sábado, 6 de novembro de 2021


06 DE NOVEMBRO DE 2021
MONJA COEN

IRMÃ TERRA

Entre pátria e mátria, podemos ter fátria. Fátria amada Brasil. Fraternidade. Um país é uma comunidade de pessoas com costumes e hábitos semelhantes, não iguais. Nossa demarcação foi feita na Europa. O Tratado de Tordesilhas. E a América do Sul portuguesa ficou maior do que a espanhola. Brasil imenso de tantos povos e tantas culturas, tradições, linguagem, posições.

Caetano cantou a fátria Brasil. Amada irmã, feita de pó, de terra, de lagos, mares, florestas, rios, cascalhos, esmeraldas e ouro, carvão, minerais e avião.

E você? Já se deu conta de que estamos todos emaranhados, interligados há milhões de anos?

Os vulcões continuam regurgitando o magma, erupção de fogo, de lavas ferventes, que vêm do centro da nossa irmã. Brava, quente, furiosa. Guarda no seu íntimo o fogo que queima destrói e renova.

Um dinossauro entra na sala de reuniões de lideranças mundiais e explica que extinção não é uma coisa boa. Como é que não cuidamos e permitimos a extinção das causas e condições para a vida humana no planeta? Será que é fake news o aquecimento global? Será que é mentira a poluição ambiental? Será que são falsas as noções da necessidade de preservação das matas, florestas, mananciais, terras, águas e ar?

Sente-se em silêncio e observe profundamente. Disto surge aquilo e daquilo surge aquele outro ser, outro momento. Interligados, interconectados. Impossível separar, dividir, excluir. Podemos juntar, multiplicar, incluir e acolher.

Você quer se preparar para migrar a outro planeta? Ou quer se empenhar a restaurar a tessitura ambiental que foi rompida? Ou quer romper até estraçalhar e não haver mais gente para salvar? Sem hospitais suficientes, sem remédios, sem cura, sem oxigênio, sem redomas - a nossa redoma já furou: a camada de ozônio.

Essa redoma é importante para nós que vivemos na camadinha fria desta bola de fogo em brasa. Não conseguimos viver com muito calor nem muito frio. Estamos cuidando ou fingindo que está tudo bem?

Alarmar. Alarma! Alarma! Era o grito de guerra do jovem guerreiro, que acompanhava seu pai, o velho Tupi. Poemas de minha infância. Fui alimentada por poesias e filosofias, saraus musicais e alegrias.

Ninguém nunca bebeu demais nessas reuniões familiares.

Família grande: uma de 17 irmãos, outra de 13 irmãos. Parentes espalhados, com sobrenomes diversos, irreconhecíveis próximos e distantes...Mesmo sem saber as origens brasileiras, precisamos reconhecer que somos todos aparentados.

Fico imaginando a mesa de jantar. Alguns já haviam se casado e continuavam morando na casa grande da fazenda. Haja casa grande para caber tanta gente. Haja comida.

Contaram-me que o pai mantinha seu lugar na cabeceira da mesa com um chicote na mão. Refeição era em silêncio - para evitar brigas e confusão. Depois da morte do pai, a mãe assumiu o chicote. Por baixo da mesa eram botinadas. Mas as faces não podiam revelar a dor, nem um som era ouvido, além dos passarinhos, do gado, dos cavalos, do machado e do moinho.

Patriarca, matriarca. Depois deveria ter sido a irmandade, o fratriarcado - que bonito se assim fosse. Entretanto, o irmão ou a irmã mais velha logo repetia o modelo anterior. De novo patriarcado, matriarcado.

Irmandade, sem um acima e um abaixo, todos juntos celebrando a vida, comungando, compartilhando e cooperando. Ah! Quando a humanidade despertar vai ser tão lindo.

Mãos em prece

MONJA COEN

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