sábado, 9 de outubro de 2021


09 DE OUTUBRO DE 2021
PARA ALÉM DA IMAGINAÇÃO

Início será pelas capitais, mas há risco de oferta desigual

Em um primeiro momento, a implementação do 5G começa pelas capitais. Um cronograma foi definido pelo edital, com a promessa de que a tecnologia deva funcionar nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal até julho de 2022. Para todas as demais cidades com mais de 30 mil habitantes, o prazo especificado é julho de 2029.

Por isso, de início, a tendência é de que o acesso ao 5G seja mais restrito, primeiro em razão da área de cobertura menor, abrangendo poucas cidades, e, segundo, pela compatibilidade de poucos celulares, o que vai demandar que o usuário adquira novo aparelho.

Segundo Cristina Nunes, professora da Escola Politécnica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), uma das preocupações é se essa oferta de internet não será desigual:

- Será que a periferia vai ser atingida? Para funcionar, precisa de cinco vezes mais antenas do que o 4G. A maioria dos celulares não tem 5G ainda, é preciso comprar equipamento mais caro e isso vai exigir investimento do consumidor - pontua a professora.

Nesse sentido, os especialistas acreditam que a própria competição possa acelerar o processo de implantação. Para Eduardo Tude, sócio da consultoria Teleco, a disputa em leilão abre espaço para novos players explorarem a telefonia no Brasil.

- O leilão foi muito bem trabalhado no sentido de ter quantidade muito grande de frequências. Para oferecer esse serviço, cada operadora vai precisar de banda muito maior do que tem hoje. Nesse sentido, existem frequências para todo mundo comprar. Tanto as três maiores (Vivo, Claro e TIM - uma vez que a Oi está vendendo a sua unidade móvel e não vai participar), quanto a possibilidade de aparecerem novos players - observa Tude.

A questão é se esse espaço vai ser viável para os estreantes, já que a entrada no serviço móvel exige alto grau de investimento. Alguns já declararam interesse, como é o caso da Highline, que pretende comprar frequências para oferecer no atacado para outros players, mesmo caso da Brisanet, que atua na Região Nordeste.

Entre as grandes, a TIM foi a primeira operadora a fechar aprovação formal para participar do leilão e tentar arrematar uma das faixas de frequência. Em nota enviada à reportagem, a operadora avaliou que "o desenho do edital incentiva investimentos de longo prazo na nova tecnologia", e que nas próximas semanas deverá completar os passos para a apresentação das propostas. Conforme o edital, no dia 27 de outubro.

- Claro que a competição ajuda a acelerar o processo. O edital trouxe um dispositivo que permite antecipar a migração do 5G, caso não tenha interferência com as antenas parabólicas. Em algumas localidades, onde não houver interferência, poderá ligar o 5G de imediato, o que pode antecipar o cronograma - diz Marcos Ferrari, presidente executivo da Conéxis.

Olho na segurança

Outro debate que se abre é em relação à segurança. Segundo Cristina Nunes, professora da Escola Politécnica da PUCRS, como a internet será muito rápida, será preciso mais recursos para blindar a proteção das redes. Mesmo tendo monitoramento, talvez não dê tempo de o sistema bloquear ou agir em caso de ataques. Por isso, ela acredita que será necessário, inclusive, ter formação melhor de especialistas em segurança para a nova realidade tecnológica.

– No momento em que um criminoso entra na rede, em poucos segundos ele vai baixar todas as informações que quiser – alerta Cristina.

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