
22 de Novembro de 2025
MARCELO RECH
Master escândalo no ar
Prepara a pipoca que a nova novela do Brasil real já começou. Será difícil bater uma campeã de audiência como a Lava-Jato, mas o fuzuê no Banco Master tem todos os ingredientes para despertar uma torrente de emoções capaz de reviver alguns dos melhores momentos do mar de lama que volta e meia sacode a política nacional.
Primeiro, o flagra no Master tem como personagem central um vilão clássico de Hollywood: Daniel Vorcaro, o herdeiro ganancioso que não mede atitudes para a escalada social. De jogada em jogada, ele se torna, aos 42 anos, protagonista do disputado teatro de escândalos nacionais. No passado, o papel já foi desempenhado por Marcelo Odebrecht e Eike Batista, ambos com larga experiência em celas da Polícia Federal e que hoje levam vidas discretas.
Vorcaro, não. Sua rotina de exuberâncias pode ser reconstituída aqui e ali pelas redes sociais. Em 2023, no auge da ostentação novo-riquista, ele consumiu R$ 15 milhões na festa de 15 anos da filha, em Nova Lima, perto de Belo Horizonte. Segundo jornais locais, Vorcaro pavimentou um quilômetro de rua até a mansão onde se esbaldaram 500 convidados. Para não se incomodar com os vizinhos, o nosso filantropo reservou para eles suítes em hotéis cinco estrelas de BH durante o fim de semana.
A vida pessoal de Vorcaro preencheria muitos capítulos. Suas festas, como a de um camarote na Marquês de Sapucaí neste ano, e os investimentos particulares, como o prédio do Hotel Fasano Itaim, em São Paulo, e um pedação do Atlético Mineiro, renderiam boas cenas, mas o lado pessoa física não é o eixo do script. Embora o deslumbramento de Daniel com a súbita fortuna produza narizes torcidos em banqueiros que sabem o valor do recato, a pimenta que interessa ao país é como as conexões políticas de Vorcaro postergaram a manutenção do castelo de cartas que ele havia construído.
À esquerda, à direita e ao centro, personagens políticos se revezam na proximidade com Vorcaro e seus interesses econômicos. Nesta sinopse, não cabem os nomes e as circunstâncias em que desfilarão nomes estrelados do mundo jurídico, político e empresarial ao longo do roteiro que se desenha. Alguns terão de dar muitas explicações, como o BRB e o governo do Distrito Federal, que o controla, bem como o fundo de pensão dos servidores do Rio, o RioPrevidência, e o governador Claudio Castro.
Um queria porque queria meter o pé na jaca do Master e foi barrado pelo Banco Central. O outro enfiou ali R$ 2,6 bilhões do dinheirinho dos servidores, dos quais um terço quando o banco já resfolegava. Ah, e a cena de Daniel Vorcaro sendo preso em Guarulhos prestes a embarcar em um dos seus três jatinhos terá de ser cortada. É plágio do final de Vale Tudo. Nem tudo vale. _
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