INVESTIMENTO PÚBLICO
Recuperação de hospitais avança no RS após enchente. Governo federal já anunciou a destinação de cerca de R$ 638 milhões para o restabelecimento destas instituições, segundo levantamento do Painel da Reconstrução, do Grupo RBS. Catástrofe climática de maio atingiu gravemente estruturas de saúde em diversas regiões.
A tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul em maio afetou gravemente diversos setores do Estado, incluindo as principais estruturas de saúde, como os hospitais. Nas últimas semanas, o investimento na recuperação destes estabelecimentos teve uma aceleração, exemplificada pelo retorno das operações do último hospital do Estado que ainda estava fechado após sofrer os impactos da enchente, o Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC).
A plena reparação das estruturas dos hospitais é fundamental para a população. Por isso, essa é uma das áreas destacadas que são monitoradas pelo Painel da Reconstrução, ferramenta desenvolvida pelo Grupo RBS para acompanhar o processo de recuperação do Estado após a tragédia climática de maio.
Desde a enchente, os governos federal e estadual têm reunido recursos extraordinários para acelerar a recuperação dos hospitais afetados. Por ter maior capacidade de mobilização, a maior quantidade de investimentos feitos até o momento foi realizada pelo Planalto.
Conforme dados do Painel da Reconstrução, o governo federal já anunciou, até o momento, cerca de R$ 638 milhões para a recuperação dos hospitais gaúchos. Deste montante, aproximadamente R$ 447 milhões já foram despendidos pela União.
Destes recursos já disponibilizados, parcela significativa, de R$ 189 milhões, foi repassada ao Fundo Nacional de Saúde (FNS), que encaminha então aos municípios. Com este montante, foram financiadas ações e serviços públicos de média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar em 213 cidades gaúchas.
GHC
Outro investimento robusto feito pela União foi o repasse de R$ 115 milhões ao Grupo Hospitalar Conceição (GHC). De acordo com o GHC, cerca de R$ 53 milhões estão sendo utilizados para despesas de pessoal, pois 890 profissionais foram contratados em caráter temporário. Outros R$ 62 milhões foram utilizados para custear a demanda por mais leitos após a enchente - foram abertos 120 novos.
- Foi de fundamental importância a rápida destinação de recursos do governo federal e do Ministério da Saúde para que a instituição tivesse condições de organizar a contratação emergencial de equipes de assistência - reforça Gilberto Barichello, diretor-presidente do GHC.
O GHC afirma já ter recebido o total do valor informado, por isso a reportagem assim considera. Contudo, há divergências com o que é apresentado no Painel de Reconstrução, pois, até a quinta-feira, os valores não estavam incluídos na última atualização do Portal da Transparência, de 19 de setembro.
O ministério menciona outras iniciativas realizadas pela pasta no RS, destacando "vacinação em abrigos, apoio à saúde mental, fornecimento de leite materno para UTIs Neonatais e outras ações para garantir a qualidade da água e a reconstrução de unidades de saúde, totalizando repasse de cerca de R$ 2 bilhões". _
Em Canoas, repasses possibilitam retomada gradual de atendimentos
Outra instituição hospitalar que recebeu recursos federais para reestruturação foi o Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC).
Após meses fechado em razão dos impactos da enchente, o estabelecimento, que era o último hospital do Estado ainda sem operação depois da tragédia climática, foi reaberto na última semana.
Conforme informações da prefeitura, o município solicitou ao governo federal R$ 30 milhões para compra de equipamentos, como tomógrafo, equipamento de ecografia e raio X, além de mobiliários. Destes, R$ 19 milhões foram enviados pelo Ministério da Saúde, recurso que já está sendo utilizado. Em complemento, foram solicitados R$ 37 milhões para reformas estruturais, com o envio de R$ 30 milhões. Os serviços de reparos já estão sendo realizados, com previsão de conclusão em dezembro deste ano. Estes dois repasses ocorreram na segunda quinzena de agosto.
- A retomada dos serviços de forma progressiva é fundamental para a reconstrução da saúde em Canoas. Neste primeiro momento, contamos com três consultórios médicos, sala de estabilização, 12 leitos de observação e 34 leitos de internação, além de laboratório e raio X. Estamos tomando todas as medidas necessárias para entregar o hospital à população - afirma Mauro Sparta, secretário de Saúde do município. _
Roca Sales recebe recursos
O município de Roca Sales, no Vale do Taquari, é um dos que sofreu danos severos tanto no evento climático de setembro de 2023 quanto na enchente de maio de 2024. O hospital Roque Gonzales, localizado na cidade, também foi impactado nestes dois anos.
Assim como ocorreu em 2023, em maio deste ano o hospital teve todo o seu primeiro piso alagado, com os atendimentos sendo transferidos de forma emergencial para o segundo andar - as operações do primeiro piso foram retomadas em 29 de julho. Os trabalhos de reparo do hospital foram iniciados com doações, até que, no início de setembro, um montante de R$ 1,7 milhão, provenientes do governo federal e do governo estadual, foi destinado.
- Ainda estamos com trabalhos de reforma, mas a situação dos atendimentos do hospital já está normalizada - afirma Raquel Oestreichc, secretária de Saúde de Roca Sales.
Por estar em uma área suscetível a inundações, o atual hospital de Roca Sales será futuramente desativado. A prefeitura deve apresentar nos próximos dias documentos apontando um terreno no município para a construção de uma nova unidade hospitalar para a cidade.
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