sábado, 12 de julho de 2025



12 de Julho de 2025
INFORME ESPECIAL- Rodrigo Lopes

Tensões entre EUA e Brasil são comuns

Um dos pilares da política externa brasileira no início do século 20 era contar que a aproximação com os Estados Unidos renderia concessões de Washington que seriam benéficas para o Brasil. Mas, como lembrou à coluna o embaixador Rubens Barbosa, essa relação de 200 anos é marcada por episódios frequentes de tensão. 

Se a retórica costuma exaltar a amizade estratégica e os interesses comuns, a realidade mostra que, por trás dos sorrisos protocolares, há contenciosos econômicos e políticos que revelam os limites da relação bilateral - especialmente quando interesses de Estado colidem com personalismos ou com narrativas ideológicas de ocasião.

Há rusgas históricas, desde o Império, mas para não nos alongarmos muito no tempo, vale lembrar que poucos embates foram tão emblemáticos quanto o contencioso do algodão, iniciado em 2002, quando o Brasil denunciou os subsídios americanos à produção de algodão, que distorciam o mercado internacional. 

O caso foi parar na Organização Mundial do Comércio (OMC) e resultou, anos depois, em uma vitória histórica do Brasil, com direito à autorização para retaliação comercial e, posteriormente, a um acordo bilionário com os EUA. Outro exemplo recorrente de atrito envolve o aço e o alumínio: em diferentes momentos, os EUA impuseram tarifas sob pretextos protecionistas, como fez Donald Trump em 2018 e 2019. O Brasil, ainda que se apresentasse como aliado fiel de Washington no governo Jair Bolsonaro, não escapou das sanções.

Casos recentes

A tensão também se estendeu ao etanol e aos biocombustíveis, com medidas de reciprocidade e disputa por mercado entre o etanol de cana brasileiro e o etanol de milho americano. Já no campo da propriedade intelectual, o embate foi mais sutil, mas não menos simbólico: os EUA pressionaram contra a quebra de patentes de medicamentos, especialmente durante a crise do HIV, enquanto o Brasil defendia o acesso universal à saúde, em consonância com tratados internacionais.

Mas foram os contenciosos políticos e diplomáticos que mais abalaram a confiança mútua nos últimos anos. O caso recente mais grave foi o episódio da espionagem da NSA, em 2013, quando a então presidente Dilma Rousseff teve seus dados monitorados ilegalmente pela inteligência americana. Dilma cancelou uma visita de Estado aos EUA e denunciou o abuso na ONU. A crise marcou um ponto de inflexão nas relações.

Sob o governo Biden, novas tensões emergiram. Os incêndios na Amazônia e a condução da política ambiental na época de Bolsonaro no Planalto provocaram reações duras do Congresso e da diplomacia dos EUA, que passaram a condicionar investimentos e cooperação ao combate ao desmatamento. A resposta do Brasil oscilou entre a negação e o discurso de soberania, com impacto direto na imagem internacional do país.

Apesar da retórica de proximidade, os interesses dos Estados Unidos raramente se curvam a afinidades ideológicas ou afetivas. O Brasil, por sua vez, oscila entre o pragmatismo e a tentativa de construir relações baseadas em lealdades pessoais, o que, invariavelmente, se revela frágil. _

Lula diz que tarifaços desorganizam a economia

O presidente Lula publicou, na quinta-feira, um artigo de opinião em nove jornais de relevância internacional. Intitulado Não há alternativa ao multilateralismo, o texto tece críticas às tarifas unilaterais e afirma que 2025 pode entrar para a história como o ano em que a ordem internacional poderia desmoronar.

Embora não cite diretamente a tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, o artigo ressalta que "tarifas abusivas desorganizam cadeias de valor e lançam a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação".

Destacando que o Brasil sempre buscou e continuará buscando a colaboração entre as nações, Lula afirmou em seu artigo que "a solução para a crise do multilateralismo não é abandoná-lo, mas reconstruí-lo sobre bases mais justas e inclusivas".

O artigo foi publicado nos jornais Le Monde (França), El País (Espanha), The Guardian (Reino Unido), Der Spiegel (Alemanha), Corriere della Sera (Itália), Yomiuri Shimbun (Japão), China Daily (China), Clarín (Argentina) e La Jornada (México). _

Superman Trump

O perfil oficial da Casa Branca divulgou, no final da noite de quinta-feira, uma imagem do presidente americano, Donald Trump, vestido de Super-Homem. A ilustração era acompanhada da legenda: "O símbolo da esperança. Da verdade. Da justiça. Do estilo americano. O Super-Homem Trump."

A postagem foi feita um dia antes da estreia norte-americana do novo filme do super-herói da DC Comics, marcada para sexta-feira - enquanto no Brasil o lançamento ocorreu um dia antes, na quinta-feira. Curiosamente, na nova adaptação cinematográfica, o personagem é retratado como um imigrante. 

Como ficou o novo Parque da Cidade, o palco da COP30

Sede da COP30, que ocorrerá em novembro, o Parque da Cidade tem sido ponto de recreação da população de Belém (PA) desde o final de junho.

Com 500 mil metros quadrados, conta com os prédios dos centros de economia criativa e de gastronomia, lago, quadras esportivas, ginásio coberto, playground, skatepark, anfiteatro, ciclovias, ecotrilhas, área verde preservada e mais de 2,5 mil árvores plantadas e transplantadas.

Em agosto, o espaço será entregue ao governo federal e à ONU, que passarão a montar as estruturas modulares provisórias dos pavilhões de negociações e plenárias da COP30 - as chamadas áreas Blue e Green.

O Parque da Cidade foi construído na área do antigo Aeroporto Brigadeiro Protásio. _

INFORME ESPECIAL

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