sábado, 4 de janeiro de 2020



04 DE JANEIRO DE 2020
LITORAL NORTE

A nova onda da praia

Patinetes compartilhadas começam a ganhar espaço em algumas cidades do Litoral Norte. Veranistas de Torres e Capão da Canoa já adotaram o serviço, regulamentado em dezembro

Famosos e já estabelecidos nas principais cidades do país, as patinetes compartilhadas começam, aos poucos, a entrar em algumas praias do Litoral Norte. Se ainda não estão disponíveis em cidades como Tramandaí, Imbé e Xangri- Lá, em dois dos principais destinos dos gaúchos no verão, Capão da Canoa e Torres, já são realidade.

Uma das maiores empresas do setor de compartilhados, a Grow - responsável por patinetes e bicicletas das marcas Grin e Yellow - começou a operar em Torres em 29 de dezembro, após a prefeitura editar decreto regulamentando o serviço, dois dias antes. "Estamos muito satisfeitos com a operação em Torres, que desde o primeiro dia apresenta números acima do esperado. Já dá para perceber que a cidade recebeu bem o serviço de micromobilidade, com destaque para as patinetes", diz, por meio de nota, a analista de Relações Governamentais e Institucionais da Grow, Renata Greco.

Secretário de Turismo da cidade, Fernando Nery avalia que a aceitação dos equipamentos entre veranistas é boa:

- É uma coisa nova e, obviamente, gera opiniões positivas e negativas, mas, equilibrando na balança, fazendo um feedback final, acredito que, pelo menos no nosso município, o serviço está se apresentando, neste momento, com muito mais qualidade do que propriamente defeitos.

O economista Renan Peres, 23 anos, frequentador da Prainha, aprovou o serviço:

- Tomara que tenha no inverno também. Como morador, gostei muito da novidade.

Desde os Molhes, ao lado da divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os veículos elétricos de duas rodas são vistos circulando na ciclovia, estacionados nas calçadas ou dividindo espaço com os automóveis nas estreitas ruas da cidade, o que preocupa a estudante Juliana Silveira, 23 anos:

- Está bem perigoso, porque, na ciclovia, tem gente caminhando ou correndo, e, no trânsito, os carros não respeitam. Quem sabe com o tempo haja uma adaptação com o novo meio, mas agora está um pouco confuso ainda.

Aprovação

A ciclovia de Torres é a maior do Litoral Norte. Em seus 2,5 quilômetros de extensão, há alguns buracos no piso e a pintura em vermelho está desbotada e com muita areia, devido à proximidade da praia. Por ela, é comum ver dois usuários circulando juntos, na mesma patinete com outra pessoa, embora não seja recomendado.

Edgar e Rogério Palamar atravessaram - cada qual com a sua - os balneários do município sobre as duas rodas.

- Ainda estou apanhando um pouco, mas quem anda de bicicleta anda nessa patinete - compara o programador, de 42 anos, morador de Bento Gonçalves.

Enquanto isso, próximo à Praia Grande, o filho dele operava o celular para liberar mais um equipamento para uso.

- O serviço é bem bom, o aplicativo funciona muito bem. É muito fácil de encontrar. Acho mais legal do que bicicleta, tanto que quase não estou vendo elas por aqui esse ano - analisa o estudante, de 21 anos.

A percepção do jovem foi a mesma da reportagem de ZH. Em dois dias circulando pela cidade, nenhuma bicicleta compartilhada foi vista nas faixas exclusivas ou em qualquer outro ponto do balneário.

Com velocidade máxima de 20km/h, a patinete garante passeios mais audaciosos. O técnico em enfermagem Luciano de Abreu Dias, 20 anos, subiu os 80 metros do Morro do Farol, de onde é possível ter uma vista panorâmica da praia, com o equipamento.

- Subiu bem, chegou à metade da velocidade limite. Eu nunca tinha andado, nem em Porto Alegre. É muito show - comemora.

Questionada sobre a possibilidade de expansão do serviço de compartilhados para outros municípios do Litoral Norte, a Grow informou que "os estudos para ampliação de suas operações para outras cidades são permanentes", mas que, no entanto, "a política de expansão da empresa leva em conta uma série de aspectos, como a demanda de pessoas que precisam percorrer curtas distâncias ao longo do dia, topografia favorável, estrutura de ciclovias e ciclofaixas, regulamentação e segurança, entre outras. Portanto, ainda não há definição para atuação em outras cidades do Estado".

ANDERSON AIRES E TIAGO BOFF

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