
15 de Julho de 2025
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes
A América Latina ainda é quintal dos EUA?
A ameaça de tarifaço ao Brasil traz a expressão, que, volta e meia, ronda a relação entre os americanos e os países ao sul do Rio Grande. Seria ainda hoje a América Latina quintal dos EUA?
A metáfora, obviamente, precisa ser reinterpretada à luz de um mundo no qual as potências globais competem, cada vez mais, por zonas de influência. É quase consenso entre especialistas de que o mundo está voltando a ser fatiado pelo poder, como em outros momentos turbulentos da história que nos levaram ao abismo.
A China criou a nova Rota da Seda como instrumento de influência, financiando obras de infraestrutura em mais de 150 países, tecendo uma rede de influência econômica e dependência financeira que vai do Sudeste Asiático à África e América Latina. Em resposta, os EUA reforçaram alianças por meio de parcerias militares estratégicas, como AUKUS (EUA, Reino Unido e Austrália) e Quad (EUA, Índia, Japão e Austrália).
A invasão da Ucrânia é uma tentativa explícita de o Kremlin manter sua esfera de influência na região pós-soviética e impedir o avanço da Otan. A Turquia tem se tornado o novo ator no Oriente Médio, com braços estendidos sobre o Cáucaso, a Líbia e até a África.
No caso latino-americano, a relação com a potência hegemônica, os EUA, sempre foi de aproximações e distanciamentos. A expressão "América Latina como quintal dos EUA" surgiu entre os séculos 19 e 20 como crítica ao intervencionismo em assuntos latino-americanos.
Doutrina Monroe
Historicamente, essa visão foi construída a partir da Doutrina Monroe (1823). Ao mesmo tempo em que estabelecia que as Américas deveriam estar livres da intervenção europeia, servia como justificativa para a influência dos EUA na região - algo como um pai protetor, mas, ao mesmo tempo, punitivo.
Além do "quintal", que remete a um local periférico da casa, outra metáfora comum nessa relação é a do "big stick" (porrete). A política de Theodore Roosevelt defendia a intervenção militar dos EUA para proteger seus interesses, como nas ocupações de Cuba, Haiti, Nicarágua e República Dominicana, além dos golpes apoiados pela CIA, como no Chile (1973) e no Brasil (1964).
Faz sentido ainda hoje? Por um lado, há uma continuidade da influência política e econômica - a maioria dos investimentos externos no Brasil vem dos EUA -, e Washington costuma apoiar governos aliados e manifestar hostilidade contra regimes ditatoriais, como de Venezuela e Cuba.
No entanto, há clara ascensão de outros atores na região, como a China, principal destino das exportações brasileiras, o que reduz a centralidade dos EUA. Latino- americanos também têm buscado diversificar parcerias, por meio de grupos, como Brics, Mercosul e Celac. _
Direito de pergunta: Donald Trump brinca de "Banco Imobiliário" (Monopoly) com a economia global?
O que é a Lei de Reciprocidade
Após Donald Trump anunciar tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o presidente Lula mencionou a possibilidade de resposta à decisão do americano com base na Lei de Reciprocidade Comercial.
A lei entrou em vigor em abril deste ano. O texto estabelece critérios para a "suspensão de concessões comerciais, de investimentos e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual" em resposta a medidas unilaterais de países ou blocos econômicos que prejudiquem a competitividade do Brasil no mercado internacional.
A legislação pode ser aplicada em casos em que ações estrangeiras:
Interfiram em escolhas legítimas e soberanas do Brasil;
Violem ou sejam inconsistentes com acordos comerciais;
Ou em outras situações que causem danos econômicos ao país.
O Artigo 3o, por exemplo, autoriza o Executivo a adotar "contramedidas na forma de restrição às importações de bens e serviços ou suspensão de concessões comerciais e obrigações".
Além disso, o país pode implementar medidas como:
Imposição de sobretaxas a produtos importados;
A suspensão de cláusulas específicas em acordos comerciais;
Interrupção temporária do reconhecimento de patentes e pagamento de royalties.
Suspender temporariamente princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC), que exigem tratamento igualitário entre parceiros, salvo casos de acordos bilaterais. _
Incidentes registrados nas comemorações da Bastilha
O 14 de julho é data emblemática para os franceses, de comemoração da Queda da Bastilha. Presidente da França, Emmanuel Macron pretendia usar as celebrações para exibir o poderio das Forças Armadas, mas incidentes roubaram a cena.
Um dos cavalos do desfile escorregou e caiu, derrubando o cavaleiro. Outro animal se desgarrou e circulou sozinho. Já um soldado foi flagrado com o ouvido sangrando, aparentemente ferido por sua própria espada. _
RS se despede de mais um pracinha
Morreu, ontem, o pracinha gaúcho Elmo Diniz, aos 103 anos. Ele lutou na Europa ao lado das forças aliadas do Brasil na Segunda Guerra Mundial. O militar faleceu de causas naturais. O velório será hoje, a partir das 9h, no 3º Regimento de Cavalaria de Guarda - Regimento Osório, em Porto Alegre. Uma cerimônia está prevista para as 11h.
Na Segunda Guerra, Diniz atuou como auxiliar da seção de logística, responsável por levar o fardamento e outros itens aos soldados no front.
No mês passado, morreu o tenente Oudinot Willadino. _
Brasil tem novo Patrimônio Mundial
O Brasil tem mais uma beleza natural reconhecida como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco. O cânion do Peruaçu, em Minas Gerais, foi incluído na lista, domingo, na 47ª reunião do Comitê do Patrimônio Mundial, em Paris, na França. O local, com 38 mil hectares de extensão, tem formação geológica resultante do desabamento de uma caverna.
Entre os pontos mais visitados, estão a Gruta do Janelão, com galerias de mais de cem metros, e a Perna da Bailarina, considerada a maior estalactite do mundo (formação rochosa que se assemelha a um pingente de gelo). A região reúne mistura de ecossistemas, como Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga, e abriga mais de 114 sítios arqueológicos. _
Nenhum comentário:
Postar um comentário