sábado, 19 de outubro de 2024



19/10/2024 - 18h40min
Henrique Ternus

Posicionamento de Eduardo Leite no segundo turno em Porto Alegre e Pelotas causa reflexos no PT de Caxias. Governador fez acenos a Sebastião Melo (MDB) em Porto Alegre e ainda não se manifestou sobre pleito em Pelotas

Para garantir apoios ao PSDB no segundo turno de Caxias, Eduardo Leite precisa orquestrar posição em outras cidades. O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.

Mesmo fora do pleito, pode-se dizer que o governador Eduardo Leite está no meio de uma encruzilhada. Depois de ter feito acenos favoráveis à candidatura de Sebastião Melo (MDB) em Porto Alegre, contra Maria do Rosário (PT), o PT de Caxias do Sul adiou a reunião do diretório, anteriormente marcada para a noite de quarta-feira (9), para reavaliar qual será seu posicionamento no segundo turno.

Tucano assim como Leite, o prefeito Adiló Didomenico disputa a reeleição em Caxias, mas quase ficou de fora do segundo turno: fez 3 mil votos a mais do que a candidata petista Denise Pessôa. Para impedir a vitória do PL de Maurício Scalco, o PT estava pronto para anunciar o apoio a Adiló, mas a "aproximação pragmática", citada pelo governador sobre Melo, atrasou o anúncio.

Agora, os petistas precisam deliberar sobre a situação municipal e avaliar conjuntamente o cenário estadual. Além do posicionamento em Porto Alegre, a decisão dos tucanos em Pelotas também pode impactar nos planos em Caxias.

Na Zona Sul, o PSDB ficou de fora do segundo turno, que será disputado por Fernando Marroni (PT) e Marciano Perondi (PL). A expectativa no PT é de que os tucanos apoiem Marroni, numa retribuição ao voto crítico dos petistas em Eduardo Leite na disputa pelo Piratini em 2022. A tendência, entretanto, é que o diretório municipal do PSDB libere os votos.

Se Leite mantiver apoio à Melo e não declarar voto em Marroni, será difícil para o PT caxiense recomendar voto no candidato do PSDB, mesmo inexistindo possibilidade de apoio a Scalco. Além das decisões de Leite, os petistas ainda precisam levar em conta a orientação nacional do PT, de ter engajamento pesado contra candidatos da extrema-direita nos municípios em que o partido não tem candidato.

— O que é fato é que vamos ser oposição, o PT não vai compor governo, independentemente do resultado eleitoral. É importante pensar em nível macro, o Eduardo Leite ter aberto voto para o Melo demonstra que o PSDB não tem responsabilidade quando precisa ter. A política do Eduardo Leite é oposta à política do Sebastião Melo em Porto Alegre. O governador do PSDB, por um interesse eleitoral, avilta questões programáticas. Lógico que isso não é determinante para a nossa decisão, mas é importante observar que sempre fomos muito responsáveis, inclusive no governo do Estado — avaliou o vereador do PT em Caxias, Lucas Caregnato.

De acordo com o colunista Ciro Fabres, do Jornal Pioneiro, nova reunião do PT caxiense deve ser marcada para esta sexta-feira (11) ou segunda-feira (14). 

Candidatos mantêm distância da esquerda

Nem Adiló nem Scalco foram receptivos aos votos da esquerda. Os dois candidatos se afastam do PT, afirmando que o voto "é da pessoa, não do partido", ou que "não é momento para ficar com questão ideológica".

— O voto é da pessoa, não do partido, são de pessoas que querem uma cidade melhor, uma mudança, querem que funcione o sistema público. Nós somos a mudança. Temos um plano de governo que pode atender e trabalhar para essas pessoas — declarou Scalco.

— Eleitor não está preocupado com aliança, e sim com o que vai ser feito nos próximos anos. Nós não rejeitamos o voto de ninguém, todo caxiense que quiser apostar em nós é muito bem-vindo. Não é momento pra ficar com questão ideológica, precisamos nos unir, o interesse por Caxias tem que estar acima — afirmou Adiló.

O PDT, que indicou o ex-prefeito Alceu Barbosa Velho como vice na chapa com Denise Pessôa, deve sugerir neutralidade aos filiados. Mesmo assim, o presidente municipal, vereador Rafael Bueno, declarou publicamente voto no candidato do PL, durante sessão da Câmara. Alceu não abriu voto para Scalco, mas disse que não votaria em Adiló.

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