sábado, 11 de janeiro de 2020


11 DE JANEIRO DE 2020
ARTIGOS

SOMOS MÁQUINAS DE COMPUTAR E NÃO SABÍAMOS?


Professor e líder do InovaEdu Imed - Laboratório de Ciência e Inovação para a Educação | amilton.martins@imed.edu.br

Em 2006, Jeannette Wing nomeou pensamento computacional (PC) como uma habilidade humana, essencialmente intelectual e criativa, de criar abstrações do mundo com foco em resolver problemas e materializar as soluções através da programação de computadores. Como o PC é sobre abstração e autoria, o letramento computacional ou digital não são a mesma coisa, pois o segundo trata de oferecer conhecimento para as pessoas usarem a tecnologia no seu cotidiano.

Pense: quando alguém tem uma ideia, certamente incorpora nela sua filosofia de vida e curiosidade de forma criativa e única, e caso consiga generalizar e modelar a ideia, ela pode ser executada e automatizada por pessoas ou máquinas.

Pessoas executavam essas automações até o século 19. Veja os grandes empreendimentos do passado: pirâmides, estruturas de civilizações, rede de comércio ou exércitos. Já fomos muito (e ainda somos), máquinas de computar as ideias abstraídas pelos outros.

Desde meados do século 19, exponencial no século 21, temos agora máquinas não humanas, capazes de automatizar as ideias das pessoas, ou seja, computá-las. Antes máquinas físicas e mecânicas, hoje elétricas e digitais, e logo biológicas e quânticas. Por isso, compreendemos que "computar é automatizar nossas abstrações".

Nessa lógica, somos, assim como os computadores, máquina de computar. Alguém soldava o carro na fábrica, hoje o robô solda. Alguém somava folha de pagamento, hoje é feito por um software. Nesses exemplos, nós éramos a máquina de computar, porém ineficientes, sujeitas a erro, estresse ou corrupção, o computador não. Concorrência desleal.

O que nos sobra? Ao usar o PC, você não é a máquina de computar, você é o autor, você cria sua abstração, suas ideias, que vão ser programadas, ou seja, declaradas em um código, por você ou por outra pessoa, e ao final serão automatizadas por uma máquina de computar.

Programar é importante como habilidade para o século 21? Claro, é um novo letramento. Porém, mais importante é desenvolver o pensamento computacional, para ser o autor e não somente mais uma máquina de computar no mundo.

AMILTON RODRIGO DE QUADROS MARTINS

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