
Pacote de Lula ajuda a reduzir tensão
A presença do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, representando o governo federal ao lado do colega Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, na Expointer reduziu em parte a tensão entre os produtores rurais.
Na véspera, o clima era de indignação pela informação de que Fávaro estaria no Amapá, em vez de vir ao Rio Grande do Sul na sexta-feira. Alertado para o prejuízo que a ausência do ministro causaria, o presidente Lula chamou sua equipe para discutir o pacote de ajuda aos agricultores e determinou que os ministros viessem à Expointer.
Do palanque das autoridades, os ministros e demais convidados viram uma cena marcante: coroas de flores e balões pretos representando cada um dos agricultores que se suicidaram nos últimos meses. Os organizadores da manifestação atribuem as mortes à depressão provocada pelo endividamento e pela falta de perspectiva de pagar os financiamentos depois de sucessivos problemas de estiagem e de excesso de chuva.
Fávaro anunciou oficialmente as medidas que a coluna havia adiantado - linhas de crédito subsidiado, com juros de 6% para os pequenos, 8% para os médios e 10% para os grandes produtores, com um ano de carência e pagamento em nove anos.
Quantia extra
O valor é de R$ 12 bilhões, o que significa R$ 2 bilhões a mais do que o valor previsto na véspera por deputados que acompanharam as discussões sobre o conteúdo da medida provisória assinada pelo presidente Lula (leia mais na página 15).
Como na saúde, tudo o que se fizer na agricultura será considerado pouco. As medidas do governo foram consideradas insuficientes, até porque políticos ligados ao agronegócio venderam a ilusão de uma securitização mais ampla, com pagamento em até 20 anos. _
ALIÁS
Apesar das vaias aos ministros Carlos Fávaro e Paulo Teixeira, o governo federal acertou ao mandar os dois representantes à Expointer para anunciar a renegociação das dívidas. A falta de civilidade de uma minoria ruidosa não pode se sobrepor ao interesse público e servir de pretexto para boicotar uma exposição com a história e o peso da Expointer.
Reação de Leite às vaias foi firme, sem esconder a irritação
Acostumado desde o primeiro ano de mandato a surfar na Expointer sem ser incomodado, o governador Eduardo Leite viveu uma situação diferente nesta que deve ser a sua última feira no comando do Piratini - se for candidato em 2026, terá de renunciar no início de abril.
Leite foi vaiado durante todo o seu discurso de seis minutos na abertura da Expointer por produtores rurais - instrumentalizados por políticos de direita, que transformaram a arquibancada ao lado do palanque em arena política.
Em resposta às vaias, Leite falou mais alto do que costuma falar e nos gestos não conseguiu esconder a irritação.
A interlocutores, disse estar incomodado pois sempre ouviu as demandas dos agricultores, anunciou medidas de socorro dentro dos limites de recursos do Estado e apoiou a proposta de utilização de recursos do fundo social para a renegociação das dívidas. _
Julgamento de Bolsonaro foi um não assunto na Expointer
Na semana em que começou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe, havia um temor latente entre os organizadores da Expointer: de que o evento fosse contaminado pela radicalização.
Mas, ao contrário dos anos em que foi candidato ou presidente, não se viram camisetas, bonés, cartazes ou faixas com o nome de Bolsonaro nos cinco dias anteriores à abertura oficial. Era como se em Brasília não estivesse ocorrendo o julgamento do ex-presidente.
Nas rodas de conversas, a política se fez presente, mas com o setor dando sinais de que já assimilou a inelegibilidade de Bolsonaro e que o nome da vez é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas - que foi convidado a vir por Eduardo Leite, mas preferiu concentrar-se em Brasília e trabalhar pelo projeto de anistia. _
Auditora do TCE é convidada para integrar conselho da ONU
A auditora Andréia de Oliveira dos Santos, do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS), foi selecionada para integrar o Conselho de Auditores da ONU - organismo responsável por conduzir auditorias internas nas finanças das entidades das Nações Unidas, incluindo fundos, programas e missões de paz.
A seleção foi conduzida pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em parceria com a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon).
- Sinto-me muito honrada. É a primeira vez que a gente vai ter essa representatividade no cenário internacional - celebra.
A auditora gaúcha estará acompanhada de Gabriela Flávia Ribeiro Mendes, auditora do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM-BA), que também foi selecionada.
O TCE-RS avalia que a participação no Conselho de Auditores da ONU representa um "marco de projeção internacional" para o tribunal, e reforça o "compromisso com a excelência no controle externo". _
Deputados formalizam o que já era prática na Assembleia
A pouco mais de um ano da eleição, sete parlamentares resolveram montar um "bloco de oposição de direita ao governo Eduardo Leite" na Assembleia Legislativa, formalizando o que na prática marca a atuação do grupo desde o início de 2023.
Integram o bloco os deputados Felipe Camozzato (Novo), Cláudio Branchieri (Podemos), Capitão Martim, Delegado Zucco e Gustavo Victorino (Republicanos) e Paparico Bacchi e Kelly Moraes (PL).
O Novo, que antes se declarava independente, virou um apêndice do PL. E o Republicanos se dividiu entre o governo e a oposição - o que não significa que nas futuras votações essa divisão se reproduza sem alteração.
- Não temos pretensão para ser do contra tudo e contra todos, pelo contrário, queremos oferecer uma visão alternativa - declara Camozzato, que vai liderar o grupo.
Batizado de O RS pode mais, o bloco é a materialização de uma aliança que está sendo encaminhada para a eleição de 2026. _
A direção do PSOL esclarece que não aderiu ao movimento liderado pelo ex-governador Tarso Genro para garantir a unidade da esquerda na eleição de 2026.
POLÍTICA E PODER
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