
A Expointer da sustentabilidade
Se o agro e os humores do clima já eram temas inseparáveis, os eventos extremos que vêm acometendo o RS nos últimos anos tornaram essa relação ainda mais evidente. O produtor rural gaúcho sofre pelos dois lados - com a falta e com o excesso de chuva.
Os efeitos do aquecimento global prejudicam a produção e aumentam os custos, encarecendo o preço final, que é sentido no bolso de todos nós, principalmente nos supermercados.
Por isso, no início de mais uma Expointer, é importante destacar o papel do agronegócio como parte fundamental da solução diante do desafio das mudanças climáticas. Se em muitos campos políticos a polarização é fenômeno recente, no campo a dualidade agronegócio x ambientalismo é antiga. Felizmente, essas rusgas, hoje, limitam-se a pequenos nichos. Quase nenhum produtor rural nega os efeitos climáticos, assim como poucos ambientalistas defendem o ambiente sem incluir o homem do campo no debate. Ano passado, houve a maior tragédia climática do Estado, e, mesmo assim, a feira foi realizada. Agora, é hora de dar novo impulso.
A Expointer é mais do que o Freio de Ouro, a exposição e a premiação de animais. É da agricultura familiar, das máquinas e dos negócios. Mas é um momento de debater pesquisas, compartilhar conhecimentos e reafirmar compromissos com a sustentabilidade. _
Melo vai à COP30
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, confirmou participação na COP30. A presença estava em avaliação devido aos altos custos de hospedagem em Belém (PA).
A comitiva ficará em um apartamento de Airbnb, com diária de R$ 7 mil. A vantagem é a capacidade de acomodar até seis pessoas, permitindo dividir o custo.
O valor da diária por pessoa ficará em aproximadamente R$ 1,1 mil. Esse valor supera o limite de R$ 800 estabelecido pela prefeitura para eventos nacionais. No entanto, como a COP30 é um evento internacional, a gestão entende ser possível aumentar para até R$ 2,5 mil, valor que será ultrapassado com a hospedagem coletiva.
A comitiva ficará em Belém de 9 a 15 de novembro. _
A COLUNA ERROU
A China ultrapassou os Estados Unidos em PIB por paridade de poder de compra, e não em PIB per capita, conforme informamos na edição de sexta-feira. _
Entrevista - Marcelo Gleiser - Físico e astrônomo brasileiro
"A natureza é mais poderosa do que qualquer solução tecnológica"
Marcelo Gleiser fará palestra de encerramento do 16º Congresso Estadual da Magistratura, da Ajuris, entre 17 e 19, em Garibaldi. No dia 22, às 10h, fará a palestra "Reconstruir e reencantar: ciência, consciência e o cuidado com a vida". O evento, do Instituto Cidadania Cabanellos, será aberto ao público, no prédio 40 da PUCRS, na Capital.
O que é mais importante: ação coletiva ou ação individual na pauta da sustentabilidade?
Há um problema que chamamos de dissonância cognitiva. O indivíduo, em geral, acha que é muito pequeno para fazer diferença. "Quem sou eu para tomar uma atitude e começar a cuidar das minhas emissões, quando a minha participação nesse processo é tão mínima?". As pessoas desistem antes de começar, e isso para mim é um problema seríssimo. Porque eu acredito em democracia. Acredito na pressão para que os governos também façam alguma coisa, adotem medidas. Você faz a sua reciclagem de lixo, usa menos água, menos energia, usa mais transporte público. Chamo de "a doutrina do menos": menos lixo, menos energia, menos água, menos carro e menos energia. Por que isso é importante? Porque a pessoa, então, fala: "Estou fazendo o meu papel". As pessoas da família podem se mobilizar. Como os governos não estão fazendo muito, acredito muito na força das pessoas.
Qual é o papel das empresas?
Essa é parte desse projeto que começamos aqui na Toscana. Estou extremamente surpreso com o interesse das lideranças brasileiras nesse tipo de conversa. Quando falamos sobre isso, não temos aquela coisa evangélica: "Vocês têm de fazer isso". Algo do tipo alarmista, distópico. Ninguém vai mudar de opinião. Vão começar a mudar de opinião não é só com a cabeça, mas com o coração. A emoção é que gera esse tipo de transformação, de atitude no âmbito pessoal e de liderança corporativa. As pessoas vêm aqui e recebem um tratamento tanto emocional quanto racional. O líder empresarial precisa entender o impacto ambiental que pode ter no processo decisório. É por isso que estamos investindo tanto nessas conversas com lideranças empresariais. O líder sai mexido pessoalmente. Isso gera a transformação que queremos.
É possível conciliar a ciência e a espiritualidade?
A ciência continua sendo objetiva sempre. O que difere a ciência de uma fé é que existe uma objetividade concreta na ciência baseada no processo de validação empírica. Quando as pessoas, no Brasil, falam sobre espiritualidade, começam a achar que é coisa de alma, de espírito, de sobrenatural. Aqui, não estamos falando de nada disso. A ideia é uma espiritualidade ligada com a compreensão de que somos parte de um processo natural muito maior. Não tem a ver com Deus ou deuses. É um processo de pertencimento ao mundo natural. A natureza é muito mais poderosa do que qualquer tipo de solução tecnológica que possamos ter. A tecnologia auxilia, mas ela não resolve. O que resolve é uma mudança de mindset, de ideologia. E é essa mudança que eu estou pregando. Estou propondo o que eu chamo de espiritualidade secular, completamente desvinculada de qualquer tipo de religião. _
INFORME ESPECIAL
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