sábado, 26 de outubro de 2024


AMBIENTE

A lista foi capitaneada pela extinta Fundação Zoobotânica (FZB) e hoje é responsabilidade da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) do RS.

Há muitas ameaçadas nas famílias de cactos, bromélias e orquídeas, segundo botânicos. Elas também são alvo de coleta e comércio ilegal. A araucária e os butiás estão igualmente sob grande ameaça, devido à exploração. Além disso, as espécies de campo estão em uma situação vulnerável. Professor do Instituto de Biologia da UFPel, João Iganci destaca, contudo, que a maioria das espécies nunca foi avaliada.

Consequências do atraso

A lista é importante para manter a biodiversidade, a elaboração de políticas públicas e a definição de uso do território, conforme especialistas. Eles reconhecem que a atualização é um processo trabalhoso e demorado, pois envolve conhecimento aprofundado. Quando demora para ocorrer, ocorrem mudanças em categorias e novas descrições ficam de fora, podendo criar vulnerabilidades.

A falta de atualização pode ter impactos na preservação, já que a lista - que pode estar defasada - é usada para licenciamentos ambientais. Outro impacto se dá no delineamento das áreas onde pode ocorrer avanço econômico e das áreas que devem ser preservadas - e desenvolvidas a partir de atividades sustentáveis, como turismo, salienta Iganci.

A sociedade depende da biodiversidade, pois esta presta serviços fundamentais, como a polinização, que depende das plantas e abelhas e impacta as safras, lembra Pedro Maria Ferreira, professor da PUCRS.

As espécies se tornam ameaçadas por fatores naturais, como a restrição de sua ocorrência e a existência de populações muito pequenas e raras; e pela atividade humana, com a redução do habitat e de populações, explica Ferreira. O desmatamento e o descampamento têm muito peso.

- A gente vai degradando cada vez mais a biodiversidade e, cada vez mais, vai haver espécies ameaçadas e extintas - lamenta o professor da PUCRS.

Em sintonia com a ONU

Professor da UFRGS e coordenador do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais, Paulo Brack defende o uso econômico da biodiversidade, que, em sua opinião, vem sendo exportada e mal aproveitada no Brasil. O interesse econômico tem de ser um aliado para a mudança, e não um inimigo, Brack afirma:

- O imediatismo econômico é o problema: se quer ganhar muito dinheiro em curto prazo, e aí se expandem as monoculturas, que são uma das principais ameaças à nossa biodiversidade.

Brack também defende o estabelecimento de metas relacionadas aos objetivos de desenvolvimento sustentável 2030 da ONU, focando no RS - como atualizar com maior frequência as listas, ter listas municipais, aumentar as áreas protegidas, planejar a propagação das espécies e limitar atividades de alto impacto.

Ele lembra que não adianta só listar espécies - é preciso monitorá-las, avaliando ainda a possibilidade de propagá-las. O maior problema, para Ferreira, não é a falta de atualização, mas o não uso da lista para políticas públicas e para a proteção das espécies. _

Fernanda Polo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

09 de Novembro de 2024 MARTHA MEDEIROS Etarismo flexível Na época em que assistia shows inteiros em pé, na pista do estádio, como aconteceu ...

Postagens mais visitadas