sábado, 30 de novembro de 2024


30 de Novembro de 2024
MARTHA MEDEIROS

Bate-bola, jogo rápido

A bola é a metáfora perfeita para este assunto.

Talvez você conheça um homem que, mesmo sendo generoso e inteligente, não entendeu direito como funciona o mecanismo de dar uma, duas, três embaixadinhas com a palavra e passar a bola adiante. Ele retém a bola e dá 12, 20, 35 embaixadinhas, enquanto os parceiros aguardam de braços cruzados, e por vezes até desistem da brincadeira, se dispersando. A roda só se mantém quando todos têm o mesmo protagonismo, a troca precisa ser ágil.

Falo de conversas em grupo. Cinco pessoas, dois casais, três ímpares, um par, não importa. Ninguém pode reter a bola por muito tempo, ou o jantar desanda, a conversa entedia. A graça está em dar seu recado com clareza e depois, elegantemente, passar a chance ao outro de mostrar seu talento. Alguns segundos são suficientes, daqui a pouco a bola volta para você.

Vai à praia hoje? Observe.

Tenho absoluto fascínio pelos garotos que batem bola em círculo à beira mar. São os mestres da diplomacia, adolescentes já manifestando o adulto que serão. Todos com domínio de suas habilidades, sem a compulsão de reterem a bola a ponto de desprestigiarem os parceiros. Todos têm a mesma oportunidade de mostrarem seus dotes, sendo que o principal deles nem é a destreza, e sim a arte de conviver.

Mas e se você for um Gabigol entre amadores, um Vini Junior entre pernas de pau? Maior será sua dignidade ao se igualizar e manter a bola por pouco tempo em seus pés. O encontro nunca serve para projetar um só, e sim para confirmar a disponibilidade do grupo em repartir os holofotes e permitir que a verdade sobressaia: somos todos iguais, mesmo aqueles que parecem mais iguais do que os outros.

Meninas são craques em bate-bolas com tempo repartido, observe-as em bares e cafés: elas sabem que têm muito a dizer, e todas mantêm-se interessadas umas nas outras. Duas, três embaixadinhas falando de si mesmas, e passam a bola. Às vezes com uma ligeireza que induz a achar que falam todas ao mesmo tempo - ainda assim, todas têm a sua vez.

Meninos, não retenham a bola com exagero, não se concentrem tanto em si mesmos e em suas histórias prolongadas, aprendam a repartir. A bola logo voltará a seus pés. Joguem-na para frente com paciência e desprendimento, assistam a habilidade de quem está jogando junto e permitam que a vida seja divertida para todos. _

MARTHA MEDEIROS

30 de Novembro de 2024
CARTA DA EDITORA

Donna Beauty Pompéia

Sextou com "animal print" - É tempo de casa

A tendência atemporal do animal print se tornou curinga nos armários de quem gosta de ousar nos looks. E as Gu, que não ficam de fora de uma tendência, já garantiram as suas peças da coleção de Primavera/Verão da Pompéia.

A estampa animal propõe um toque ousado e autêntico a qualquer produção. Tem dúvidas de como usar? A dica é combinar com opções sóbrias, dando destaque à peça estampada. Mas não se esqueça: a versatilidade do animal print permite brincar com tons mais vibrantes, como vermelho e amarelo, especialmente para aquelas que não têm medo de usar e abusar das cores.

Quer mais dicas para produções? Solicite o nosso serviço de consultoria de moda gratuito, disponível em todas as lojas. Visite ainda o Donna Beauty Pompéia, no Pontal Shopping (Av. Padre Cacique, 2.893, de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 12h às 20h). Esses e outros looks também podem ser conferidos no site lojaspompeia.com e no aplicativo. _

Eu tenho um carinho muito especial pelos temas que envolvem decoração e arquitetura e design, herança dos meus 15 anos trabalhando como repórter e editora nesta área. Ano passado, inclusive, disse para as meninas da equipe que abraçaria a matéria de capa de tendências para moradas de praia para ajudar no fluxo. 

Era verdade, pois final de ano é puxado para todos, mas também queria lembrar meus tempos de caderno Casa&Cia. Presentinhos de Natal antecipados que nos damos, às vezes. Para esta edição, pratiquei o desapego e deixei a Lou Cardoso produzir o "verão em casa". É também uma forma de agradecer a Lou, que produziu e escreveu o conteúdo de décor ao longo dos últimos 12 meses com tanto carinho. Não tem o ditado que diz "quem adoça a boca do meu filho, na minha põe mel"?. Pois quem cuida do núcleo de decorlovers por aqui no jornal, eu viro fã na mesma hora. 

Na chegada de dezembro, então, podemos ver um resumo do que pode surpreender para uma casa solar e prática. Assim como na moda de vestuário e nas makes, uma cor pode transformar toda a produção de um ambiente, a exemplo das texturas - quer algo mais charmoso do que uma palhinha? Deixamos também um alerta para os apaixonados por tendências: está nos últimos dias a passarela da Mostra Glass, em Novo Hamburgo, que brilha na nossa capa desta semana. Vai até o dia 15 (o serviço está na página 5). Para entrar 2025 antenada no bem-morar.

Agendonna

13 anos de Desapegos

No Workroom

Neste domingo, o Brick de Desapegos comemora 13 anos com uma edição especial no Workroom (Cristóvão Colombo, 772, Floresta) das 13h às 20h. Lá, estarão mais de 40 marcas entre brechós, moda autoral e sustentável. Além disso, o evento terá flash tattoo, trilha sonora da DJ Malka Kunst e drinks do bar da casa noturna. A entrada é franca. Mais informações em @brickdedesapegos_.

Moda praia

E piscina

Uma novidade para quem quer aproveitar o verão em grande estilo. A cada R$ 219,90 em compras nas lojas Gang, os clientes podem adquirir uma toalha de praia exclusiva por apenas R$ 49,90. São três modelos disponíveis, sendo duas com estampas exclusivas. Encontradas nas lojas físicas no Rio Grande do Sul, no app e no e-commerce da marca em gang.com.br.

Alto Verão 2024

Coleção

Biamar lançou sua coleção de verão, pensando em truques de styling como sobreposições e combinações monocromáticas. Intitulada como Paradiso, a linha é composta por seis peças distintas, confeccionadas em malharia retilínea, de saia, vestidos, blusas e casaco. São apresentadas em três variações de cores neutras e básicas: preto, off-white e bege. Disponível no site da marca gaúcha loja.biamar.com.br.

Lábios de Chocotone

Edição limitada

Mais um hidratante labial com aroma diferente chegou para acompanhar as festas de fim de ano: a Bauducco Chocottone. A criação é uma união da Bauducco com a Carmed, e o produto já está disponível nas farmácias e perfumarias no valor de R$ 24,90. A produção é limitada.

CARTA DA EDITORA

30 de Novembro de 2024
DRAUZIO VARELLA

Uma tragédia assim enquanto a gente fuma faz parte do jogo. Graças à propaganda criminosa da indústria do fumo, minha geração ficou viciada em nicotina sem saber sequer que o cigarro fazia mal. Mas, hoje, fumante nenhum pode alegar desconhecimento, estamos cansados de ouvir que o cigarro causa câncer, doença cardiovascular, enfisema e muitos outros males.

Os malefícios são tão numerosos, que um fumante do sexo masculino vive 12 anos menos; se for mulher, serão 10 anos de vida jogados numa cova.

Tem gente que diz: "Minha tia teve uma morte tão bonita: sentou no sofá para assistir à novela, quando fomos ver tinha parado de respirar". Tomo a liberdade de discordar com veemência, prezado leitor conformado. Para quem está em boas condições de saúde e em pleno domínio das faculdades mentais, mortes súbitas nunca são bonitas. Bonito é estar vivo para sentir os prazeres que a existência nos traz: da água quente na pele embaixo do chuveiro à alegria de encontrar o amigo, ao sorriso de uma criança, ao orgasmo nos braços da mulher amada.

O cigarro não respeita as virtudes da pessoa e ataca à traição justos e pecadores, sem a menor piedade. As doenças cardiovasculares são campeãs de mortalidade no mundo inteiro. Das mortes por infarto do miocárdio que ocorrem na faixa dos 30 aos 44 anos de idade, 38% são atribuídas ao fumo.

No Brasil, com a proibição da publicidade nos meios de comunicação de massa, conseguimos destruir a imagem construída a peso de ouro pela indústria que exibia o cigarro como um hábito charmoso de mulheres lindas e homens poderosos. Foi possível mostrar à sociedade o que o cigarro realmente é: um vício chinfrim que dá hálito repulsivo e deixa mau cheiro no corpo, nas roupas e em todos os lugares fechados por onde o fumante passa. Não é um hábito. Hábito é tomar banho logo cedo ou ler antes de pegar no sono, o cigarro é um dispositivo para administrar nicotina, a droga que cria a mais dominadora das dependências químicas. É mais fácil largar do crack do que parar de fumar.

Os coreanos acabam de realizar um estudo para responder à pergunta: "Quanto tempo o ex-fumante leva para reduzir o risco de doenças cardiovasculares aos níveis dos que nunca fumaram?". Publicada no Journal of the American Medical Association (JAMA), em outubro deste ano, a pesquisa avaliou o risco de infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca congestiva e AVC em mulheres e homens que já deixaram de fumar.

A publicação envolveu grandes números. Foram 5,3 milhões de participantes selecionados no Korean Health Insurence Service Database. Nesse universo, 4,4 milhões nunca haviam fumado, 853 mil ainda fumavam e 104 mil haviam parado de fumar em períodos variáveis. Além dos números significantes, a pesquisa avaliou a relação entre doenças cardiovasculares e o número de cigarros fumados pelos ex-fumantes, dado que falta na maioria dos estudos semelhantes.

Os ex-fumantes foram divididos em dois grupos: "light" e "heavy", que não vou traduzir porque fumantes leves e pesados não fazem sentido em português. Foram considerados "light" aqueles que fumaram até 8 pacotes/ano. Ou seja, aqueles que fumaram 1 maço/dia por até 8 anos ou 0,5 maço/dia por menos de 16 anos. "Heavy" foram os que fumaram mais do que 8 pacotes/ano, portanto, 1 maço/dia por mais de 8 anos ou 0,5 maço/dia por mais de 16 anos. Eu, que fumei cerca de 1 maço/dia por 19 anos, sou considerado ex-fumante "heavy".

Os resultados mostraram que em ex-fumantes "light" o risco de doenças cardiovasculares cai lentamente em relação ao dos que continuam a fumar, mas só depois de 10 anos é que fica igual ao de quem nunca fumou. Nos que foram fumantes "heavy", a queda é bem mais lenta. Só depois de 25 anos é que o ex-fumante atinge os níveis de risco dos que nunca fumaram. Eu, que parei há 45 anos, espero fazer parte desse contingente.

Já o câncer de pulmão é mais vingativo. Embora sua incidência diminua gradativamente no decorrer dos anos de abstinência, a probabilidade de surgir parece nunca igualar a de quem jamais colocou um cigarro na boca.

Que droga maldita. 

Drauzio Varella


30 de Novembro de 2024
J.J. CAMARGO

Pois nesse caso, apesar da antecipação do gênero do filme na mídia, os primeiros três quartos da história são tranquilos, às vezes até divertidos, descondicionando o espectador para o que virá no quarto final. (Alerta de spoilers.) O casal de psicopatas que rege a trama e administra maldade com a naturalidade de quem come pipoca caminhando na rua, e discute educação de filhos como quem saiu de uma reunião de pais e mestres, é chocante, especialmente na versão dinamarquesa, em que os protagonistas do mal inicialmente não apenas parecem pessoas normais, mas cordiais e amistosas, a ponto de induzir no público a sensação transitória de que talvez esteja assistindo ao filme errado.

Abstraídas as diferenças de revolta ou submissão entre os casais subjugados, ambos têm um momento de perplexidade, quando, diante da maldade absurda, questionam: "Por que vocês estão fazendo isso com a gente?".

E a resposta, que devia ter sido esquecida pelos espectadores depois de uma noite de sono sem pesadelos, por alguma razão ficou martelando: "Porque vocês deixaram".

Testados no auge do sofrimento, todos alcançaremos o limite, definido como a fadiga do sofrimento, e então, nesse dia, descobrimos que nós somos muito mais do que as coisas ruins que nos acontecem, e a partir desse ponto nos tornaremos irreconhecíveis.

Claro que esse marco de tolerância é pessoal, e no coletivo se expressa diversamente em diferentes sociedades e etnias, mas é uma ingenuidade supor que a humilhação que estraçalha a autoestima possa ser mantida indefinidamente.

A submissão ao medo, muitas vezes mais fantasioso do que real, também bate no teto quando a vítima passa a odiar a si mesma pela submissão degradante, produzida por inércia ou covardia. Isso ocorre nos torturados crônicos, como relatou nosso querido Flávio Tavares (saudade das crônicas dele) no seu maravilhoso Memórias do Esquecimento, dando conta de que, num determinado momento, o rompante de destemor do torturado assusta o torturador, pela inversão inesperada dos papéis.

Como a velhice é a condição que marcha para o desfecho mais previsível, chegará um tempo em que nossos netos, perplexos com o país que lhes oferecemos como herança, terão adquirido o direito de perguntar: "Por que vocês deixaram que tantas coisas ruins acontecessem?".

Temo não existir dignidade possível em qualquer justificativa que se tente oferecer. _

J.J. CAMARGO

30 de Novembro de 2024
CARPINEJAR

A ladeira da Mostardeiro

Eu fui cobaia dos meus irmãos.

Aliás, todo irmão menor é dublê dos maiores. Para fazer o proibido. Para ir na frente na hora da molecagem. Para testar os limites. Para dividir os castigos. Meu irmão Rodrigo unicamente me procurava para seus experimentos loucos e imprevisíveis.

Era o cientista da casa, o leitor precoce das civilizações maia e asteca, o observador de estrelas, o perito dos consertos de aparelhos eletrônicos. Apresentava uma aura de enciclopédia, só que comigo saía das páginas dos manuais e se arriscava no precipício e vertigem das folhas em branco.

Quem dera ter comido sopa de folhas dele. Quem dera ter comido gafanhotos ou formigas. Quem dera que as interações tivessem sido tão inofensivas.

Com dois anos de diferença, ele me convocava como o seu parceiro ideal de testes. Lembro um episódio no fim dos anos 1970. Rodrigo recém tinha aprendido a andar de bicicleta, só que eu jurava que ele já sabia.

Ele me convidou para a garupa de sua Caloi - a bicicleta vermelha tinha freios nos pés, não no volante. Tratava-se de uma honra ser chamado para passear. Subimos ao início da lomba da Mostardeiro. Não era qualquer ladeira, apenas perdia em extensão e medo para a Lucas de Oliveira.

Eu exultava pela minha condição de carona, como um escolhido para uma missão secreta. Nem acreditei quando me recrutou generosamente para a sua aventura.

Ele me orientou:

Será igual a uma montanha-russa, com a diferença de que é de graça. Para curtir o momento, feche os olhos, sinta o vento nos cabelos!  Naquela época, eu era um loiro cabeludo, tipo Cléo, jogador que atuava no Internacional.

Descemos com muita força. Veio um violento frio na barriga, um choque de gravidade.

As mechas foram para trás, numa sensação de liberdade, a cara sendo lavada pelo minuano num dia típico de inverno. De repente, noto a bicicleta desgovernada, bambeando, abro os olhos, saio do transe, e cadê meu irmão?

Eu estava sozinho. Desesperadamente desamparado. Um reboque solto de um carro em alta velocidade.

Explodi numa árvore na entrada do Parcão. No dia seguinte, apareci na escola exibindo mercúrio vermelho pelo corpo inteiro. Meu irmão jura até hoje que gritou para que eu pulasse. Eu não me recordo disso. Acho que não deu tempo de ele falar.

Mas, da mesma forma que ele me colocava em perigo na privacidade dos laços, a partir de suas invenções e iniciativas impetuosas, ele era o primeiro a me defender na rua quando zombavam de mim. Não me deixava apanhar de ninguém, ainda que precisasse sofrer junto.

Os irmãos são, simultaneamente, nossos heróis e nossos fora da lei, nossos salvadores e nossos bandoleiros. Em nossa memória, cumprem os dois papéis antagônicos. Sentimos por eles um amor cheio de raiva, ou uma raiva cheia de doçura. Não dá para ter uma opinião formada. 

CARPINEJAR


30 de Novembro de 2024
MARCELO RECH

O Uruguai está mais longe

Não é apenas a exibição de fidalguia na transição presidencial, o apreço à liberdade e o profundo senso democrático que o Uruguai tem a ensinar ao Brasil. No primeiro turno das eleições, em 27 de outubro, os uruguaios deram uma demonstração de que, além da maturidade política, também alcançaram a maturidade econômica ao rejeitar em plebiscito a redução da idade para aposentadoria de 65 para 60 anos.

O que os uruguaios fizeram só tem paralelo em poucas nações com arraigada convicção de que as contas públicas precisam estar em ordem, porque, do contrário, toda a sociedade paga a conta das benesses. Mais surpreendente ainda foi se constatar que até a banda de centro-esquerda, que acabou elegendo o presidente Yamandú Orsi, era contrária ao encurtamento do tempo para aposentadoria. O ex-presidente José Mujica, ídolo da esquerda brasileira, chegou a dizer que haveria um caos na estabilidade jurídica do país caso a proposta fosse vencedora.

Corta para o Brasil. A ala política do governo Lula, aquela que acha que dinheiro nasce em árvore, que a vaquinha dos impostos sempre tem um leite a mais e que a popularidade fácil vale mais do que a estabilidade e o desenvolvimento a longo prazo, venceu mais um round. Por seu teor murcho e populista, o pacote de contenção de gastos - o governo tem brotoeja com a palavra corte - recebeu a resposta previsível: decepção, dólar a R$ 6 e juros apontando para acima de 14% ao ano.

O Congresso ainda pode mexer no pacote, mas quem confia que esquerda, direita e centrão conseguem soletrar austeridade sem gaguejar? Vá lá que o Brasil não vai descarrilhar nem se tornar uma Argentina peronista, cuja rotina era passar calote e culpar os outros pela hiperinflação. Mas a história econômica cobra um preço pelo desperdício de recursos e oportunidades.

É uma lástima. A janela que Lula tinha para provar que está mais para o Uruguai do que para o Brasil de Dilma se fechou neste fim de ano, véspera da posse de Donald Trump. Ninguém acha que a vida dos outros vai melhorar com Trump na Casa Branca e, por isso, todos os governos responsáveis estão se adiantando em fazer o dever de casa.

Por aqui, o populismo, traduzido pela frouxidão com os cofres públicos com vistas políticas, triunfou de novo. Infelizmente, os brasileiros não podem se mudar para o pequeno Uruguai, mas podemos ao menos invejar de longe a lucidez de nossos vizinhos. _

MARCELO RECH

30 de Novembro de 2024
OPINIÃO RBS

Cerco às facções não pode arrefecer

Era mandatória uma reação enérgica do Estado à execução de um líder de facção por um criminoso de um grupo rival na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan), no último sábado. Não apenas para investigar o assassinato e suas circunstâncias ainda nebulosas, mas para prender e isolar membros das quadrilhas envolvidas, reforçar o policiamento ostensivo para impedir a eclosão de um novo ciclo sangrento de ataques e retaliações e evitar que a casa prisional canoense, planejada para ser exemplar, continuasse em um processo de degradação de seus propósitos originais.

A resposta iniciada pelo governo gaúcho, por meio das secretarias de Segurança Pública (SSP) e de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS), não pode arrefecer. Ao longo da semana que passou, o Estado anunciou o afastamento de cinco servidores da Pecan de suas funções e transferiu para um presídio federal o homem apontado como o responsável pelos disparos. A vigilância nas regiões onde as facções atuam foi redobrada pela Brigada Militar. Mesmo assim, outra liderança do submundo foi morta a tiros na quarta-feira, em Canoas, embora não exista certeza da conexão entre os casos.

Na sexta-feira, foram desencadeadas novas ações. Dezessete apenados acabaram transferidos da Pecan para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), onde foi instalado um sistema para bloquear o sinal de celular e existirá um regime especial, com celas individuais. Nos arredores do complexo prisional de Canoas, foi desmontado o aglomerado de comércio ilegal que também disponibilizava wi-fi, acessado pelos detentos no interior da prisão. Em outra frente, a Polícia Civil deflagrou operação para cumprir 13 mandados de prisão e outros 19 de busca e apreensão contra a facção que teria ordenado o assassinato na Pecan.

A penitenciária de Canoas foi concebida para não receber faccionados, mas no fim de semana soube-se que estava repleta deles por ser, em tese, a única onde não existiria a possibilidade de comunicação dos presos com comparsas e comandados soltos. Foi tornado público também que é corriqueiro o sobrevoo de drones. Os aparelhos levam aos presos materiais ilícitos como drogas, celulares e, suspeita-se, armas, como a usada na execução. Neste ano foram apreendidos 681 telefones móveis, contra 120 em 2023. Fica evidente que se comunicar de dentro do local se tornou rotineiro.

O governo gaúcho garante que 23 unidades prisionais no Estado passarão a ter bloqueadores de sinal de telefone e internet. Em meados de 2022, a promessa era instalar os equipamentos em 15 presídios até o final daquele ano, compromisso que não foi honrado. Aguarda-se que, desta vez, seja diferente e a tecnologia seja de fato implantada.

É necessário reiterar que a queda nos índices de criminalidade nos últimos anos no Rio Grande do Sul não permite concluir que a guerra contra as facções foi vencida. Embora os números como os de homicídios tenham diminuído de forma significativa, ainda estão distantes de patamares civilizados. Essas organizações, por outro lado, mostram-se cada vez mais complexas. Têm grande capacidade de regeneração, negócios de fachada para lavar dinheiro e acesso a instrumentos financeiros sofisticados. Passaram também a se infiltrar nas instituições, inclusive por meio de eleições. A pressão contra as facções, portanto, precisa ser incansável e em múltiplas dimensões, desde o policiamento ostensivo até estratégias de inteligência que permitam antecipar passos e descobrir e sequestrar seus bens e capitais. _


30 de Novembro de 2024
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Todas as pressões para o dólar acima de R$ 6

A sexta-feira vai passar para a história econômica porque o dólar ultrapassou uma grande barreira psicológica, a de R$ 6. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva responde pela marca neste momento porque a avaliação política equivocada pressionou o câmbio.

Mas a órbita poderia ter sido atingida, em outro momento, por força das medidas protecionais de Donald Trump, por exemplo. Ao longo do ano, houve várias fontes de pressão cambial, da própria eleição de Trump a guerras pelo mundo, passando pela longa novela do corte de juro nos Estados Unidos.

Na sexta, até uma boa notícia contribuiu para a alta do dólar: a menor taxa de desemprego da atual série histórica, de 6,2%. A corrente dominante dos economistas avalia que, quando o mercado de trabalho está aquecido, há mais risco de aumento da inflação. Por isso o dólar subiu várias vezes depois de dados de contratações nos EUA, porque "atrapalhava" a redução de juro por lá. É cruel, insensível, absurdo? Pode ser.

Digital de Lula, mas muitos fatores

Até o calendário pesou: a sexta foi o último dia útil do mês, quando é fechada a taxa Ptax, referência para contratos cambiais de mercadorias e derivativos. Como sempre ocorre, há muita especulação entre quem vai ganhar e quem vai perder com a cotação. Grandes quebras de barreira são como quedas de avião, nunca são resultado de apenas um problema.

Mas é claro que a maior pressão veio da desconfiança do mercado em relação ao pacote. E não apenas pelo ruído da isenção, também pelo conteúdo. As medidas apresentadas depois de semanas de negociação foram desidratadas em relação ao plano inicial. Embora no cálculo do governo representem economia de R$ 70 bilhões, nas contas de especialistas renderiam ao redor de R$ 45 bilhões.

E agora? Um sinal positivo foi o fato de a cotação ter baixado de R$ 6,116, a máxima do dia, quando os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e até o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deram declarações relativizando a isenção. _

Ao falar sobre intervenção do Banco Central (BC) no câmbio, seu futuro presidente, Gabriel Galípolo, afirmou que "falou com Roberto (Campos Neto)" e ambos concordam que só faz sentido quando há "disfuncionalidade".

Como ficaria o mínimo no pacote

A proposta do pacote de corte de gastos é limitar o aumento real a 2,5%, mesmo teto de despesas que existe no novo marco fiscal. Vai continuar subindo acima da inflação - o que não ocorreu entre 2019 e 2022, período em que era corrigido só pelo INPC. A partir de 2023, o cálculo voltou a ter crescimento do PIB. Por essa regra, para 2025 o reajuste do mínimo incluiria a inflação pelo INPC acumulado neste ano, com projeção ao redor de 4,5% (com base na projeção do Focus para o IPCA, que é de 4,63% e considerando que o INPC costuma ser ligeiramente menor), mais a variação do PIB de 2023, de 2,9%. Com o pacote, o adicional seria de 2,5%.

Na tabela acima, é possível ver que a diferença é de R$ 6. Claro, ainda é uma projeção, não um cálculo exato, mas a variação será pequena. Mesmo assim, nas contas do governo, a economia com a mudança será de R$ 2,2 bilhões em 2025, e poderia chegar a R$ 35 bilhões em 2030. O efeito nos gastos é grande porque todos os benefícios da previdência são vinculados ao mínimo. _

A diferença

Projeção para 2025 R$

Sem pacote 1.518

Com pacote 1.512

"Salutar", mas "insuficiente"

Espécie de "xerife das contas públicas", a Instituição Fiscal Independente (IFI) considera o pacote de corte de gastos "insuficiente para a reversão de déficits primários".

No entanto, vê a limitação do aumento real dos gastos ao teto do arcabouço fiscal (2,5%)como "salutar", já que "as despesas fora do limite podem comprimir as demais". _

"Governo cometeu um erro crasso"

Pesquisador associado da Fundação Getulio Vargas (FGV), Fabio Giambiagi é autor ou coautor de cerca de 30 livros sobre finanças públicas. Aqui, detalha as desconfianças sobre os anúncios do governo.

A confusão

"O governo cometeu um erro crasso de estratégia política falando em isenção do IR. É algo que só deve ter efeito a partir de janeiro de 2026. Contaminou toda a discussão que seria imediata acerca de medidas que devem vigorar em 2025. Então, é incompreensível."

As medidas

"Deixamos de discutir aquilo que é essencial, que são as medidas, também envoltas em dúvida. A dos militares tem efeitos ínfimos, a do abono traz efeitos minúsculos nos próximos dois ou três anos, o salário mínimo subir 2,5% em vez de 3% não faz tanta diferença."

Efeito negativo

"O efeito foi o oposto, com o agravante de que, do jeito que a discussão foi encaminhada, atropelou outras agendas. A reforma tributária ficou para trás e até as medidas do ajuste ficaram em segundo plano diante dessa discussão um pouco esotérica sobre a isenção do IR, que só vai entrar em pauta no que vem." 

GPS DA ECONOMIA


30 de Novembro de 2024
INFORME ESPECIAL - Vitor Netto

O possível asilo político de Bolsonaro

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), sob a suspeita de planejar um golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou recentemente que não descarta se exilar em uma embaixada caso tenha a sua prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal durante o processo penal. Mas o que significa isso? A coluna conversou com a professora e advogada de Direito Internacional Eveline Brigido sobre o assunto. _

O que é o asilo político?

Conforme a professora, é uma proteção que um Estado pode dar a uma pessoa que é perseguida política. Além disso, essa perseguição é de caráter individual.

Diferença do refugiado político

Eveline ressalta que há uma diferença entre asilo e refúgio. O refúgio é usado para refugiados, ou seja, grupos que estão sendo perseguidos por questões religiosas ou de violações de direitos humanos, principalmente vinculados às questões de guerra: - Se chegar um refugiado no Brasil, não podemos devolver ele, temos de receber e analisar. Ou concedemos o refúgio ou encaminhamos para a Acnur (agência da ONU para refugiados) verificar se um outro país pode receber.

Asilo político anula casos de crimes comuns?

A professora explica que não. Uma pessoa pode receber o asilo político, porém isso não anula os crimes comuns, por exemplo, homicídios, lavagem de dinheiro, entre outros. Ou seja, o asilo está relacionado apenas a crimes políticos.

Qualquer pessoa pode pedir asilo? Como funciona o processo?

Eveline explica que sim. Ao pedir asilo, a embaixada procurada irá investigar se a pessoa realmente está sendo perseguida e ela terá de comprovar o fato em questão.

Diferença entre asilo diplomático e territorial

A advogada explica que o asilo diplomático ocorre quando um asilado busca uma embaixada em território brasileiro e permanece no local, sem sair do espaço. Já o territorial trata-se de quando o perseguido consegue, via um salvo-conduto, um meio de transporte e consegue ir até o país.

A decisão de asilar ou não é de quem?

- A decisão é do país que está recebendo, independentemente de o governo brasileiro ser contra, tem de respeitar o país que recebe esse asilado - explica.

A embaixada é inviolável

Eveline explica que a embaixada, ou seja, o local onde a pessoa pede asilo, não pode ser invadida. - Temos a obrigação de defender e de não entrar. Existe o que chamamos de inviolabilidade dos locais da missão diplomática. Isso está protegido pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas - comenta, lembrando que não há força policial que possa interferir ou invadir uma embaixada.

Quais as saídas após uma pessoa ser asilada?

Eveline explica que há, geralmente, duas opções: ou a investigação em curso no Brasil acaba ou a pessoa consegue asilo territorial. Não há prazo para isso ocorrer. - Ou a investigação não vai adiante, não tem uma denúncia e não vai para um processo criminal. Ou se negocia a retirada do asilo diplomático para o territorial, para que a pessoa possa ser deslocada para outro país.

Ato marca o início das obras do Assentamento 20 de Novembro

Apesar de já estarem em andamento há alguns dias, as obras do Assentamento 20 de Novembro, no bairro Floresta, em Porto Alegre, terão largada oficial em ato às 17h de sábado.

Localizado na Rua Barros Casal, 161, o prédio, que pertencia ao patrimônio da União, será convertido em um conjunto habitacional sustentável para 40 famílias de baixa renda, por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida - Entidades.

Os novos moradores do imóvel, que estava abandonado havia 50 anos, são do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) e da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam), que lutam há 18 anos por uma moradia na Capital.

O assentamento foi resultado de uma negociação com o governo federal finalizada em 2016, quando a Cooperativa 20 de Novembro, entidade organizadora e responsável pela obra, recebeu a concessão do direito de uso do prédio. Em 2018, a obra estava licenciada, porém, em 2019, com a mudança de governo, as tratativas foram travadas. Neste ano, o processo foi retomado e, em outubro, foi assinado pelo Ministério das Cidades e pela Caixa para a reforma.

- É o projeto da minha vida. São 18 anos e agora mais dois anos de obra, são 20. Um sentimento que compartilhamos, de estar construindo um projeto que não é só a nossa casa, é uma experiência de um projeto habitacional - explica Ceniriani Vargas, coordenadora estadual do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), que irá morar com as duas filhas no local.

Conforme Ceniriani, a cooperativa não é apenas habitacional, mas também de trabalho, desenvolvendo frentes de costura, cenografia, alimentação e artesanato. _

No Litoral Norte, a piru-piru confere o drone

Durante uma pauta pelo Litoral Norte para um panorama das praias (leia mais nas páginas 4 e 5), o fotógrafo Jefferson Botega, ao realizar um voo de drone por Xangri-lá, deparou com uma ave que resolveu "dar uma espiada" no trabalho do repórter.

Trata-se de um piru-piru, comum na costa gaúcha, que vive entre as dunas.

Conforme o professor Paulo Ott, da Universidade Estadual do RS (Uergs), essa época entre a primavera e o verão é o período em que colocam os ovos:

- A espécie tem um comportamento parecido com o quero-quero, então provavelmente ela estava inspecionando o drone ou tentando avisar que o ninho estava por perto.

Segundo ele, a ave não apresenta riscos à população e não é agressiva.

O professor relembra cuidados para manter a espécie na região, como evitar a circulação de carros pela areia e até mesmo os cachorros soltos.

- Queremos tornar ela símbolo de conservação das dunas da região - disse. _

INFORME ESPECIAL

sábado, 23 de novembro de 2024


23 de Novembro de 2024
COMPORTAMENTO

COMPORTAMENTO

Em ouro e veludo roxo, a coroa por si só já é uma homenagem à cidade: seu formato é inspirado no diadema que encima o brasão de Porto Alegre, com cinco torres que lembram uma muralha medieval. A peça foi encomendada pela prefeitura em 1970 e confeccionada pelo joalheiro de Caxias do Sul Júlio Andreazza, com o custo de 5 mil cruzeiros e pesando quase um quilo. As informações constam em documentos que também estavam mantidos no cofre.

Em valores atuais, calculando conforme o Índice Geral de Preços, o número equivaleria a R$ 60 mil, estima o ex-superintendente do Tesouro Municipal, Paulo Roberto Fontoura, local que abrigou a coroa há alguns anos. Mas ele faz a ressalva de que, por seu componente histórico, o valor do item é inestimável.

Até a década de 1970, o concurso que escolhia a miss da Capital dava faixa à vencedora, mas não tinha coroa. Isso mudou quando a prefeitura se envolveu mais com a seletiva de beleza, como registrado no Diário de Notícias de 19 de abril de 1970, na qual foi anunciado: "O reinado de ?Miss Porto Alegre? terá a partir dêste ano uma coroa de ouro para significá-lo plenamente".

Quem estreou

Quando a recebi, fiquei encantada. Achei que miss levava a coroa para casa, né? Mas aquela não. Cada vez que terminava algum compromisso como Miss Porto Alegre, sempre a entregava para alguém - relembra Jane.

Já Denise Cezimbra, escolhida como Miss Porto Alegre em 1973, se recorda bem do peso da coroa, que não era das mais confortáveis de usar. Durante o seu ano de reinado, ela lembra que foi autorizada a deixar a coroa guardada em um cofre, no banco.

Sem paradeiro

O adereço foi motivo de polêmica, conforme veiculado na Zero Hora de 12 de agosto de 1981. Na nota dizia-se que a joia, dada como desaparecida, se encontrava em poder dos Diários e Emissoras Associados do Rio Grande do Sul, que realizavam o concurso à época, e que teria sido doada ao grupo pela prefeitura.

Já na coluna Informe Especial de ZH, datada de 5 de setembro de 1999, uma nota intitulada "Mistério" afirmava: "O vereador João Dib (PPB) resolveu dar uma de Sherlock Holmes. Quer descobrir onde foi parar uma coroa de ouro que pertence ao município e que era utilizada anualmente na coroação da Miss Porto Alegre". O vereador tinha a informação de que, até 1985, a peça havia estado sob a guarda da Secretaria Municipal da Fazenda e queria saber se continuava lá ou se teria tomado outros rumos.

Dois dias depois, uma nova nota foi publicada na coluna, desta vez com o título "Mistério resolvido", na qual o então secretário da Fazenda, Odir Tonollier, informava que a peça continuava "muito bem guardada, naquela secretaria".

Em 21 de outubro de 2003, novamente o assunto do sumiço veio à tona, desta vez pelo jornalista Fernando Albrecht, no Jornal do Comércio. Na nota "Procura-se uma coroa", diz que desde 1972 não se teria notícia do item.

Reencontro

- Recebemos uma ligação do Tesouro Municipal dizendo que tinha uma coroa lá, que é um patrimônio histórico e que a Cultura deveria ficar com ela para o seu acervo - conta Renato.

A mando do então secretário da Cultura, Luciano Alabarse, Renato buscou a coroa, que foi então oferecida ao Museu de Porto Alegre e ao Arquivo Histórico. O assistente administrativo relata que, por falta de um expositor adequado, esses órgãos recusaram a oportunidade de tê-la em suas coleções.

- Já que esse cofre da secretaria não estava sendo utilizado, pensamos: "Vamos guardar. Em algum momento, essa coroa vai voltar à vida" - recorda Renato.

O momento talvez tenha chegado. De acordo com Juliana Wagner, arquiteta que atua na Diretoria de Patrimônio e Memória do município, será feita uma pesquisa para confirmar informações e, então, tentar colocar a coroa em exibição. _

Letícia Paludo


23 de Novembro de 2024
SARA BODOWSKY

Moda e música - Festival e feiras na Cidade Baixa

Domingo tem Festival de Blues na Rua João Alfredo, entre a Joaquim Nabuco e a Lopo Gonçalves, em um evento que rola das 11h às 22h reunindo bandas aqui de Porto Alegre. São elas: Mimi Poa Blues, Juçara Blues, Banda Gata Maria, Eletroacordes, Amigos da Pinel, Cezar Santos e Love the Psycho. Os shows começam a partir das 14h.

Junto com o Festival vão rolar as feiras Brick de Desapegos e Coletivo de Rua, reunindo mais de 40 expositores entre moda, arte, design, decoração e variedades. Na gastronomia, comidinhas de rua e cervejas artesanais.

Para acompanhar a programação e as marcas que estarão por lá é só acessar os perfis no Instagram @caospoa, @brickdedesapegos_ e @coletivoderua.cc. _

No último fim de semana experimentei um jantar como há muito tempo não vivia. Fui conhecer o novo restaurante de Canela, o Vivamo Enogastronomia, com a promessa de um menu de passos capitaneado pela chef Glau Zoldan, formada pelo Le Cordon Bleu e especialista em cozinha autoral com influência francesa.

Pois o que encontrei foi essa profusão de sabores em alta gastronomia e também muita alma e emoção. Tanto na criação dos pratos por toda a brigada de cozinha, quanto na paixão da equipe de salão e da gerente Gabi Zoldon pela proposta, mas também na escolha dos vinhos pelo sommelier Rafa Magalhães e seus parceiros de adega. A chef Glau coloca amor e muita vida na sua cozinha - já que é tamanha a paixão que trocou a vida de executiva pela culinária.

São dois menus oferecidos pelo restaurante - um com 11 passos, que precisa ser reservado até as 13h do dia escolhido, e um com cinco etapas, que não precisa ser reservado. Todos têm opção vegetariana.

Preciso falar mais para vocês sobre a adega do Vivamo. Além de vinhos ícones de todo o mundo, Rafa me mostrou um carinho especial na escolha de rótulos gaúchos de alta qualidade, usualmente de vinícolas boutiques não tão conhecidas do grande público.

Que grande noite. Longa vida ao Vivamo e a essa equipe.

O restaurante fica na Rua Jacob Adamy, 77, Vila Suíça, e abre nas quintas, sextas e nos sábados das 19h às 23h. Reservas e informações no site vivamo.com.br ou pelo telefone (54) 2137-5208. O perfil do espaço no Instagram é o: @vivamogastro. _

Canela - Alta gastronomia com muita alma

Artesanal - Dez anos de Cerveja Veterana

SARA BODOWSKY


23 de Novembro de 2024
CARTA DA EDITORA

Donna Beauty Pompéia - Look para ser livre, leve e solta - De dentro para fora

O calor já chegou e nada melhor do que looks confortáveis para a temporada mais quente do ano. E as Gu já garantiram a produção com opções fresquinhas da coleção de Primavera/Verão da Pompéia.

Alice Bastos Neves e Kelly Costa escolheram vestidos de crepe, tecido ideal para o verão por sua leveza. O cinto que acompanha as peças traz o charme ao visual, fazendo toda a diferença na produção. A consultoria de moda da Pompéia indica como truque de styling variar o acessório, que pode ser mais fino, para algo mais romântico e feminino, ou grosso com estampa animal print, em uma produção criativa e autêntica.

Confira esses modelos e outras opções nas lojas, no site lojaspompeia.com.br e no aplicativo. Visite a unidade no Shopping Iguatemi (Av. João Wallig, 1.800, 1º andar, de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 12h às 20h) e solicite o serviço de consultoria de moda gratuito, disponível em todas as lojas. _

Desafiadas pelo calendário, recebemos o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, no dia 19, com muitos questionamentos sobre essa virada na carreira de tantas mulheres. Nas páginas de Donna, já conversamos com especialistas a partir de enfoques do mercado de trabalho restrito, da condição das mães que muitas vezes precisam criar seus negócios e da visão daquelas de desbravaram caminhos tidos até então como a chamada coisa de homem.

Para 2024, colocamos no centro da roda a inteligência emocional e a importância de trabalhar a autoestima para quebrar barreiras culturais. Assim como nossa percepção social precisa mudar, também devemos entender que somos seres que "olham para dentro" e todas essas características podem ser potencializadas.

Para nos guiar neste universo de empatia, convidamos a cofundadora da escola de líderes Sonata, Soraia Schutel. Ao lado da sócia Natalia Leite, fundou o Clube Soul, uma formação exclusiva para mulheres com arte e um mergulho na alma. Aqui, deixo um convite para conhecer e admirar a iniciativa, nas palavras de Soraia. "O mundo do trabalho colocou as mulheres numa forma de existir que não preenche a psique do feminino, onde é preciso decidir só por números, planejar olhando só para fora. Só que o feminino olha para: quem eu sou?, qual é a minha intuição e o meu propósito?, qual é o serviço que presto para a humanidade?. Quando uma mulher entende o que é importante para si, isso se torna sucesso pela prosperidade emocional". _

Divas da música - Baila Comigo

Grandes nomes femininos da música como Madonna, Alcione, Fernanda Abreu, Cher, Rita Lee, entre outras divas, irão embalar a oitava edição de Baila Comigo, que ocorre neste sábado, das 19h às 23h, no Bar Ocidente (João Telles, 960 - Bom Fim). Comandada pelos DJ?s Katia Suman e Bruno Suman, a festa 50+, mas aberta a todas as idades, está com ingressos à venda no site do Sympla.

Beleza inclusiva - Pincéis articulados

A Make B, marca de maquiagem de O Boticário, lançou uma linha com cinco pincéis articulados como meio de democratizar o acesso ao mundo da beleza. Com cabos quadrados e afunilados, os itens facilitam o alcance em diversas áreas do rosto, além de ter marcação tátil para facilitar a identificação por pessoas com deficiência visual. Disponíveis nas lojas físicas da marca, pelas revendedoras oficiais e no e-commerce boticario.com.br.

Vinho para elas - Programação

Com inauguração marcada para 25 de novembro no BarraShoppingSul (Av. Diário de Notícias, 300 - Cristal), a Sommelier Vinhos dedicará as quartas-feiras exclusivamente ao público feminino, sempre com um evento diferente na loja - como a Quarta do Rosé, Wine Talks e cursos de degustação. A programação começa no dia 27 com a Confraria do Espumante. Mais informações no perfil do Instagram @sommeliervinhos.

O sol de Toscana - Coleção de verão

A estilista Rafaela Tomazzoni preparou uma coleção com tops, vestidos, kaftans, blusas e saias em tricô para o verão. Intitulada como Sob o Sol da Toscana, a série tem peças acompanhadas de saias de cetim e renda, possibilitando diversas combinações. A loja da marca fica no Quinta São Luiz (Av. Independência, 2.432, sala 202), em Caxias do Sul. Conheça mais nas redes sociais em @rafaelatomazzoni.


23 de Novembro de 2024
J.J. CAMARGO

Do mesmo modo, a falta de financiamento compatível e sustentável tem exigido dos hospitais verdadeiros malabarismos gerenciais para sobreviverem. E como se podia prever, é inviável reduzir custos sem afetar a qualidade do atendimento.

Quando associamos a isso as denúncias frequentes de má gestão com desperdício de escassos recursos e o crescimento exponencial da população com natalidade desregrada nas classes sociais que dependem exclusivamente do SUS, a projeção do futuro é, no mínimo, assustadora.

Também não se pode ignorar que os maravilhosos avanços tecnológicos que deslumbram pela qualificação que acrescentaram à medicina moderna têm gerado um dilema: o sentimento de culpa se não os usamos ou a certeza de insolvência administrativa se priorizarmos unicamente o interesse do paciente, como nossa consciência exige, sem direito às contestações. E tenham certeza de que ninguém fica confortável ao fazer esta escolha.

Olhando de fora, o paciente é a única vítima desse sistema discriminatório, excludente e cruel. Certo? Quem convive com esse caos sabe que não.

Curiosamente, exceto os médicos, ninguém mais parece preocupado com a qualidade de vida do cuidador, ainda que a função (ia escrever missão) dele seja a de zelar pelo que todos consideram o nosso bem maior. Mesmo que os imprevidentes só valorizem a saúde ao perdê-la, e então tragam no olhar, ao agora considerado "salvador", um pedido explícito de socorro. E que nunca é negado, mesmo a quem nada fez por merecê-lo.

Quem convive com a expectativa dos formandos, cheios do ideal mais nobre, não consegue evitar a aflição de encontrar, logo depois, médicos jovens na corrida dos plantões, mal remunerados, exaustos e sem tempo de estudar, empenhados na batalha mais primitiva: a da sobrevivência. Ainda mais se o cansaço físico for multiplicado pela sensação de sonho frustrado. _

J.J. CAMARGO

23 de Novembro de 2024
COM A PALAVRA - James Alan Robinson

Professor da Universidade de Chicago e um dos agraciados com o Prêmio Nobel de Economia de 2024

"Países com instituições mais sólidas tendem a resistir com mais força". 

O economista inglês James Alan Robinson, 64 anos, foi um dos três laureados com o Prêmio Nobel de Economia deste ano. Nesta entrevista, ele comenta o seu trabalho e explica conceitos fundamentais de sua pesquisa sobre a diferença na prosperidade das nações.

Mathias Boni

Qual você acha que é, até agora, a maior contribuição do seu trabalho?

É ilustrar que são as próprias pessoas que criam as sociedades que geram prosperidade ou pobreza. A razão pelo Brasil ser mais pobre do que os Estados Unidos, por exemplo, é a maneira histórica como cada sociedade foi desenvolvida, como as instituições em cada país foram estabelecidas, os incentivos e oportunidades que são gerados a partir disso, tudo está relacionado às políticas que sustentam as sociedades e suas instituições. A geografia e a cultura de cada lugar também influenciam, mas não há nada de inevitável em relação a isso. É o seu processo de desenvolvimento histórico e o poder e formato das instituições que regem as nações que definem isso com mais força.

Como o processo de colonização europeia influenciou no desenvolvimento futuro das suas antigas colônias?

O exemplo das Américas é de certa forma fascinante, do ponto de vista de pesquisa, porque temos casos bem distintos de desenvolvimento dentro do continente, no sentido de que há países bem prósperos e também países bem pobres, e é impossível pensar na comparação do desenvolvimento dos países sem levar em conta o colonialismo e seu legado em cada lugar. 

Nós apontamos que, o que determinou, por exemplo, os aspectos iniciais de colonização do Brasil, é que as condições locais eram favoráveis ao estabelecimento de grandes plantações, como de cana-de-açúcar, e os colonizadores usaram a força de trabalho dos africanos escravizados para massificar essa produção. Em lugares como a Bolívia, os colonizadores se utilizaram do trabalho forçado dos indígenas para trabalhar na agricultura e na extração de minerais. Então, você tem como resultado essas sociedades hierárquicas, desiguais, que emergem desse período, essa é de certa forma a raiz da desigualdade na América Latina. 

Na América do Norte, o que aconteceu não foi um desejo benevolente dos colonizadores, mas as condições locais eram diferentes, não foi possível organizar uma sociedade local baseada no trabalho escravo em um primeiro momento, quando as instituições estavam se formando - no sul dos Estados Unidos isso ocorreu, mas só depois das instituições básicas já formadas - e isso criou uma dinâmica institucional muito diferente do que ocorreu na América do Sul.

? Vocês trabalham muito o conceito de instituições extrativistas na pesquisa. Pode explicar?

As instituições extrativistas eram as bases das sociedades que tinham como objetivo principal extrair riquezas minerais e produtos agrários das colônias, concentrando o poder político e econômico nas mãos de pouquíssimas pessoas. Essa economia extrativista e as instituições políticas e econômicas estabelecidas para dar suporte a esse sistema geraram desigualdade. 

Há uma sinergia entre o sistema econômico e o sistema político que o sustenta, gerando instituições fracas e um Estado fraco, controlados pelas poucas pessoas que detêm o poder econômico e político local. Se você pensar nos países da América Latina, a desigualdade do período colonial se estabeleceu porque o sistema político era altamente oligárquico e autocrata, a grande maioria das pessoas não tinha nenhum poder para pressionar por mudanças, porque todo esse poder estava concentrado nas elites, e instituições e Estados fracos são inoperantes para estabelecer um equilíbrio nessas sociedades. 

Por outro lado, instituições políticas e econômicas inclusivas são mais igualitárias, distribuem melhor as riquezas geradas pelas atividades econômicas locais, e os indivíduos da sociedade têm maior poder de decisão sobre as políticas públicas desenvolvidas.

Em países que se tornaram pobres por causa dessa colonização há atualmente um movimento inverso, com muitos cidadãos indo em direção à Europa. Como você vê isso?

Historicamente, a absorção de talentos vindos de outras regiões pode representar importante vantagem econômica para os países, mas quando esse movimento de imigração vem em massa, se torna uma questão política muito difícil de administrar. Isso se torna especialmente sensível nos tempos atuais, com a volta da força de ideologias ligadas ao nacionalismo e à identidade. 

Países europeus têm tentado todo tipo de possibilidade para evitar esse movimento, construindo o que chamam de "fortaleza europeia" ou mesmo aparecendo com ideias como deportar imigrantes para países africanos. A solução mais efetiva seria desenvolver as instituições nos países de origem e fortalecer os Estados, mas demandaria muito investimento e também um longo prazo para colher resultados efetivos.

Como observa o fenômeno da ascensão da extrema direita?

Nos EUA, uma boa parcela da população não teve melhora significativa nas condições de vida nas últimas décadas, principalmente se você não tem uma formação no ensino superior, e de alguma forma Trump conseguiu criar um projeto com apelo a essas pessoas. 

Obviamente, a culpa não é dos imigrantes, mas Trump diz que os imigrantes estão roubando os empregos dos americanos, o que não é verdade, só que o discurso funciona. Mas a imigração não é uma questão na Argentina, nem no Brasil, e mesmo assim Javier Milei e Jair Bolsonaro foram eleitos. Acredito que essa onda está mais ligada à frustração das pessoas com a ideia de democracia. Nos últimos cem anos, o mundo ficou mais democrático de forma geral. 

As sociedades ansiavam pela democracia, e muita coisa foi prometida a elas, mas para uma parcela das populações não necessariamente sua qualidade de vida melhorou. A partir desta frustração, líderes políticos com ideias claramente antidemocráticas têm conseguido captar esse sentimento, culpando qualquer que seja o inimigo que tenha mais apelo naquele contexto. Países com instituições mais sólidas tendem a resistir com mais força contra tentativas de subverter governos, enquanto os com instituições mais fracas acabam sofrendo mais riscos de hiatos democráticos. 


23 de Novembro de 2024
Opinião RBS

Aproximação sem alinhamento

Há 15 anos, a China é o maior parceiro comercial do país, com um saldo amplamente favorável ao Brasil. Apenas em 2023, as exportações superaram as importações em US$ 51 bilhões. Nas últimas décadas, o gigante asiático buscou aqui boa parte dos grãos e proteínas animais necessários para nutrir a sua imensa população de mais de 1,4 bilhão de pessoas e das matérias-primas, como o minério de ferro, essenciais para os investimentos pesados que fez em infraestrutura. 

Desde 2017, o Brasil é o principal provedor de alimentos para os chineses. É uma circunstância que torna natural a busca das duas nações por estreitar laços e incrementar negócios. A aproximação, porém, não deve comprometer a postura histórica de diplomacia nacional de não alinhamento automático a potências.

Nesta linha, foi prudente o Brasil ao formalizar na semana que passou vários acordos com a China, mas não aderir formalmente ao projeto Cinturão e Rota, que prevê aportes trilionários em obras e outros projetos em países que aceitem integrar a iniciativa. Uma participação plena no plano de Pequim implicaria na percepção de perda de autonomia geopolítica e de certa submissão aos interesses chineses no tabuleiro das disputas globais. 

A cautela é ainda mais necessária diante da chegada de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos. O republicano tende a escalar o conflito econômico com a China e ser mais agressivo em questões comerciais. Não é o momento para movimentos que podem ser compreendidos como pró-China e de afastamento dos EUA e demais países ocidentais.

Ainda assim, faz sentido fechar parcerias estratégicas com a China, incrementar o intercâmbio tecnológico e buscar abrir o mercado para novos produtos nacionais. Na visita do presidente Xi Jinping a Brasília, na quarta-feira, foram assinados 37 acordos bilaterais em áreas como agricultura, infraestrutura e indústria. Optou-se por tratar a aproximação como uma procura por "sinergias". Ou seja, casar ofertas chinesas com os objetivos brasileiros incluídos em iniciativas como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Nova Indústria Brasil (NIB).

O desafio brasileiro é diversificar a pauta de exportações para a China. As dificuldades residem, sobretudo, na baixa competitividade da indústria em comparação aos custos chineses. Mas há outras oportunidades, como a atração de indústrias chinesas em áreas como tecnologia e da cadeia de veículos elétricos. Em missão na Ásia, o governador Eduardo Leite iniciou na sexta-feira a visita à China, também com este objetivo de atrair investimentos

O mundo vive dias conturbados que dividem as grandes potências e seus aliados, com desdobramentos imprevisíveis tanto no campo dos conflitos armados como comerciais. O Brasil é uma democracia, como EUA e países europeus. De outro lado, faz parte de instituições como o Brics ao lado da Rússia do autocrata Vladimir Putin e da China, uma ditadura. 

A prioridade brasileira deve ser defender os próprios interesses, mantendo uma equidistância dos polos e afastando-se de seus conflitos. É uma posição que permite extrair vantagens de negociações com ambos os lados. O Brasil já é fornecedor seguro e preferencial de commodities para a China, o que garante condições diferenciadas na hora de costurar acordos. 

Conselho Editorial - Raquel Recuero - professora, pesquisadora e membro do Conselho Editorial da RBS

O jornalismo sob os algoritmos

As plataformas de mídia social, no entanto, trouxeram um novo modelo de produção e circulação de informações, diferente da mídia de massa. Agora, ao invés de apenas receber o conteúdo, as pessoas são agentes na escolha e no treinamento de ferramentas, denominadas algoritmos, que vão hierarquizar o conteúdo que verão dali por diante. 

E essa mudança é muito relevante na medida em que o conteúdo que os algoritmos entendem que mais interessa às pessoas não é, obrigatoriamente, aquele que elas precisam ter conhecimento para participar de seus espaços como cidadãs. Essas ferramentas, assim, passam a privilegiar, para um grande número de pessoas, por exemplo, entretenimento em vez de conteúdo jornalístico. Conteúdos que, muitas vezes, geram emoção, mas não informação. Conteúdos que polarizam e não dialogam. E que geram bolhas informativas.

O problema com este modelo é que ele acaba não apenas retirando a visibilidade dos conteúdos jornalísticos nessas plataformas, mas, igualmente, desidratando um pilar da participação cidadã. Em muitos casos, isso leva à radicalização das pessoas e à desconfiança em relação ao próprio Estado. Em outros, o cidadão simplesmente opta por consumir conteúdos que são mais agradáveis ou convenientes, ignorando os que são realmente necessários. 

Com menos atenção, o jornalismo tenta se reinventar, muitas vezes também privilegiando o entretenimento e o sensacionalismo ao invés das notícias. E o resultado disso é que temos menos informação de qualidade, mais apatia e menor participação. Afinal de contas, temos cada vez menos cidadãos. E, cada vez mais, menos jornalismo. Assim, não será surpresa se, no futuro, tivermos, também, menos democracia. 

OPINIÃO

23 de Novembro de 2024
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Plano da Petrobras alegra e preocupa

As ações da Petrobras decolaram até 5% (ordinárias) na bolsa de valores, na sexta-feira, depois que a petroleira fez dois comunicados ao mercado. Um é o pagamento de dividendos extraordinários no terceiro trimestre, que somam R$ 20 bilhões. Outro é o plano estratégico, que é uma previsão dos investimentos da empresa até 2029. O valor foi robusto, de US$ 111 bilhões (R$ 645,4 bilhões), mas "só" 9% acima do previsto no programa anterior de cinco anos.

Dividendos fazem o mercado feliz por que signicam dinheiro no bolso. A relativa moderação na projeção de investimentos atenua o temor de que a nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, fizesse uma gestão mais temerária do que seu antecessor, Jean Paul Prates. Traduzindo: voltasse a gastar demais, como no tempo de Graça Foster.

No detalhamento, ficou claro que 70% do valor a ser investindo nos próximos cinco anos será destinado a projetos de petróleo e gás. No mercado, essa concentração em fósseis, expertise da Petrobras, também alegrou. No entanto, preocupou quem teme que a petroleira se atrase na transição energética.

Segundo Chambriard, investidores têm dúvida se projetos de substituição de óleo e gás por combustíveis renováveis são lucrativos. Disse que a resposta da companhia é "construir valor com rentabilidade", com foco em petróleo e gás natural até ao menos 2029.

No departamento da alegria, a Petrobras vai dar um senhor presente de Natal à equipe econômica. Como a União tem 30% das ações, vai receber uma suculenta fatia dos dividendos: R$ 5,7 bilhões são repassados ao Tesouro em 23 de dezembro. _

guaranaxi

A versão de abacaxi do guaraná Fruki terá neste verão um aumento de 30% na produção, com chegada da versão zero açúcar. Na temporada de estreia, todo o estoque do Frukaxi - "irmão" do Fruki Berga - foi vendido. As duas versões chegam aos pontos de venda ainda neste mês.

Empresa do mago dragão terá "fondue pré-histórico" em Gramado

Um terremoto em Gramado deixou uma fenda de onde surgiram os Grinstones. Ainda na pré-história, tiveram o primeiro contato com o fogo só após os tremores, que fizeram jorrar lava. Um dos "cavernosos", Gruga, aprendeu a dominar as labaredas, mudando o preparo da comida. Quando os modernosos entraram na caverna, foram recebidos com um banquete com comidas cruas, como tartare, até poço quente e caça sapecada.

Essa é a história do novo restaurante temático de fondue Era do Fogo, da Hector Studios em Gramado, que já opera pizzaria e hamburgueria do mago dragão Hector. O novo empreendimento tem inspiração nos Flintstones. Deve abrir em dezembro, com 700 m2 e ambientação de caverna, com dinossauros. Até abril, a empresa terá área temática do Hector no Alpen Park, com brinquedo. O investimento inicial é de R$ 5 milhões. _

Quem deve comandar a economia sob Trump

As primeiras indicações de Donald Trump para sua equipe surpreenderam até quem não esperava moderação. Teve de trocar Matt Gaetz por Pam Bondi no Departamento de Justiça (equivalente ao ministério de mesmo nome no Brasil). Suspeito de integrar esquema de tráfico sexual, Gaetz foi obrigado a desistir.

Agora, há expectativa de Kevin Warsh na Secretaria do Tesouro (Ministério da Fazenda no Brasil). Foi diretor do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) de 2006 a 2011. Antes, atuou no departamento de fusões e aquisições em uma das maiores casas financeiras americanas, a Morgan Stanley.

GPS DA ECONOMIA

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