
Pessoas que despertam o seu pior. Há pessoas que despertam o nosso pior. Não há compatibilidade. Não há pontos em comum. Não há como nos adaptarmos ou cedermos.
Elas podem ser sociáveis, simpáticas, divertidas para os demais - não para nós. Com a convivência, vêm à tona comportamentos desagradáveis. Você não estará seguro com elas. Nem todas as pessoas são para nós. Precisamos ficar perto das figuras que nos garantem paz, tranquilidade, firmeza.
A confiança é uma construção. Como obtê-la com um duvidoso aliado, que anseia pelo aniquilamento do seu amor-próprio? Não tem lógica entrar numa relação para bater a cabeça na parede. Você vai se estressar acreditando que um dia será diferente.
Você nunca foi ciumento na vida, nunca padeceu de possessividade, nunca se mostrou tenso com o paradeiro de ninguém e, subitamente, envolve-se e é tomado de apreensão dos pés ao último fio dos cabelos. É que o seu par gera ciuminho de propósito, por qualquer coisa. Quer que você sofra. O prazer dele é ver você indo atrás, questionando, perguntando, cobrando, esmolando atenção.
Ele inventa ciladas, abusa de ambiguidades. Jamais diz com quem conversa. Ou para quem mandou mensagem de madrugada. Ou que contato é aquele com quem não para de rir.
Você vira uma companhia tóxica. Uma companhia paranoica. Uma companhia fantasma, temendo ameaças nas situações mais banais. O outro compreende a preocupação como prova de amor - e confunde o ciúme com importância. Percebe sua curiosidade e tira proveito, causando pânico gratuito e infundado.
De modo premeditado, planta boatos sobre si mesmo e depois alega que não há perigo algum. Em vez de acalmar e fechar as portas preventivamente, cria cenas e intrigas. Incentiva a desinformação para em seguida apontar o seu exagero, o seu delírio. O objetivo da sedução generalizada é que você perca a noção da realidade, e puxe as iscas da suspeita para morrer pela boca.
Com as pistas falsas, você fracassará na previsão. O jogo é este: você é induzido a fazer suposições equivocadas, só para ser deslegitimado, ridicularizado e diminuído: "Tá vendo? Você está louco!".
Seu parceiro não é franco, não é direto, provoca mistério e suspense sobre suas atividades. O ciúme acaba sendo uma arma de dominação, de exploração, de dependência. Se você sente ciúme, é porque tem medo. Se tem medo, fará tudo para agradar. Estará no fiado da existência, sempre acessível, disponível, gastando horas para fiscalizar e vigiar quem você ama.
Não resta nenhum bem-estar emocional. Não predominam clareza nas confidências, cuidado na amizade, didática na cumplicidade, sintonia na rotina. E o que adianta um romance que suga todas as suas energias, todas as suas forças - e não sobra nada para a família, para o trabalho, para o lazer?
Você está possuído por uma ideia fixa. Está sempre se achando traído. Você só se dedica ao relacionamento, a manter o relacionamento. Experimenta um desespero mental e uma agonia parasitária.
Não devemos permanecer ao lado de quem nos deixa mais ansiosos, mais nervosos, mais angustiados. É uma presença maligna que estimulará a sua versão mais triste, mais feia, mais desajeitada.
Você não se considerará bonito, nem atraente, nem inteligente junto dela. Concluirá que há muito tempo não se gosta mais. Sua carência será torturada, seus defeitos acentuados, seus monstros acordados. Se você já guarda antecedentes de engano, ou traumas de infidelidade, corre sérios riscos de adoecimento.
Amores extremados nos levam ao precipício. Não procure alguém que dê frio na barriga, mas alguém que o respeite e o aqueça.
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