05 de Outubro de 2024
EDITORIAL
Vida real e democracia na veia
Os 8,6 milhões de gaúchos aptos a votar têm neste domingo a oportunidade de se expressar nas urnas e ajudar a moldar o futuro a que aspiram para os seus municípios. O voto é a grande ferramenta à disposição dos cidadãos para influenciar o destino do lugar onde vivem. A decisão de sufragar cada candidato ou candidata à prefeitura ou à Câmara de Vereadores, portanto, precisa ser o resultado de uma profunda reflexão, lastreada em informações corretas, em que devem ser sopesados fatores como a qualidade das propostas e sua viabilidade, linhas de pensamento e trajetória pessoal dos postulantes aos cargos públicos.
O desfecho de uma eleição não define apenas os próximos quatro anos dos municípios. Bons gestores e legisladores qualificados, sintonizados com os desafios contemporâneos, têm o poder de deixar legados que, em um horizonte mais largo, permanecem contribuindo para o bem-estar da população e o desenvolvimento local. As questões relacionadas às mudanças climáticas e suas consequências são apenas um dos exemplos atuais mais eloquentes. Maus administradores e parlamentares, ao contrário, são capazes de provocar sequelas duradouras. Daí a relevância de uma decisão racional, consciente e livre neste 6 de outubro nos 497 municípios do Rio Grande do Sul.
Diz-se, de um lado, que os eleitores estão apáticos, desiludidos com a política e com os políticos. De outro, que o excesso de passionalidade de parcela da sociedade e o aferramento incondicional a lideranças carismáticas e ideologias prejudica o diálogo e a formação de consensos. Entre o desânimo e a emocionalidade demasiada, deve prevalecer a razão. No caso, um voto que resulte de uma análise baseada no cotejo de projetos, ideias, posturas e histórico, inclusive ético, dos concorrentes aos Executivos e Legislativos municipais.
O Brasil é ainda uma democracia imberbe. Apenas em 2025 o país chegará aos 40 anos da redemocratização. A marcha do amadurecimento do regime em que todo poder emana do povo, como está inscrito na Constituição, pode estar a transcorrer em um ritmo aquém do que a sociedade deseja. Mas não há caminho fora da perseverança para aperfeiçoá-lo. Para essa tarefa, a eleição é o instrumento legítimo e adequado, por meio da busca por escolher os representantes mais competentes e investidos de espírito público.
A democracia nunca é obra pronta, mas um edifício em constantes reformas empreendidas pelo esforço coletivo dos cidadãos. O voto é a contribuição individual de cada eleitor para esse processo com objetivos comuns, do reforço constante de valores basilares aos aprimoramentos que precisam acompanhar as novas demandas e as transformações da sociedade.
Não são meras teorizações. Os municípios são as menores unidades político-administrativas do país, onde o poder público - prefeitos e vereadores - é cobrado de forma mais direta pela população por serviços essenciais, do posto de saúde ao buraco de rua. É vida real e democracia na veia. Boas e más escolhas, portanto, fazem diferença. Cabe ao eleitor dar o devido valor a esse exercício de cidadania.
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