sábado, 6 de novembro de 2021


06 DE NOVEMBRO DE 2021
CLAUDIA TAJES

Virando a página

Depois de tanto tempo sem fazer jus ao adjetivo do seu nome, Porto Alegre vai, aos poucos, retomando a vida. Com todos os protocolos bem obedecidinhos, que ninguém aqui é negacionista para achar que, agora, tudo são jacarandás.

O Porto Alegre Em Cena foi um sucesso, com as sessões presenciais esgotadas e a promessa de uma edição 2022 maior ainda. A Cinemateca Capitólio tem presenteado o público com grandes filmes e grandes ideias. No Halloween, por exemplo, uma sessão à meia-noite lotou - dentro dos protocolos - para assistir ao filme Halloween, o primeiro da série. Dica de amiga: fique de olho na programação da Cinemateca. O jornalista Roger Lerina foi anunciado como o novo programador cinematográfico do espaço que vai abrir no lugar do Cine Guion, garantia de uma programação de nível lá em cima para o público.

Porto Alegre parece respirar outra vez. E, para não deixar dúvidas, a Feira do Livro está de volta depois de um tempo que pareceu muito maior do que apenas uma edição longe da praça e dos leitores. Correndo o risco de deixar de fora atrações imperdíveis - mas que estão todas no site feiradolivro-poa.com.br, com as datas e horários omitidos aqui -, seguem algumas sugestões de autógrafos e títulos.

Enquanto prepara a edição atualizada do seu clássico Dicionário de Porto-Alegrês (oba!), o profe Luís Augusto Fischer lança Duas Formações, Uma História: das Ideias Fora do Lugar ao Perspectivismo Ameríndio, que propõe uma nova forma de contar a história da literatura brasileira. Livro da editora Arquipélago - que, entre outros, leva para a praça os lançamentos de Luís Henrique Pellanda, de Humberto Werneck e da recém vencedora do prêmio Vladimir Herzog, Eliane Brum.

Boa notícia é o novo livro de crônicas do grande autor Sergio Faraco, As Noivas Fantasmas & Outros Casos, que sai pela L&PM. Editora da arrasa-quarteirão e vizinha de página Martha Medeiros, que reúne uma novela e 51 poesias inéditas em Noite em Claro Noite Adentro. Atenção também para o primeiro romance de Clara Corleone, Porque Era Ela, Porque Era Eu. A sempre bacana editora Besouro Box apresenta os autores Boca Migotto e Mariana Bauermann. E você sempre pode dar a sorte de cruzar na Feira com o Jonatã Nunes, que encontra inspiração para ser poeta enquanto trabalha com a coleta de resíduos recicláveis na cidade.

Mais autores lançando? São muitos. Daniel Galera, Antônio Xerxenesky, Natália Timerman, Claudia Schroeder, Ana Marson, Celso Gutfreind, Natalia Borges Polesso, Lelei Teixeira, Eduardo Bueno. José Falero, que já tem lugar garantido entre os grandes, vem com as crônicas de Mas Em Que Mundo Tu Vive?. Rafael Guimaraens lança o infantil Bolita de Gude pela Libretos. Falando em infantil, é sempre bom passar pelas bancas da editora Projeto e da Ama Livros - nessa última é possível encontrar os caprichadíssimos lançamentos da editora Piu. Ao lado de outras autoras, Jane Tutikian vai discutir a importância dos programas de incentivo à leitura. Por que o infantil perdeu tanto espaço se ele é a porta de entrada para a literatura?

Tudo isso sem falar na programação online da Feira, que abriu com a maravilhosa autora Alice Walker. Vale conferir todas as atrações no site.

E assim, página a página, a Feira e a vida vão ficando mais parecidas com o que a gente lembrava. Bora aproveitar.

Só não esquece a máscara.

Sobre a coluna da semana passada, que falava das narradoras de futebol, uma curiosidade: fora a mensagem da Delma, para quem as narradoras vieram para ficar, todos os outros e-mails que recebi foram de leitores. Gentilíssimo, o Luiz Tarcísio disse que ele e seus amigos preferem a narração feminina. O Nestor, que já é amigo da casa, escreveu com a elegância de sempre. O Luiz Felipe, que me honra com sua leitura todas as semanas, gostou do texto. O Sérgio acredita que tanto faz mulher ou homem, desde que tenha competência. Já um educadíssimo Roberto me brindou com opiniões que só corroboraram o teor da coluna. 

Algumas delas - com a grafia original do sujeito para não perder o, digamos, sabor. "Pessoas como você, que não conhecem nada de futebol, vêm logo a defender dizendo que é discriminação, preconceito e grosseria, não aceitar que ?MULHERES? sejam narradoras e exclui do seu texto que não interessa o sexo, precisa ter competência para a realização do serviço, coisa que elas não têm". Como dizia o filósofo Odorico Paraguaçu, a ignorância atravanca o progresso. Cai o pano.

CLAUDIA TAJES

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