
Biblioteca na palma da mão
Kindles, leitores de livros digitais portáteis, passaram a ser disponibilizados para o público na Biblioteca Municipal Rui Barbosa, em Esteio, por meio de um projeto da prefeitura. A ação busca incentivar o hábito da leitura dos moradores do município, que podem ficar até 10 dias com o dispositivo
Um único aparelho virou guardião de diversos títulos que antes eram encontrados apenas nas prateleiras da Biblioteca Municipal Rui Barbosa, em Esteio, na Região Metropolitana. A nova aquisição do município são os Kindles, leitores de livros digitais portáteis. O projeto chamado Biblioteca na Palma da Mão estreou na cidade na última semana de agosto.
Com o objetivo de aumentar a frequência e a participação de jovens na cultura e modernizar a disponibilidade de leitura para a comunidade, o projeto surgiu como uma meta de renovação da biblioteca. A ação é destinada a moradores do município, que podem ficar por 10 dias com os aparelhos (detalhes ao lado).
O secretário de Cultura, Brayon Marques, conta que havia uma movimentação para que fosse criada uma iniciativa tecnológica para o espaço e que, após muitas pesquisas, surgiu a ideia de incluir um dispositivo de leitura dentro do plano:
- Começamos disponibilizando computadores para pesquisas, fizemos uma área kids com televisões e essa modernização. Dialogamos e pensamos em disponibilizar leitores de livros digitais, mas, com essas pesquisas, acabamos não achando isso em outros lugares. Então, pensamos que seria uma ideia inovadora.
Tendência
Brayon destaca que, a partir da definição do aparelho, foi realizado processo licitatório, e a empresa selecionada ofertou o dispositivo da marca Kindle, da Amazon. Ele comenta que a tecnologia comanda as tendências atualmente e que sua inserção em espaços públicos pode reaproximar a comunidade jovem dos espaços culturais para além da biblioteca, que fica junto à Casa de Cultura Lufredina Araújo Gaya.
- A ideia de retorno é que possamos trazer um novo público para dentro da Casa de Cultura, que seja um incentivo e que isso traga uma cidade melhor para todos - relata o secretário. _
*Produção: Josyane Cardozo
Uma porta de entrada
No comando diário do espaço em Esteio, a bibliotecária Flávia Petterson, 46 anos, está se adaptando à nova fase de empréstimo de livros.
Ela encara a iniciativa como uma "porta de entrada" para que um novo público se torne frequentador do espaço. Flávia relembra que o leitor digital foi escolhido por possuir uma série de vantagens, sendo a principal delas a acessibilidade.
A bibliotecária destaca que o aparelho possui um sistema de personalização que permite que o usuário altere a forma da fonte das letras, a iluminação, além de ser um dispositivo leve e de fácil transporte. A biblioteca adquiriu 10 aparelhos.
No momento, diz Flávia, a novidade está sendo buscada por adolescentes que, segundo ela, possuem mais afinidade com a tecnologia.
O público mais velho ainda realiza um consumo mais conservador ao buscar por livros físicos, mantendo uma "resistência a entender como funciona".
Quanto à usabilidade do aparelho, a organização da biblioteca está buscando alternativas, como oficinas que promovam o incentivo do uso dos Kindles:
- O público ainda não tem esse costume de lidar com tecnologia. A gente vê o uso do telefone para tudo, mas ainda há limitações. No Kindle, é tudo novo. Ainda temos pessoas mais tímidas com a navegabilidade, e ensinar será uma forma de incentivo do serviço.
Ampliação do acervo
O próximo passo é ampliar o acervo, que atualmente possui 25 livros digitais, e trazer mais obras de interesse da comunidade. Os títulos no catálogo digital contam com autores de literatura e obras pedagógicas. Flávia afirma que o acervo continua em processo de curadoria e estudo para entender o gosto dos leitores. _
Nova leitora
O primeiro empréstimo do leitor digital ocorreu em 12 de setembro e foi feito pela estudante Luiza Coitinho Nunes, 16 anos. Acompanhada de sua mãe, a aluna do 2º ano do Ensino Médio foi até a biblioteca e usou pela primeira vez o dispositivo. Ela conta que soube que o espaço realizaria os empréstimos e ficou animada:
- É algo moderno, chama muito a atenção da nossa geração. Eu fiquei feliz em saber que fui a primeira a retirar, porque, de certa forma, representa exatamente o objetivo do projeto. Aproximar a leitura dos jovens e mostrar que ela pode, sim, ser algo prazeroso.
Luiza comenta que o lado positivo de usar o dispositivo é a praticidade. Quando descobriu quantos livros poderia carregar na palma de sua mão, descreveu o momento como "uma experiência totalmente diferente" e que ficou com vontade de poder explorar cada vez mais o aparelho.
Maior alcance
- Acredito que, quanto mais jovens tiverem acesso a esse tipo de oportunidade, mais leitores apaixonados vão surgir. E espero de verdade que esse projeto cresça cada vez mais e alcance muitas pessoas - descreve a estudante.
Para poder retirar o Kindle, Luiza precisou da ajuda da mãe, Maria Alice da Silva Coitinho, 68 anos. A aposentada gostou da ideia de a filha levar o aparelho para casa. Ela comenta que percebe que os jovens possuem muitas distrações e acabam se afastando da leitura.
- O projeto vem para despertar novamente esse gosto pelos livros. Eu vejo, pela minha filha, o quanto ela ficou empolgada em ter o Kindle nas mãos, parece que abre uma porta - diz a mãe.
"Transformar o futuro"
Um ponto que Maria Alice destaca é que muitos jovens têm a vontade de ler, porém, não têm recursos financeiros ou direcionamento para começar, e que a iniciativa traz a acessibilidade e o atrativo para atingir a comunidade adolescente. Para a aposentada, o projeto de Esteio "pode transformar o futuro de muitos, pois o hábito da leitura se leva para a vida toda".
Nenhum comentário:
Postar um comentário