quinta-feira, 6 de novembro de 2025


 
06 de Novembro de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Aliados improváveis do Brasil contra o tarifaço

No dia seguinte ao que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva evidenciou a falta de avanço na negociação do tarifaço de 50%, o Brasil ganhou improváveis aliados. A Suprema Corte americana iniciou a apreciação do recurso contra decisões de instâncias inferiores que consideraram ilegal a política de Donald Trump.

Os republicanos dominam, com integrantes indicados pelo atual presidente (três) e antecessores, mas isso não garante vitória das tarifas. Até Trump, o partido era contra esse tipo de nacionalismo econômico. E ainda que a decisão seja favorável à Casa Branca, a exposição do tema exige mais flexibilidade do governo americano.

Ainda mais improvável, a eleição de um candidato muçulmano e socialista à prefeitura de Nova York, Zohran Mamdani, abala a percepção de apoio monolítico a Trump nos EUA. O candidato republicano fez apenas 7,1% dos votos. Trump apoiou o segundo colocado, Andrew Cuomo - democrata que, derrotado nas prévias, concorreu como independente -, mas o sinal amarelou até porque o presidente fez questão de nacionalizar a disputa.

Até Trump vê efeito shutdown em derrota

Democratas venceram as eleições para o governo de Nova Jersey e Virgínia, também com ajuda do ex- presidente Barack Obama, que deixou a discrição de lado e passou a fazer comícios com fortes críticas ao sucessor. Em público, Trump pode dizer que faltou seu nome na cédula. Nos bastidores, todos sabem como resultados como esses provocam ondas de reavaliação em qualquer governo. Isso não significa que agora a alíquota adicional de 40% para o Brasil esteja com os dias contados. Até a negociação com a China, que deixa um relativamente pacato país sul-americano com tarifa maior do que a do grande inimigo asiático, pode ajudar a tirar o ranço da conversa.

Além disso, o shutdown (paralisação de serviços federais) acaba de se tornar o mais longo da história americana. Houve tentativa de culpar os democratas, mas o próprio Trump reconheceu que a interrupção de serviços e pagamentos levou à derrota dos republicanos. _

A bolsa teve forte alta ontem, de 1,7%, saltando do patamar de 150 mil para 153 mil pontos em um só dia, com a oitava quebra de recorde nominal seguida, mais animada do que as americanas. O dólar caiu 0,7%, para R$ 5,361.

Investimento de R$ 100 milhões exigido por enchente

Empresa de São Paulo especializada em armazenagem, distribuição e transporte de produtos alimentícios sob temperatura controlada, a Friozem começa a operar em Sapucaia do Sul na próxima quarta-feira. Sua unidade ficava em Esteio, mas ficou um mês parada depois da enchente de maio de 2024.

A mudança de local é resultado de investimento de R$ 100 milhões com o Ecoparque Lourenço & Souza, polo logístico da Região Metropolitana.

- Foi a pior tragédia na vida de muitos, e também para a Friozem, que em 47 anos nunca tinha passado por nada parecido. Gerou enorme prejuízo, mas nos motivou a investir em uma estrutura mais moderna, eficiente e segura - diz o diretor-presidente, Fábio Galesi Fonseca. _

CEEE diz estar dentro do limite de horas sem luz

Quatro anos e meio depois da privatização, a CEEE Equatorial comunicou ontem que enfim está dentro do limite de horas sem luz previsto em seu contrato de concessão. A companhia que atende parte da Região Metropolitana, sul e litoral do Estado, foi privatizada em março de 2021.

Em comunicado ao mercado, a CEEE informa ter "superado" o indicador chamado DEC (duração equivalente de interrupção por unidade consumidora). Conforme a empresa, em setembro alcançou DEC de 11,03 horas frente ao limite de 11,08 horas. Isso significa que, em média, seus clientes ficaram 11,03 horas no mês sem energia elétrica.

A Equatorial não menciona outro indicador contratual importante, o FEC, que indica o número médio de cortes no abastecimento. Em tese, se as distribuidoras de energia descumprem de forma repetida os limites, podem perder a concessão. _

Copom sonega sinais de início de corte no juro

As atenções sobre a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) se concentravam no comunicado, porque não havia expectativa de mexida no juro básico. A bolsa de valores no Brasil subiu 1,7% enquanto as bolsas de Nova York tiveram altas moderadas, ao redor de 0,5%, o que foi atribuído à expectativa de sinalização para o início do esperado ciclo de baixa.

No entanto, o Copom não entregou esse sinal, mantendo a informação de "manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado". A expectativa era de que o "bastante" ficasse pelo caminho, o que não ocorreu. A leitura é de que o primeiro corte possa não ocorrer em janeiro.

Nem outro trecho de comunicados anteriores muito duros foi deixado de lado, e o BC avisou, outra vez, que "não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado". Não mudou sequer a citação da inflação projetada para o primeiro trimestre de 2027, de 3,4%. Nem sinal, mesmo tênue, foi entregue. _

BC recua em projeto de real digital

O Banco Central (BC) decidiu desligar a plataforma usada nas fases iniciais de implantação desse moeda que prometia simplificar operações de pagamento mais volumosas. Isso significa que o Drex morreu antes de nascer? Não necessariamente, mas é certo que, se retornar, será em um futuro indeterminado.

Há duas principais justificativas para o desligamento do sistema: custava caro e enfrentava problemas para garantir a privacidade das operações. Conforme o economista André Perfeito, testes de implementação como os feitos servem mesmo para verificar se há problemas e tentar buscar soluções:

O BC foi correto e zeloso. O Drex não morreu, apenas tomará outra ou outras formas.

Para o economista, a alternativa que ganha força é a de stablecoins, moedas digitais privadas que têm paridade com o real físico - havia dúvidas se o Drex poderia ter essa característica.

- Esse parece ser o futuro depois que Trump encerrou a iniciativa de moeda digital do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) em favor de stablecoins de dólares - avalia Perfeito. 

GPS DA ECONOMIA

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