
OPINIÃO DA RBS
Um freio na trama da família Bolsonaro
Foi a própria família Bolsonaro que não deixou alternativas a não ser a determinação de medidas restritivas contra o ex-presidente por obstrução de justiça e para que fosse evitada uma eventual fuga do país.
Foram os próprios deputado licenciado Eduardo Bolsonaro e o pai, Jair Bolsonaro, que mais de uma vez apontaram como razão para os EUA chantagearem o Brasil com tarifas punitivas de 50% o processo em que o ex-mandatário é réu por tentativa de golpe de Estado. Foram eles, também, que condicionaram um eventual recuo do presidente norte-americano, Donald Trump, à aprovação de anistia aos envolvidos na tentativa de ruptura institucional no país, em que Jair seria o principal beneficiado.
Foi o próprio Eduardo, em autoexílio nos EUA desde março, que evocou para si o mérito de ter influenciado uma o de direito.
As medidas impostas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro, que atenderam a pedido da Procuradoria-Geral da República (PRG) e foram cumpridas na sexta-feira pela Polícia Federal (PF), incluem a colocação de tornozeleira eletrônica, a proibição de uso das redes sociais e de contato com Eduardo, embaixadores e diplomatas estrangeiros e outros investigados, além da determinação para permanecer em casa entre 19h e 6h. Uma possível fuga de Bolsonaro era hipótese que nada tinha de esdrúxula. Basta lembrar que o ex-presidente, temendo ser preso após ter o passaporte apreendido, passou dois dias na embaixada da Hungria, no Carnaval de 2024.
As atitudes de Jair Bolsonaro, como réu em ação penal, e da família, mostram a confiança de que o capital político e a massa de apoiadores de que dispõem seriam suficientes para que pairassem acima da lei. Ao esticarem a corda, não deixaram margem para o sistema judicial do país que não fosse uma reação contundente.
Não é de se descartar que, em novo passo de tensionamento, Trump no mínimo dificulte as negociações empresariais e diplomáticas do Brasil para rever o tarifaço que inviabiliza exportações e traz incertezas à economia do país. Ainda assim, era dever reafirmar institucionalmente que cabe somente ao Brasil decidir sobre seus temas internos.
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