
Respostas capitais - Caito Maia
Fundador da Chilli Beans e da Ótica Chilli Beans, jurado do programa de empreendedorismo "Shark Tank Brasil"
"O mundo não aceita mais marcas vazias"
Um dos maiores empresários do país, Maia também é popular por ser jurado do programa "Shark Tank Brasil". Nesta entrevista, recorda a história da Chilli Beans, destaca a importância do conceito ESG no mercado atual e avalia a polêmica gerada após afirmar que mudaria a moeda usada em negócios com a China.
Antes da Chilli Beans, você fundou a Blue Velvet. Como avalia a importância das lições deixadas?
Ter a experiência da Blue Velvet antes da Chilli Beans foi um baita aprendizado. A Chilli já veio com um outro olhar. Entendi que uma marca forte e relevante é o que faz a diferença. Se naquele momento lá atrás eu não tivesse tido dificuldades, não aprenderia essa lição na marra, e a Chilli Beans talvez nem existisse como a gente conhece hoje. Passar por obstáculos não é só inevitável no empreendedorismo, é fundamental para o crescimento da gente. É assim que nasce resiliência, criatividade e humildade para construir algo com propósito.
Como você explica, hoje, o sucesso da Chilli Beans?
O caminho que fez a Chilli Beans decolar foi bem certeiro: diversidade, acessibilidade e criatividade. Misturamos música, moda, arte e estilo num produto acessível e com design. Contamos histórias, lançamos coleções com frequência e trazemos marcas e personagens da cultura pop que o público ama.
A Chilli Beans também é conhecida pelas franquias. Na sua visão, quais são as principais vantagens ao se investir nesse modelo?
O modelo de franquia foi um acelerador do nosso crescimento, nos permitiu escalar a marca para vários pontos do Brasil. O nosso país é um dos mais avançados do mundo no mercado de franquias, temos uma legislação forte, a ABF (Associação Brasileira de Franchising) é uma entidade sensacional e o brasileiro tem a veia empreendedora. É uma das formas seguras de entrar no empreendedorismo: você não está sozinho, tem apoio e um caminho já validado, diminuindo os riscos de empreender.
Como você avalia a importância atual da conexão de empresas e marcas como conceito ESG?
Hoje, o mundo não aceita mais marcas vazias. ESG não é modinha: é obrigação. Há alguns anos, fomos para a China desenvolver materiais ecológicos e hoje somos uma das marcas de óculos mais sustentáveis do mundo. Incorporamos a linha Eco em várias coleções, com modelos feitos de capim-prado, plástico retirado do fundo do mar e materiais biodegradáveis. Nosso modelo de contêiner, o Eco Chilli, também é feito de material reciclado e movido a energia solar.
Você também ganhou popularidade por ser jurado do "Shark Tank Brasil". Como avalia a experiência?
Entrar no Shark Tank foi uma curva de aprendizado. Conheci gente com brilho no olho, ideias sensacionais e pude contribuir para além do capital. Retornar na 10ª temporada dá um gás para fomentar o empreendedorismo acessível e real.
Quais são os principais negócios que você mantém no Rio Grande do Sul atualmente?
O mercado do Rio Grande do Sul é um dos maiores para a gente. Já temos 65 pontos de venda no Estado, 35 da Chilli Beans e 30 da Ótica Chilli Beans, e o plano é ampliar essa rede. O consumidor gaúcho é um dos mais antenados do Brasil e adora novidades, ao mesmo tempo em que é bastante exigente. Inclusive, isso nos permite lançar novidades e fazer projetos-piloto no Estado. Já estive em centenas de cidades por aí, visitando lojas e palestrando em eventos. Adoro a energia do povo gaúcho.
Como foi o processo de decisão para deixar de usar dólares nos negócios da Chilli Beans com a China?
Identificamos uma oportunidade de reduzir custos de importação e evitar que os produtos chegassem mais caros ao consumidor. Se não tivéssemos tomado essa decisão, haveria impacto direto na margem e na inflação dos preços. Quero reforçar que não se trata de questão política, mas de gestão de negócio. Olhamos para aquilo que está no nosso controle: custo, logística e operação. E encontramos um caminho que faz sentido para a Chilli Beans.
Colaborou Mathias Boni - GPS DA ECONOMIA
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