando as crianças estão tentando digerir as indigestas restrições às quais temos que observar? A insistência em realizar as tarefas escolares pode ser prejudicial aos pequenos?

Este não é um artigo de respostas. As certezas andam em falta. Porém, quando estuda-se sobre desenvolvimento infantil, é inegável que a tranquilidade das crianças possibilita a elas desbravar e aprender. Então, não seria momento de trabalharmos em prol de bem-estar emocional?

Se por um lado temos a privação do coletivo, nunca as crianças conviveram tanto em família. Este pode ser um grande ganho: pais desenvolvendo novas formas de se relacionar com seus filhos, tendo mais intimidade. Aproveitar este momento e deixar as crianças usufruírem do seu espaço, brincando, explorando e criando, pode ser a melhor saída. Ficar fixado nas perdas pode ter repercussões muito danosas, como ansiedade e tristeza.

Ainda que não saibamos como a pandemia ficará registrada na criançada, estar atento aos limites que os pequenos assinalam e impedir prejuízos emocionais é um passo acertado. Se estiverem em harmonia, o convívio em família será combustível para os pequenos enquanto esperamos a reabertura das escolas. Aguardemos brincando!

*Psicóloga - DÉBORA LAKS*

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