sábado, 22 de novembro de 2025


22 de Novembro de 2025
EUGÊNIO ESBER

Washington, temos um problema

O relator do projeto de lei antifacção, aprovado nesta semana por ampla margem de votos na Câmara dos Deputados, não ousou enquadrar multinacionais do crime, como o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital, como "organizações terroristas". Não foi por falta de convicção do deputado Guilherme Derrite (PP-SP), e sim porque o consórcio STF-PT é terminantemente contra, alegando - acredite se quiser - risco à soberania brasileira. A Argentina e o Paraguai, em exemplo que deve ser seguido por outras nações vizinhas, não tiveram esse receio. 

Logo que a polícia do Rio travou um confronto armado com o Comando Vermelho, que eliminou 117 e prendeu outros 121 bandidos que depuseram seus fuzis de guerra, os presidentes Santiago Peña e Javier Milei anunciaram medidas que consideram o PCC e o CV aquilo que de fato são - organizações terroristas. Com isso, reforçam medidas de controle na fronteira com o Brasil e dizem ao mundo livre que têm real interesse em contar com a cooperação internacional para não se tornarem narcoestados como a Venezuela, hoje cercada por uma impressionante força militar que recebeu de Donald Trump a missão de desalojar do poder "El Súper Bigote" Nicolás Maduro, presidente ilegítimo do país e apontado por Washington como chefe do Cartel de los Soles.

O projeto de Derrite traz avanços inegáveis para o combate aos faccionados e, principalmente, aos seus líderes, imputando-lhes um novo tipo de crime, o "domínio social estruturado". É quando a facção controla um território e impõe suas próprias regras à população local. Um quarto da população brasileira já vive sob a lei do crime e do seu bárbaro tribunal, e surpreende que só agora, meio século depois da tomada dos morros do Rio pelo tráfico e a expansão deste Estado paralelo para outros Estados e países, a lei brasileira trate objetivamente deste câncer. 

O projeto antifacção barra as saidinhas e a progressão para o regime semiaberto, isola os líderes, impõe penas de até 66 anos, monitora conversas dos presos com seus advogados, acaba com visitas íntimas e extingue o pagamento de auxílio-reclusão.

O texto deve ser desidratado no Senado, submisso a Lula. Ele próprio, no momento da sanção, poderá mutilar mais algumas partes do projeto; e, mesmo que o Congresso derrube seus vetos, restará o STF, hoje uma espécie de petismo de toga. Alguma esperança? Sim. Da Justiça dos EUA, que neste momento ouve a confissão de traficantes dos cartéis venezuelano e mexicano sobre suas conexões. Washington, que já registra a presença do CV e do PCC em boa parte do território norte-americano, virá atrás dos narcoterroristas e dos seus poderosos patrocinadores, onde quer que se abriguem.

Lá, o crime não compensa. _

EUGÊNIO ESBER

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