sábado, 10 de julho de 2021


10 DE JULHO DE 2021
OPINIÃO DA RBS

OS RESULTADOS DA VACINA

Os números de internações e de mortes seguem altos, mas, mesmo assim, é possível afirmar que a vacinação já mostra resultados positivos no Rio Grande do Sul. Durante a semana, pela primeira vez desde fevereiro, Porto Alegre tinha menos de 300 pessoas com covid-19 em UTIs. Ainda falta muito para que, a exemplo de países da Europa e de regiões dos Estados Unidos, a população possa renunciar às máscaras e ao distanciamento, mas é motivo de esperança o avanço célere da imunização, depois de tantas omissões e tropeços do governo federal. A Fundação Oswaldo Cruz, no mesmo sentido, mostrou que há quatro semanas consecutivas se nota no país queda na ocupação de leitos de terapia intensiva na rede pública e pela primeira vez no ano não se observa, em qualquer Estado, aumento das taxas de casos e de mortes.

Nesse contexto, é importante ressaltar, mais uma vez, a necessidade de mobilizar a população para que compareça aos locais de vacinação e que não descuide da data da segunda dose, quando ela é indicada. A imunização só é efetiva quando forma uma barreira capaz de impedir a circulação do vírus e, com isso, bloquear a proliferação de variantes potencialmente mais agressivas, como a delta, que é motivo de nova apreensão nos EUA e na Europa. Logo, a vacina não é objeto de decisão pessoal, e sim um compromisso e um sinal de respeito com o direito do próximo.

Mais de um ano e meio depois da explosão da pandemia no país, os gaúchos podem se orgulhar da capilaridade do sistema de saúde do Estado e dos profissionais que o integram. O gradual retorno às atividades presenciais, sempre de forma segura, não pode ofuscar a realidade dos que enfrentam, todos os dias, o drama das UTIS e da dor dos que sofrem com a covid-19.

Das Forças Armadas à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), passando pela mobilização de várias outras instituições públicas e da sociedade civil organizada, nunca se viu tamanha associação em torno de um objetivo comum. Mas, infelizmente, mesmo essa elogiável convergência não é capaz de impedir os ataques à ciência, que têm na desinformação a sua arma principal. Para propagar uma mentira, basta uma frase simples e aparentemente lógica e o acesso à internet. Para desmanchá- la, muitas vezes, o esforço requer explicações longas e com aspectos técnicos desafiadores sob o prisma da compreensão de públicos leigos. E o preocupante é que, em regra, o esclarecimento não tem o mesmo poder de disseminação das inverdades, viralizadas no turbilhão das redes sociais.

No Brasil, mais de 530 mil pessoas morreram vitimadas não apenas pelo novo coronavírus, mas pelas mentiras que precederam a falta de cuidado e a negação das precauções comprovadamente eficientes para prevenir a contaminação. São duas as frentes em que a união cidadã deve investir energias. Uma é a logística da vacina, um esquema já consolidado e em pleno funcionamento. A outra é a da educação construtiva, sem cair na armadilha da polarização, mas levando informação de fontes confiáveis e identificáveis de uma forma simples e direta a quem, infelizmente, ainda se deixa iludir pelo falso brilho das enganações.

Os números comprovam o óbvio: as vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) funcionam e são seguras. O resto é desinformação, que precisa ser combatida com o mesmo denodo com que se enfrenta a epidemia. 

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